Jogamos

Análise: 9 Years of Shadows (Switch) une cores, musicalidade e ação em um ótimo metroidvania

Triunfe sobre as sombras e restaure a cor do mundo neste ótimo indie.

9 Years of Shadows
é o título de estreia do estúdio independente Halberd Studios. Lançado no início de 2023 para PC, este elogiado metroidvania finalmente chega ao Nintendo Switch e, graças a um port competente e uma aventura carismática, consegue se destacar entre os vários jogos do gênero no console.

A esperança em meio às sombras

Nove anos atrás, uma maldição se espalhou no mundo em que se passa o jogo. As cores sumiram e, em seus lugares, restaram tristezas e aflições. Os que tentaram resistir foram consumidos e, para piorar, ninguém sabe exatamente como essa tragédia ocorreu e por que ela continua se expandindo.

Europa, a nossa protagonista, é uma jovem que perdeu seus pais para a escuridão. Abalada pelo fato, ela decide dedicar sua vida a encerrar esse pesadelo, rumando ao castelo onde, segundo os rumores, a maldição se formou.

O grande problema é que ninguém que entrou nesse castelo no passado foi visto novamente, mas, depois de nove anos de treinamento, Europa está pronta para colocar sua própria vida em risco — até porque não lhe resta mais nada nesse mundo. 

Caberá então ao jogador acompanhá-la nessa jornada pessoal e garantir que a escuridão seja encerrada de uma vez por todas. Pronto para o desafio?

A jornada pelo castelo interior

Pouco tempo após entrar na estrutura misteriosa, Europa é atacada por uma criatura sombria, aparentemente imortal. Praticamente à beira da morte, ela é salva por Apino, um ursinho de pelúcia mágico cujos poderes são capazes de restaurar as cores dos objetos ao redor.

Juntos, Europa e Apino decidem então continuar sua jornada pelo castelo, buscando encontrar a raiz da maldição e solucionar o problema definitivamente. A relação entre os dois heróis, porém, não fica somente no campo da narrativa, e acaba sendo crucial para a jogabilidade do título.

Isso porque, enquanto a guerreira possui uma alabarda para o combate a curta distância, Apino é capaz de disparar projéteis de energia, capazes de acertar inimigos e objetos que estejam distantes. 

Tais disparos, no entanto, consomem uma barra de energia que também funciona como defesa para Aurora, estabelecendo uma interessante dinâmica de risco e recompensa. 

Para restaurar a barra, é preciso derrotar inimigos ou abraçar o ursinho por um determinado período de tempo, o que faz com que seja necessário calcular o momento certo de usar os projéteis para não se ver desprotegido em meio a uma situação de combate.

Arte em forma de metroidvania

Na prática, 9 Years of Shadows segue o manual dos metroidvanias, com progressão lateral e constante aquisição de poderes que permitem explorar novas partes do mapa. No entanto, aqui é onde podem surgir as primeiras (e na minha opinião, únicas) críticas verdadeiramente contundentes ao título. 

Eu explico: durante a aventura, Europa encontrará diversas armaduras que ajudarão tanto na locomoção (como nadar e voar em correntes de ar) quanto no combate, graças aos danos elementais. 

Como esperado, adquirir essas peças — claramente inspiradas na franquia Cavaleiros do Zodíaco — permite explorar lugares até então inacessíveis, mas os desafios em termos de plataforma são ora repetitivos, ora inexistentes, e a progressão em si é bastante linear. São poucas rotas opcionais e, na maioria das vezes, a aventura apresentará um único caminho a ser seguido. 

Particularmente, fora o impacto na duração da campanha, isso não me incomodou muito (inclusive, tenho preferido aventuras mais lineares ultimamente), mas, se você é do tipo de jogador que gosta de liberdade e expansividade nos jogos do gênero, é importante ter isso em mente para ajustar as expectativas e evitar frustrações desnecessárias. 

Agora, um ponto em que 9 Years of Shadows definitivamente se destaca é nas boss battles. Esteja preparado para enfrentar criaturas formidáveis, frequentemente capazes de ocupar a tela inteira em embates épicos e empolgantes.

Com mais de duas dezenas de chefes (alguns confrontos são opcionais), não faltam desafios justos para os jogadores. Saber identificar os momentos de vulnerabilidade dos oponentes e fazer bom uso dos recursos elementais é fundamental para sair com a vitória; devo dizer que esta foi, de longe, a minha parte favorita do jogo. 

Cores e musicalidade

Falando dos aspectos técnicos, já nos primeiros momentos, é difícil não se impressionar com os belos visuais em pixel art de 9 Years of Shadows. Ao iniciar a aventura e adentrar o castelo onde a maldição se formou, tudo está consumido pelas sombras — portanto, em preto e branco —, mas logo a cor se faz presente graças aos poderes de Apino. O bom uso das tonalidades vibrantes chama a atenção de forma muito positiva, e os donos de um Switch OLED em particular podem se preparar para um verdadeiro espetáculo ao jogar no modo portátil.

Podemos dizer o mesmo da trilha sonora. Composta por Michiru Yamane — responsável por clássicos como Castlevania: Symphony of the Night e Castlevania: Aria of Sorrow — em parceria com Norihiko Hibino, que trabalhou em títulos do calibre de Metal Gear Solid 2 e 3, há muito para ser apreciado aqui e a música acaba se mostrando uma das peças centrais da narrativa; sem entrar no campo de spoilers, recomendo o uso de fones de ouvido.

Mas, logicamente, nada disso compensaria se a adaptação para o Switch não fosse competente. Felizmente, não há quedas de desempenho e o título consegue sair intacto da transição entre plataformas. 

Também há suporte ao português brasileiro e não foram observados bugs e crashes no período de análise, indicando que os problemas nesse sentido que estavam presentes no lançamento original foram corrigidos nesta adaptação para o console da Nintendo.

Levante e traga a cor de volta ao mundo

Com a abundância de metroidvanias de qualidade disponíveis atualmente no Switch, se destacar não é uma tarefa fácil. Não obstante, com ótimos visuais e animações, combate divertido e uma narrativa simples, mas intrigante, 9 Years of Shadows cumpre sua missão e entrega uma aventura que merece ser vivenciada. 

Sua linearidade e curta duração podem decepcionar alguns jogadores, mas é inegável que a mescla de cor, musicalidade e ação funciona bem aqui — e, dada a adaptação competente e a sua inerente versatilidade, o console híbrido da Nintendo é a melhor forma de experimentá-la.

Prós

  • Visuais estonteantes em pixel art e bom uso de cores vibrantes;
  • Possui uma narrativa simples, porém intrigante o bastante para conduzir a aventura;
  • Sistema de combate funcional e divertido, posto à prova contra mais de uma dezena de chefes;
  • Trilha sonora composta por titãs da indústria e referências interessantes para os fãs de instrumentos musicais;
  • Suporte ao português brasileiro;
  • Sem problemas técnicos no Switch.

Contras

  • Bem linear para um metroidvania, ao ponto de impactar a duração do título;
  • Seções e desafios de plataforma são simples demais e podem se provar repetitivos.
9 Years of Shadows — PC/Switch — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela Freedom Games

é bacharel em Produção Cultural pela UFF e estudante de Comunicação Social pela FSMA. Na infância, ganhou um Super Nintendo dos pais e, desde então, nunca mais deixou o mundo dos games. Ainda sonha em ser um Mestre Pokémon.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


Disqus
Facebook
Google