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Análise: Borderlands 3: Edição Ultimate (Switch) é uma competente adaptação que não deve ser ignorada

O terceiro título da viciante série chega em boa forma ao console da Nintendo.

em 30/10/2023
Uma das franquias que mais fizeram sucesso na sétima geração sem dúvidas foi Borderlands. A série que misturou visuais cartunizados com ótima jogabilidade FPS, humor ácido e diversos elementos de RPG não demorou a cair na graça dos jogadores, tornando-se uma das principais referências no PS3 e Xbox 360 quando o assunto era diversão coop local ou online nesses consoles.




Os nintendistas, por sua vez, tiveram a chance de finalmente entrar na brincadeira com Borderlands Legendary Collection, um pacote completo que, apesar dos anos de espera, entregou os três primeiros jogos da saga com ótima — quase surpreendente — performance no Switch. Borderlands 3: Edição Ultimate, a estrela desta matéria, continua esta tradição, trazendo a aventura mais complexa da série para o console da Nintendo em um port competente e que não deve ser ignorado por fãs do gênero. Confira a seguir a nossa análise!

Fronteiras perigosas 

Lançado originalmente em 2019 para PlayStation 4, Xbox One e PC, Borderlands 3 é, na verdade, o quarto título da franquia, passando-se após os eventos de Borderlands 2 e seu DLC Commander Lilith & The Fight for Sanctuary, que revelaram a existência de diversas Arcas espalhadas pela galáxia, não apenas em Pandora.

No comando dos Saqueadores (e ameaçada por um novo grupo de fanáticos, chamado de Filhos da Arca), Lilith busca novos aliados para a corrida em busca dos artefatos alienígenas. A premissa simples é a responsável pela introdução dos quatro novos protagonistas desta sequência: Amara, a Siren; FL4K, o robô consciente; Zane, o assassino; e Moze, o atirador.

Uma das grandes novidades de Borderlands 3 é que os personagens não possuem apenas uma, mas sim três árvores próprias de habilidades, criando ainda mais possibilidades para a montagem das builds conforme se acumula experiência no jogo. Está arrependido dos pontos investidos e gostaria de testar outra distribuição? Sem problemas, é só interagir com o computador no Santuário para, por uma porção dos seus créditos, poder experimentar novas criações quantas vezes quiser.

Acredite: juntamente com a imensa variedade de armas, essa liberdade é muito bem-vinda e até mesmo necessária para superar os novos vilões do jogo: os irmãos Tyreen e Troy, que assumem o pesado legado de Handsome Jack e, seguindo o manual da série, controlarão um exército de inimigos psicopatas, mas carismáticos, contra o jogador.

Uma mistura de gêneros divertida e viciante

Caso você nunca tenha se aventurado em um Borderlands anteriormente, Borderlands 3 é um bom ponto de partida — há, logicamente, referências concretas aos seus predecessores (e o retorno de símbolos como Moxxi e Marcus), mas sua história consegue entreter e se resolver bem independente delas.

Paralelamente, a maior virtude da série está em sua jogabilidade, que mistura diversos gêneros e influências e, ainda assim, consegue entregar um pacote coeso.

Se enfrentar hordas de inimigos já é divertido por si só com as ótimas mecânicas de tiro encontradas aqui (outra novidade implementada neste terceiro título é a opção de deslizar rapidamente pelo campo de batalha), a quantidade de armas e o sistema de raridade só aumentam a expectativa por novos confrontos, na esperança de que, entre o loot da vitória, esteja o próximo equipamento ideal.

De fato, entre diferentes partes, peças e fabricantes fictícios, são tantas variações possíveis que o mote de “um bilhão de armas” — usado na época do lançamento original do jogo — é verdadeiro, apesar de até hoje soar meio absurdo. 

Assim, na prática, mesmo que você e um amigo estejam na mesma parte do jogo, seus arsenais podem ser completamente diferentes. Juntamente com as três árvores de talentos de cada personagem, esse fato abre margem para a aventura de Lilith e os novos Caça-Arcas ser quase infinitamente “rejogável” (um feito que não deve nunca ser menosprezado em algo que não seja um roguelite).

Considerando que Borderlands 3 também abraça de vez o formato de mundo aberto, completo com sidequests e inúmeros segredos, há muito a ser desvendado nos planetas que serão visitados durante a aventura. Sem falar nas melhorias no New Game Plus, na introdução do modo Caos e em outras bem-vindas surpresas que só são reveladas quando se fecha a campanha pela primeira vez… Certamente este é o melhor jogo da série até o momento.

Perfeito (ou quase isso) no Switch

Agora, sendo Borderlands 3 um jogo diversas vezes mais complexo que seus antecessores, havia uma natural preocupação sobre sua adaptação para o Switch, cujo hardware tem mostrado com cada vez mais frequência os sinais do tempo. 

Felizmente, o que temos aqui é uma rendição competente que, apesar do downgrade gráfico em relação às versões da atual geração, mantém-se reconhecível e praticamente intacta. Apesar da taxa de quadros por segundo não ser fixa, ela se mantém estável tanto no modo portátil quanto no modo TV do console, provendo uma experiência agradável mesmo quando muitas coisas estão acontecendo na tela ao mesmo tempo.

Logicamente, há compromissos além dos visuais: o modo foto não está presente e não há suporte ao coop em tela dividida na versão nintendista — se você quiser experimentar o multiplayer local ou online, cada jogador precisará do seu próprio Switch e cópia do título. 

Os grupos (parties) também tiveram seu tamanho máximo de quatro jogadores reduzido para dois, provavelmente para aliviar a carga no processador do console. Este é talvez o grande ponto negativo deste pacote, pois Borderlands sempre foi sinônimo de multiplayer, e a impressão é de que não é possível aproveitar essa característica da série ao máximo com esta versão.

Por outro lado, mesmo anos depois do lançamento do Switch, ainda é surpreendente ver um título desta magnitude rodando em um dispositivo híbrido e podendo ser aproveitado em qualquer local, como longe de casa e no transporte público. Essa é uma função que nenhum outro console atual pode oferecer e que, francamente, deve ser levada em conta na hora de escolher a plataforma para aproveitar Borderlands 3 (é uma pena que salvamentos cruzados e cross-play não sejam opções aqui).

Também é preciso mencionar que esta Edição Ultimate inclui todo o conteúdo já lançado via DLC para o jogo base, como as campanhas adicionais Moxxi Assaltando o Jackpot Bonitão; Armas, Amor e Tentáculos; e Recompensa de Sangue, além de mais de 30 pacotes cosméticos, representando uma bela economia no fim das contas. 

Por fim, assim como nas outras plataformas, todo o conteúdo está localizado em português brasileiro, demonstrando respeito para com o nosso público e evitando que seja necessário aprender outra língua para entender as (boas) piadas e referências que já são característica da série. 

O caos nas suas mãos, pela terceira (e mais insana) vez

Borderlands 3: Edição Ultimate entra com sucesso para a lista de adaptações improváveis — mas muito bem-vindas — para o console da Nintendo. Mesmo com o inevitável downgrade gráfico, todo o caos e insanidade da série da 2K continuam presentes e viciantes nesta versão, que comprova que entre armas, psicopatas e piadas duvidosas, o maior pecado é não se envolver. Recomendado!

Prós

  • Derrotar hordas de inimigos em busca do melhor loot possível é divertido e viciante;
  • Altíssimo fator replay;
  • História divertida que acolhe tanto novatos quanto veteranos da série;
  • Adaptação competente e estável em termos técnicos;
  • Todos os DLCs já lançados para o jogo base estão inclusos no pacote;
  • Suporte a português brasileiro;
  • O melhor Borderlands até agora se faz presente no Switch.

Contras

  • Ausência de modo foto;
  • Ausência de tela dividida;
  • Multiplayer limitado a dois jogadores simultâneos;
  • Poderia contar com cross-play e cross-save.
Borderlands 3: Edição Ultimate — PC/PS5/XSX/Switch — Nota: 9.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Vitor Tibério
Análise produzida com cópia digital cedida pela Take-Two Interactive

é bacharel em Produção Cultural pela UFF e estudante de Comunicação Social pela FSMA. Na infância, ganhou um Super Nintendo dos pais e, desde então, nunca mais deixou o mundo dos games. Ainda sonha em ser um Mestre Pokémon.
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