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Análise: Picross -Logiart Grimoire- (Switch): a magia dos nonogramas

O novo título da Jupiter apresenta um contexto de grimório mágico para a realização de seus tradicionais puzzles lógicos.

Picross -Logiart Grimoire-
é a mais nova entrada da Jupiter a chegar ao Switch. O título foi produzido com o apoio de uma campanha de Kickstarter e está disponível também no Steam sem a alcunha Picross (que é propriedade intelectual da Nintendo). Com uma ambientação diferente do usual, a obra brinca com um conceito de magia e encanta com a já conhecida qualidade dos jogos de sua desenvolvedora.

Conjurando puzzles

Em Logiart Grimoire, nossa missão é ajudar o pequeno Emil a recuperar sua magia resgatando as páginas de um livro mágico. Para fazer isso, temos que completar “logiarts”, que nada mais são do que puzzles lógicos em estilo picross.

O jogo então brinca com o conceito de magia por meio de todos os seus elementos audiovisuais. A trilha sonora é toda pensada de forma a evocar o senso de mistério e os efeitos gráficos emulam círculos de feitiços. Assim, a sensação é a de que estamos de fato interagindo com um artefato mágico.

Como diferenciador de gameplay em relação a outros jogos do gênero, a obra opta por uma mecânica de fusão: para liberar alguns desafios, é necessário “fundir” os materiais obtidos na resolução de puzzles anteriores. Dessa forma, temos que ler uma descrição e usar a frase para determinar quais são os recursos necessários.

Se o jogador já tiver resolvido o desafio correspondente, a palavra ou frase do enigma fica colorida em azul. Caso contrário, ela será indicada na cor rosa. Em geral, esses enigmas são fáceis de adivinhar, mas trazem uma forma interessante de adicionar a camada do desbloqueio dentro do contexto mágico da ambientação.

Resolvendo nonogramas

Resolver os logiarts é um desafio lógico também conhecido como nonograma, no qual devemos preencher quadrados para formar imagens específicas. Mas não basta colorir de qualquer jeito, pois há apenas uma única solução correta e o chute pode apenas criar uma cadeia de erros.

Nossas pistas de como preencher os desenhos são os números na lateral esquerda e no topo da malha quadriculada. Um “5” indica que devemos colorir cinco quadrados seguidos e devemos adicionar pelo menos um espaço entre preenchimentos diferentes se houver outro número separado por espaço (ex: “5 6”).

A partir dessa regra simples, chegamos a desafios progressivamente mais complexos conforme o tamanho da malha aumenta. Com experiência, desenvolvemos metodologias mais avançadas para resolver os casos mais difíceis de forma lógica, estabelecendo que determinado quadrado necessariamente deve ser preenchido ou não e utilizando isso para definir nossos próximos passos.

Aprendizado e desafios

Ao todo, o modo básico do jogo conta com 280 desafios, mas há ainda 115 outros adicionados como cartinhas misteriosas dos membros do Kickstarter e da equipe de desenvolvimento. Outro modo do jogo são os logiarts fracassados do Emil, cujos resultados não fazem parte do grimório, mas são obtidos caso o jogador fracasse no processo de fusão ou se completar o modo principal.

Em comparação com a linha Picross S, temos infelizmente uma menor variedade de tipos para os desafios. As variações são apenas de tamanho, indo do 5x5 até o gigantesco 40x30. Porém, não temos nem Color nem Mega e os desafios para além do modo principal seguem o exato mesmo esquema de resolução.

Outro potencial fator negativo é que o desbloqueio de novos puzzles não segue uma curva de dificuldade tão clara. Em vez de termos todos os desafios básicos de tamanho menor disponíveis desde o início, a experiência pode ser bastante irregular e o jogador acaba ficando refém do que está disponível.

Nenhum dos dois pontos pesa substancialmente contra a experiência, que se trata de mais uma excelente obra do gênero no Switch. Em particular, é muito bom ver que a Jupiter realmente abraçou todos os benefícios que a linha S trouxe em termos de qualidade de vida e não abre mão deles.

Primeiramente, destaco o fato do jogo estar totalmente em português. Graças à tradução, os tutoriais são muito fáceis de entender e é curioso ver os pensamentos de Emil, que comenta de vez em quando sobre certos tópicos relacionados aos puzzles que desbloqueamos.

Além disso, o jogador pode optar por usar assistências ou não. Temos uma roleta de dicas que pode resolver uma coluna e linha para começar o jogo, indicações de linhas com resoluções ou inconsistências, correção automática de erros, restauração do tabuleiro ao estado anterior a múltiplas jogadas e até mesmo um mecanismo que confere tudo e aponta erros.

Veteranos não precisam usar nada disso e podem deixar a experiência mais desafiadora quando quiserem. Novatos podem procurar o melhor método para encararem os puzzles e aprender sem grandes frustrações. O resultado é bastante confortável e o jogador que opta pelo desafio maior é recompensado com um símbolo de que tudo foi feito sem assistências.

Uma experiência mágica

Picross -Logiart Grimoire- é uma ótima adição para os fãs de puzzles lógicos e seus elementos de assistência e qualidade de vida tornam a experiência igualmente adequada para iniciantes. Mantendo o aprendizado da linha Picross S em conjunto a uma atmosfera mágica, este é mais um acerto da Jupiter no Switch.

Prós

  • Boa quantidade de puzzles de tamanhos variados;
  • Atmosfera de magia bem explorada pela música e elementos visuais;
  • Sistemas opcionais de assistência e a mesma qualidade de vida da linha S;
  • Textos em português.

Contras

  • Menos variedade de estilos de Picross do que a linha S;
  • O desbloqueio de novos puzzles tende a ter uma curva desequilibrada de dificuldade.

Picross -Logiart Grimoire- — Switch/PC — Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: Switch

Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela Jupiter


é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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