Após o sucesso generoso de Duck Detective: The Secret Salami, o estúdio indie Happy Broccoli traz a nova balada de Eugene McQuacklin em Duck Detective: The Ghost of Glamping! Venha comigo, meu caro Watson, temos um novo mistério a resolver!
Campina Noir
Eugene McQuacklin. O (não muito) famoso Duck Detective está em seu mais “novo” apartamento, tendo sido despejado de seu último lar por não ter pago o aluguel. Ponderando diante à tentação por pão de forma e o coração partido pelo divórcio recente com sua amada Ana, ele é interrompido pelo entusiasmado (e um tanto invasivo) fã e seu colega de apê, o aligator Freddy Frederson, que prontamente o arrasta para um retiro de final de semana que ele havia marcado com sua nova namorada (para choque de nosso arauto da justiça).No acampamento com fama de mal-assombrado, Eugene conhece alguns personagens coloridos como uma restrita oficial do exército e seu filho fofinho, a gerente extremamente mal preparada do evento, um enigmático mas gentil homem quieto, um influencer metido e a namorada (um tanto mal-humorada) de Freddy. Entretanto, nem tudo são flores e chocolates no retiro: o desaparecimento misterioso de cadeiras retráteis chama a atenção de nosso Patotive e cabe a ele descobrir o que houve com elas… e, quem sabe, desdobrar mistérios e outros crimes dentro da mata!
Antes de colocar minhas mãos na minha cópia para análise, eu fiz questão de jogar o primeiro jogo para pegar o ritmo da série. Primeiramente, não é necessário jogar The Secret Salami para entender Ghost of Glamping, um ponto positivo para quem quiser apenas apreciar um dos títulos. Dito isso, Glamping funciona essencialmente como uma extensão de Salami, com jogabilidade semelhante à de seu antecessor e sendo visualmente parecido com o primeiro jogo.
Como Eugene, podemos andar por um espaço 3D enquanto todos os personagens são recortes de papel em 2D, com expressões estáticas que mudam dependendo da situação de forma bastante charmosa, alinhada com a atuação de voz de ponta com todos os envolvidos. Explorando o pequeno acampamento, podemos conversar com o limitado núcleo de testemunhas para adquirir pistas e palavras-chaves, cruciais para entender as relações e pensamentos entre os personagens.
E como entender essas relações? Com deducktions, o pensamento lógico de Eugene McQuackling diante a situações desesperadoras, como o desaparecimento de uma criança, o roubo de dados importantes do exército ou o motivo por que sua amada ex-esposa não responde a seus recados. Funcionando como jogos de preencher a frase, na qual o jogador deve colocar verbos/adjetivos/substantivos em lacunas de frases para completar e fazer a sentença ter sentido. Esses pequenos puzzles envolvem, efetivamente, usar o pensamento lógico do jogador para entender a forma certa de colocar as palavras na ordem correta e conseguir progredir. O jogo oferece poucas sugestões de progredir, mas, considerando que os puzzles são bem fáceis e divertidos de resolver, a limitada ajuda adicional não é um problema, especialmente quando é possível resolver os puzzles com um pouco de raciocínio lógico diante as personalidades dos personagens coloridos e suas esquisitices charmosas.
Ah, e o botão de ação funciona como um botão de Quack quando não tem nada para averiguar. Isso é extremamente importante.
Ainda em relação à extensão do jogo anterior, Glamping tem os mesmos prós e contras de Salami: um elenco extremamente divertido de personagens, um pequeno, mas eficiente ambiente para desvendar e nuances para descobrir, além de rodar tão bem quanto o anterior (sem travamentos ou engasgos de performance). O humor é tão afiado quanto sua trama, seja oferecendo “fatos” cheios de patacoada ou uma história genuinamente envolvente com um mistério absurdo, mas, ao mesmo tempo, deliciosamente instigante.
Procurando defeitos, eu achei apenas dois, mas que podem ser considerados menores, diante das condições de desenvolvimento. Tal como o primeiro jogo, Glamping é bem curto, podendo ser completado em menos de cinco horas (eu mesmo completei em uma viagem de ônibus de três horas), com um leve fator replay para desbloquear todas as conquistas. Além disso, o jogo, por mais engraçado e divertido que seja, está totalmente em inglês, alienando a população brasileira que não consegue entender o básico da língua anglo-saxã. É compreensível, no entanto, que estes erros se devem ao fato de ser um pequeno estúdio alemão, mesmo que seja necessário pontuá-los.
Duck Detective: The Ghost of Glamping é uma surpresa, mas uma surpresa agradável. Rápido, divertido, memorável e, acima de tudo, hilário, é uma aventura que te faz querer por mais, especialmente com um final que deixa pontas soltas para mais uma desventura. Considerando que tanto este título quanto seu antecessor estão baratos, eu prevejo que a odisseia de Eugene possa ser lançada como um pacote com mais episódios em um futuro próximo.
Independente de seu destino, a Dama do Crime encontra seu destino diante as deduções desse Fantástico Senhor Patoso.
Prós
- Mistério intrigante e história bem escrita;
- Personagens carismáticos, com protagonista extremamente engraçado;
- Excelente atuação de voz;
- Puzzles fáceis, mas divertidos, fazendo o jogador usar lógica e conhecimento no jogo;
- Sem engasgos e problemas de performance;
- Gráficos bem feitos, com ambientes 3D simples misturados com personagens em recortes 2D.
Contras
- Curta duração, dando gosto de quero mais;
- Sem localização para português brasileiro.
Duck Detective: The Ghost of Glamping — PC/XBO/XSX/Switch — Nota: 9.0Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Vitor Tibério
Análise produzida com cópia digital cedida pela Happy Broccoli Games