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Análise: Demon Slayer -Kimetsu no Yaiba- Sweep the Board! (Switch): um party game inusitado e divertido

Tanjiro e sua turma retornam ao Switch, mas desta vez em tabuleiros.

Lançado recente e exclusivamente para Nintendo Switch, Demon Slayer -Kimetsu no Yaiba- Sweep the Board! surge como uma agradável surpresa. Distanciando-se do padrão das adaptações de animes shounen para videogames, que frequentemente se concentram em combates, a CyberConnect 2 e a Aniplex, responsáveis pelo desenvolvimento desta obra, optaram desta vez por transformar o universo criado por Koyoharu Gotouge em um divertido party game.

Super Slayer Party

Basta uma simples olhada em Sweep the Board para perceber suas inúmeras similaridades com a série Mario Party, especialmente com o título lançado para Switch em 2018. Assim como nos jogos festivos do encanador bigodudo, a experiência aqui é completamente focada no multiplayer, suportando até quatro jogadores simultaneamente, tanto online quanto offline.

Infelizmente, parece que o jogo não chamou tanta atenção, pois os servidores são completamente vazios. Porém, na ausência de pessoas reais, é possível jogar contra CPU em diferentes níveis de dificuldade.

As partidas de Sweep the Board podem ser configuradas para durar entre 5 e 30 rodadas. Além disso, o título oferece cinco tabuleiros distintos, com cada um deles referenciando localidades do material original.

Em tese, o objetivo é lançar o dado e avançar pelas casinhas até chegar ao ponto em que um corvo Kasugai está estacionado, onde recebemos Rank Points. Nesse sentido, o vencedor da partida é aquele que acumular mais pontos até o final da bagunça.

Naturalmente, o campeão não é definido de forma tão simples, pois existem diversas variáveis que fazem com que as posições entre os competidores sejam extremamente dinâmicas e se alternem constantemente. Um exemplo disso é uma casa especial que oferece a oportunidade de girar uma roleta, na qual são oferecidos diversos tipos de prêmios, incluindo Rank Points.

Outro fator que aumenta a imprevisibilidade da disputa é a realização de duas premiações ao final da partida, as quais são baseadas em critérios aleatórios como quem percorreu mais casas, utilizou mais itens ou estabeleceu mais parcerias. Portanto, é possível que um jogador que esteve em último lugar durante várias rodadas acabe assumindo a liderança nos momentos finais e conquistando a vitória.

Com relação aos personagens, o jogo oferece 12 opções para escolhermos, com cada um deles possuindo um dado próprio que pode ser bom ou ruim dependendo da situação. Para ilustrar, enquanto o cubo de Gyomei Himejima apresenta quatro faces com números altos e duas com poucas moedas, o de Shinobu Kocho possui duas faces medianas e todas as outras com uma grande quantidade de dinheiro.

Tristemente, a melhor personagem da série não é jogável. No entanto, embora Nezuko não possa ser controlada diretamente, ela desempenha um papel significativo durante a jogatina, se unindo ao jogador que estiver em último lugar no momento em que demônios surgem no tabuleiro.

Além de contribuir com um dado extra que se soma ao nosso, ela nos presenteia com um item ao fim de cada rodada. Fora a irmã de Tanjiro, outros aliados podem ser adquiridos ao pararmos em casas específicas, embora suas funções se limitem apenas aos dados extra. 

Minijogos e batalhas contra demônios

Um aspecto que diferencia Sweep the Board de Super Mario Party é o fato do jogo possuir um ciclo de dia e noite. Durante o período diurno, ao final de cada rodada, os quatro competidores participam de um dos diversos minijogos disponíveis, podendo ser batalhas individuais ou em duplas.

Existem 24 brincadeiras e a maioria delas é muito divertida, incluindo atividades como pular corda, jogo da memória, guerra de bola de neve, corrida de trenó, acender fogos de artifício, encontrar a caixa em que Nezuko está, contornar desenhos e corrida com obstáculos. Todos esses desafios são executados com comandos simples, geralmente demandando o uso do direcional e, no máximo, mais dois botões.

Quando um competidor alcança o corvo, a noite cai sobre o tabuleiro e alguns demônios surgem em pontos aleatórios do mapa. Independentemente de quem chegue a uma dessas criaturas, uma batalha conjunta se inicia, com o monstro possuindo várias barras de vida. Nessas situações, todos os desafiantes devem executar movimentos nos momentos corretos para vencer a luta.

Esses eventos também são divertidos e, embora sejam simples, exigem precisão e bastante atenção, pois a ordem de quem atacará é aleatória. Ao contrário dos minijogos, esses confrontos permitem que o jogador escolha entre utilizar os botões ou os sensores de movimento do Joy-Con.

Um aspecto positivo que merece ser mencionado e que torna as batalhas contra demônios e os minigames bem agradáveis é a presença de belos visuais em cel-shading, uma característica comum em jogos da CyberConnect 2. Em razão disso, todo o carisma dos personagens de Demon Slayer é incrivelmente bem adaptado em Sweep the Board.

Difícil de se divertir sem alguém do lado

Embora a ideia de transformar Demon Slayer em um party game seja totalmente inusitada, o resultado é muito positivo, pois o título fornece uma experiência incrível para ser desfrutada com amigos. Nessa perspectiva, os personagens criados por Koyoharu Gotouge se integram surpreendentemente bem à proposta da obra, combinando perfeitamente com o humor dos desafios. Além disso, a parte mais séria do material original é razoavelmente incorporada nos momentos noturnos e durante as batalhas com monstros.

A despeito de todos os méritos, o grande problema de Sweep the Board é que ele é pouco convidativo para se jogar sozinho. Creio que muito disso se deve à falta de desbloqueáveis interessantes que incentivem a competição contra CPU.

Embora haja algumas roupas extras legais e uma espécie de galeria de arte, esses elementos ainda são insuficientes para despertar o interesse de continuar jogando solo. Outro ponto negativo é a ausência de legendas em português, principalmente considerando que o título foi publicado no Ocidente pela SEGA, que vem tendo um cuidado bacana com o público brasileiro.

Sendo assim, apesar de Demon Slayer: Sweep the Board ser um dos produtos mais divertidos disponíveis na biblioteca do Switch para se jogar em grupo, ele praticamente não possui atrativos para ser aproveitado sozinho. Infelizmente, o fato de os servidores estarem completamente vazios agrava ainda mais essa situação, tornando quase impossível conseguir formar uma partida online com quatro competidores humanos.

Talvez, se o jogo tivesse sido lançado em múltiplas plataformas com o modelo de crossplay, mais pessoas seriam tentadas a adquiri-lo e as partidas online teriam uma base maior de jogadores.

Um ótimo jogo que certamente teria mais brilho em outros territórios

Demon Slayer -Kimetsu no Yaiba- Sweep the Board! é um party game incrível. Mesmo que possua uma estrutura muito similar à de Super Mario Party, o carisma dos personagens, as mecânicas relacionadas aos demônios e a variedade de minijogos fazem com que o título ofereça uma experiência diferenciada e extremamente divertida.

Sinceramente, acho estranho e pouco inteligente que este ótimo jogo tenha sido lançado apenas na plataforma em que já brilha o universo festivo do bigodudo. Se estivesse disponível em todos os sistemas da atual geração e até mesmo da anterior e contasse com multiplayer crossplay, acredito que este título se tornaria uma excelente opção para aqueles que não são tão entusiastas do encanador. Além disso, teria plenas condições de se destacar como o principal representante do gênero fora do híbrido da Nintendo.

Prós

  • Experiência extremamente divertida para ser apreciada com amigos, com uma variedade considerável de ótimos minijogos;
  • As batalhas contra demônios são igualmente divertidas e ajudam o título a se diferenciar um pouco do principal representante do gênero;
  • O carisma dos personagens se enquadra bem ao bom humor do jogo, sendo enriquecido pelos belos visuais em cel-shading.

Contras

  • O jogo é pouco atraente para se jogar sozinho, devido à ausência de jogadores nos servidores online e à falta de um incentivo maior para continuar competindo contra CPU, como desbloqueáveis mais interessantes;
  • Ausência de legendas em português.
Demon Slayer -Kimetsu no Yaiba- Sweep the Board! — Switch — Nota: 8.0
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli 
Análise produzida com cópia digital cedida pela SEGA

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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