Boa tarde, Agente 47. Você não é um estranho no território do Switch, tendo explorado seu ambiente com o relançamento de uma de suas aventuras mais icônicas e uma adaptação pouco favorável de uma de suas missões recentes. Bom, desta vez você estará totalmente equipado.
Para estrear o mais novo hardware da Nintendo, o Switch 2, você estará em posse da Hitman World of Assassination - Signature Edition, uma coletânea das suas três crônicas mais atuais, marcando um renascimento para seu legado. Irei te deixar se preparar.
World of Assassination, como mencionado, compila os três títulos mais novos da icônica franquia Hitman. O primeiro (2016) começa com a iniciação do elusivo Agente 47 na organização secreta ICA, em 1999. Anos depois, já um agente lendário, ele participa de algumas missões que, aparentemente, não têm ligação nenhuma, mas que logo se mostram parte de um plano maior envolvendo um culpado misterioso chamado Shadow Client, determinado em destruir a Providence, uma espécie de Illuminati que governa o mundo pelas sombras.
Hitman 2 (2018) continua a história de seu antecessor, com 47 trabalhando em conjunto com a Providence para encontrar Lucas Grey, o Shadow Client, em troca de revelar seu misterioso passado. Lucas, por sua vez, trabalha com a hacker Olivia Hall para tentar recrutar o Agente para tombar os controladores do mundo.
Por fim, Hitman III (2021) foca no clímax da jornada mas não irei detalhar devido a spoilers na trama. O que vale a destacar é que todos os três jogos funcionam muito bem como continuação um do outro, tanto que o terceiro jogo tinha sido renomeado para o título atual de World of Assassination justamente porque englobou tudo que os jogos anteriores tinham e mais.
Providência de um rótulo vazio
Antes de mais nada, é preciso dizer: o jogo está lindo e mostra muito bem as capacidades técnicas que o Switch 2 tem a oferecer. Para se ter uma ideia, Hitman III havia sido previamente lançado para o hardware anterior com Cloud Version, com vendas bem baixas e não agradando ao público pela decisão (de forma bem justificada, com a performance sendo intrinsecamente atrelada com a conexão de internet).
Tanto no modo portátil quanto na TV os gráficos são consistentemente bonitos, com poucos clippings de textura. Sua performance é variável, rodando sem problema algum na maior parte do tempo e carrega bem rápido entre os níveis, saves e loads. Variável, no entanto, porque existem certos momentos que o FPS cai pela metade como logo no prólogo do segundo jogo ou bugs estranhos como na imagem abaixo ou até em que 47 consegue atravessar portas como se fosse um fantasma, mas incapaz de interagir com o botão X. Há ainda raros travamentos.
E falando sobre interação, a imersividade é uma das maiores em toda a saga. Existe uma gama imensa de opções para interagir com o mundo, como diferentes níveis de venenos (de apenas enjoos a letais), armas perfurantes para executar alvos ou distração, ferramentas para consertar ou destruir e, como de costume para a série, incontáveis formas de matar os múltiplos alvos de cada missão, dando liberdade total para seguir um roteiro estabelecido ou simplesmente seguindo seu instinto assassino e criativo.
Médico, motoqueiro, segurança, paciente, palhaço… máscaras escondendo um rosto oco
A frase “Irei te deixar se preparar” dita por Diane, superiora de 47 antes de toda missão, nunca fez tanto sentido quando se aplica com todo o arsenal e preparatório antes de cada missão, como usar roupas adequadas, equipamento pré-colocado em posições específicas ou começar em algum ponto estabelecido no mapa. Essas opções são desbloqueadas ao fim da missão, coletando pontos de experiência com ações ao decorrer da missão, como só matar os alvos, não ser identificado, trocar disfarces, desbloquear portas e cumprir objetivos específicos que impulsionam o Agente a descobrir tudo o que a locação tem a oferecer.
Eu sou um fã de longa data da franquia e posso garantir que a inteligência artificial dos NPCs nunca esteve tão boa. Mesmo no modo padrão, os guardas não são tão burros quanto nos jogos clássicos e a desconfiança crescente deles e dos civis obriga o jogador a pensar em estratégias melhores para assegurar seus objetivos, seja usando roupas diferentes (já que é necessário desviar de certos NPCs, uma vez que um disfarce não é garantia que todos da mesma classe vão ser enganados) ou diferentes formas de acessar áreas bloqueadas, como procurar por canos e janelas para escalar ou arrombando a porta, podendo ou não atrair mais olhos duvidosos.
Ao todo, são seis missões principais em cada jogo, além dos DLCs para cada um e, nesse momento, uma campanha relacionada a 007, com Mads Mikkelsen retornando no seu icônico papel de Le Chiffre de Cassino Royale, em preparação para o próximo jogo da IOI, 007 First Light. Em resumo, uma tonelada de rejogabilidade para descobrir e redescobrir o que cada ambiente tem a oferecer.
Tem algo cheirando mal…
Porém, nem tudo são flores e assassinatos bem feitos. Para começar, World of Assassination está sem suporte algum para o português. Pode não ser um problema grande, considerando alguns pontos que oferecem um norte para o jogador seguir com cada opção narrativa, mas ainda é uma pena que, com a ascensão de localização para nosso idioma, ainda exista relutância diante disso.
Porém, o maior problema relacionado a World of Assassination vem com sua decisão bastante duvidosa de atrelar o salvamento com a conexão da internet. O que quero dizer é: se você progredir com o jogo desconectado e depois conectá-lo mais tarde, todo seu progresso offline não irá contar. Não apenas isso, mas o mesmo vale de online para offline, relatando que pontos de experiência e objetivos concluídos não seriam levados para o offline. Até mesmo simplesmente apertar o botão Home e voltar para o jogo causa instabilidade para voltar no servidor. Uma grande falha de design que precisa ser corrigida o quanto antes.
Tobias Rieper, ao seu dispor
Em geral, Hitman World of Assassination - Signature Edition é uma ótima porta de entrada para jogos third party no Switch 2. Falho em alguns aspectos relevantes, mas um produto de altíssima qualidade que oferece tudo o que tinha antes e muito mais, até com as roupas exclusivas tematizadas com Mario.
Uma história intrigante, excelente atuação de voz, trilha sonora magistral e uma liberdade de jogabilidade absurda fazem deste, de fato, uma das melhores cruzadas de Hitman. Bom trabalho, Agente 47.
- História bem feita, com atuação de voz impecável;
- Quantidade enorme de missões;
- Liberdade praticamente incondicional para completar objetivos;
- Gráficos muito bem feitos, mostrando bem o poder gráfico do Switch 2;
- Alto fator de rejogabilidade;
- Inteligência artificial bem feita e level design criativo.
Contras
- Falta de localização em português brasileiro;
- Alguns bugs de textura e colisão;
- Atrelar o salvamento com conexão online é uma ideia falha e sem sentido.
Hitman World of Assassination - Signature Edition — Switch 2 — Nota: 8.0
Revisão: Vitor Tibério
Análise produzida com cópia digital cedida pela IO Interactive



