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Análise: Samba de Amigo: Party Central (Switch) oferece diversão musical ao transformar os Joy-Con em maracas

Dance com o carismático macaquinho da SEGA neste divertido e colorido jogo rítmico.

A franquia Samba de Amigo está longe de ser o principal carro-chefe da SEGA; porém, é inegável que o carisma do protagonista Amigo conquistou admiradores em consoles como o Dreamcast e Wii. Agora, no Switch, Samba de Amigo: Party Central surge com o objetivo de angariar novos fãs ao som de grandes sucessos do mundo pop. Apesar de algumas imprecisões em sua gameplay, o título cumpre o seu papel e providencia uma colorida festa de arromba no console da Nintendo.

A essência da festa que chegou ao Switch

A fórmula de Samba de Amigo é simples e já conhecida do público: com os controles em mãos, os jogadores devem reproduzir movimentos de dança, que aparecem na tela conforme a canção se desenvolve. Nesse sentido, é preciso ter atenção para acertar o momento exato e ganhar uma pontuação extra, que ao ser somada forma um ranking de classificação geral.



Em termos de estilos de jogatina, a mais tradicional é o Rhythm Game, um modo arcade no qual podemos escolher livremente a canção que desejamos dançar. Além da presença de quatro níveis de dificuldade, que podem se tornar extremamente desafiadores, temos uma interessante variedade de músicas disponíveis: até agora, são mais de 40 canções dos mais variados gêneros, mas tudo indica que o jogo receberá novos conteúdos por meio de DLCs, como é o caso do Japanese Music Pack, lançado recentemente.

É também no Rhythm Game que encontramos a verdadeira essência de Party Central: balançar o esqueleto para conquistar pontuações elevadas. Sinto-me seguro em dizer que a jogabilidade é divertida, sobretudo quando estamos dançando de forma casual. Durante as canções, além dos movimentos e poses exigidas, surgem aleatoriamente pequenos minigames que são hilários, nos quais temos que cumprimentar personagens, rebater bolas, correr tão rápido quanto o Sonic e afins.


Além dos controles de movimento, que felizmente também podem ser executados no modo semiportátil do Switch, contamos com a possibilidade de jogar com os botões do Joy-Con. Neste caso, os direcionais controlam os movimentos do lado esquerdo, enquanto os botões X, A e B representam o lado direito, em uma combinação que remete a franquias como Guitar Hero e Rock Band. Apesar deste ser um bom recurso para quando queremos jogar no modo portátil, é preciso ressaltar que a diversão diminui consideravelmente em comparação ao estilo original de jogatina.

Bailando com o(s) Amigo(s)

Além do formato arcade, Samba de Amigo: Party Central possui uma interessante variedade de modos de jogo. Um dos mais divertidos é o World Party, que é considerado uma novidade na franquia. Nele, nos conectamos em uma sala online que reúne 20 jogadores e dançamos para decidir o melhor competidor. Assim, o modo se divide em três fases e, como numa disputa de sobrevivência, podemos eliminar outros jogadores e inclusive usar itens para melhorar nossa pontuação.



Um dos méritos deste modo, para além da sua diversão, é a boa conexão online no Switch, com pouco lag e uma gameplay fluida. Isso também ocorre no outro formato de disputas via internet, o Online Play, que permite criar ou procurar salas de amigos, por meio de códigos numéricos disponibilizados.

Quando se trata de diversão presencial, o Party for Two é um modo de gameplay local que se divide nas categorias Rhythm Game, com partidas casuais no estilo arcade; Love Checker, na qual os dançarinos devem coordenar seus movimentos e são avaliados de acordo com a sua sincronia; Show Down, com disputas para decidir o melhor dançarino; e o Mini Rhythm Games, que reúne divertidos mini games.



Já o StreamiGo! é um novo modo single-player no qual assumimos o papel de um influenciador digital que deve dançar para conquistar novos seguidores. Isso implica em executar pequenas missões que são concluídas conforme atingimos metas de pontuação e realizamos certas combinações de movimentos. De certa forma, esse criativo formato assume a ausência de um modo história, uma vez que conhecemos novos personagens e nos mantemos envolvidos na viciante tarefa de completar missões, derrotar chefões e ganhar novos followers.

Somando-se a essa conjuntura, Samba de Amigo: Party Central possui um vasto conteúdo de colecionáveis que podem ser desbloqueados com a moeda corrente do jogo e seu sistema de níveis. Assim, podemos comprar roupas, acessórios, maracas e outros itens temáticos com personagens clássicos da franquia Samba de Amigo e da SEGA, como AiAi, Sonic, Tails e companhia. Essa variedade de conteúdo, enfim, é uma das grandes qualidades do título, que possui robustez em suas proposta e se destaca principalmente nos modos StreamiGo! e World Party, que são extremamente divertidos e envolventes.


Passos equivocados nas coloridas pistas de dança

A despeito das notáveis qualidades do novo lançamento da série Samba de Amigo no Switch, é preciso reconhecer que algumas imperfeições podem comprometer o nosso desempenho, especialmente se você é um jogador competitivo que deseja obter as maiores pontuações e atingir o topo do ranking. Essas frustrações podem ocorrer por alguns motivos, sendo o principal deles as eventuais imprecisões dos controles de movimento.



Acontece que nem sempre o jogo consegue reconhecer devidamente os nossos passos, causando frustrantes erros ao imputar alturas ou lados não desejados. Enquanto isso, quando abrimos mão dos sensores de movimentos, a jogabilidade com os botões é frequentemente mais complexa, uma vez que o jogo não foi planejado para ser encarado dessa forma, exigindo uma agilidade absurda e tornando os desafios mais severos.

Outro fator que pode prejudicar a gameplay está nas interfaces poluídas do jogo. Às vezes, torna-se complexo identificar quais serão os próximos movimentos e poses que teremos que realizar, pois as telas estão cheias de elementos e cores, frequentemente causando confusão.



No modo World Party, por exemplo, é complicado entender tudo que está acontecendo na tela, prejudicando, inclusive, a nossa percepção de quais itens podem ser momentaneamente usados. Isso é uma lástima, pois o título, no geral, é visualmente agradável, com personagens engraçados, estágios vibrantes e muitas cores nas pistas de dança.

Dentro do grande leque de conceitos do jogo, outros dois detalhes me incomodaram. O primeiro deles é o fato de que o título se inicia com uma breve cena cinematográfica que nos conta que somos um herói escolhido que deve salvar o mundo com o uso maracas lendárias, as quais são capazes de trazer a dança de volta ao universo.

O problema, porém, é que essa história apresentada não é retomada em nenhum outro momento do jogo, limitando-se a isso. É estranho, pois, no início, há a impressão de que teremos uma campanha principal tratando sobre esses eventos, que estranhamente nunca mais são mencionados.

Enquanto isso, o segundo conceito que pessoalmente me causou estranheza é a relativa ausência de canções latinas na playlist do jogo, sobretudo em termos de sambas e outros gêneros americanos. Isto é, se você seguiu o título ao pé da letra e, de fato, está buscando dançar samba na companhia de Amigo, saiba que Party Central praticamente só apresenta esse gênero em seu nome, formando uma lacuna em sua soundtrack, que inclusive conta com trilhas sonoras de jogos como Sonic Adventure 2 (SD) e Sonic Forces (Switch).



Uma diversão festiva e casual

A festa de Samba de Amigo: Party Central até chega a sofrer com alguns deslizes, como a instabilidade dos controles e a ausência de continuidade em seu núcleo narrativo. No entanto, esses fatores não representam uma ausência de diversão propriamente dito. Com propostas atraentes e muita alegria musical, o título merece uma chance para aqueles que desejam reunir os amigos ou simplesmente dançar até o chão, com a incrível capacidade de transformar os Joy-Con nas maracas icônicas da mascote Amigo.

Prós

  • A tradicional e colorida fórmula da série segue divertida;
  • Boa variedade de modos de jogo, com destaque para StreamiGo! e World Party;
  • As disputas online são intensas e com poucos problemas de conexão;
  • Possibilidade de jogar com os controles de movimento ou com os botões;
  • Bastante conteúdo para desbloquear dentro do sistema de progressão;
  • Visuais alegres, como de costume na série.

Contras

  • Os controles muitas vezes são pouco responsivos;
  • Ao que tudo indica, novas músicas serão adicionadas somente por DLCs pagos;
  • Em alguns modos de jogo, a caótica interface visual se torna poluída e dificulta a compreensão;
  • Na cutscene inicial, o título apresenta um enredo que não é desenvolvido;
  • Ironicamente, sem samba e com poucas canções latinas no geral. 
Samba de Amigo: Party Central — Switch — Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela SEGA

Jornalista, colaborador no Nintendo Blast e doutorando em Comunicação Social.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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