Brain Lord: um interessante e pouco conhecido RPG do Super Nintendo

O título da Enix aposta em masmorras vastas e repletas de puzzles e em um sistema de combate com variações significativas.

em 19/06/2025
Brain Lord é um RPG de ação desenvolvido pela Produce e publicado pela Enix para o Super Nintendo em 1994. Apesar de possuir uma história independente e conexões discretas, como o reaproveitamento de alguns inimigos, o título é frequentemente considerado como a segunda parte de uma espécie de trilogia espiritual do SNES, a qual foi iniciada com The 7th Saga (conhecido como Elnard no Japão) e concluída por Mystic Ark.

Em busca do último dragão

Em Brain Lord, assumimos o papel de Remeer, o último descendente de uma antiga linhagem de domadores de dragões. Logo no início do jogo, um breve flashback mostra o protagonista ainda criança conversando com seu pai, pouco antes de este partir em uma jornada misteriosa e jamais retornar. Durante essa lembrança, o pai menciona um passado em que as pessoas voavam em dragões e pede que o filho mantenha esse legado.

Anos depois, já adulto e trabalhando como uma espécie de mercenário, Remeer ouve rumores sobre o reaparecimento de um dragão na enigmática Tower of Light, justamente o destino da última jornada de seu pai. Movido por essa coincidência, nosso herói aceita uma missão de um ferreiro local que deseja escamas do dragão e parte em sua jornada.

A história de Brain Lord certamente não é das mais envolventes, explorando temas já abordados de maneira mais eficaz por diversos outros títulos. Ainda assim, ela apresenta algumas reviravoltas decentes e cumpre bem o seu papel de sustentar a jornada do protagonista e criar um certo interesse em nós pelo mundo.

Grande foco em puzzles

A estrutura principal de Brain Lord gira em torno de cinco grandes masmorras, intercaladas por duas cidades que servem como pontos de descanso e comércio. Essas localidades urbanas também contam com missões opcionais e NPCs relevantes que ajudam a expandir um pouco o mundo do jogo.

No que diz respeito aos calabouços, embora não sejam tão numerosos, eles são bastante extensos e se diferenciam tanto pelo visual quanto pelos desafios que apresentam. Aqui, as masmorras são divididas em vários andares, nos quais podemos encontrar estátuas que funcionam como pontos de salvamento e transporte rápido.

O jogo possui um forte foco em puzzles, apresentando uma ampla variedade de desafios bem elaborados que realmente exigem raciocínio por parte do jogador. Mesmo quando se apoia em conceitos simples, como empurrar blocos para acionar botões, a inteligência como esses elementos são aplicados mantém a experiência envolvente, tornando a resolução dos enigmas genuinamente gratificante.

Além dos desafios proporcionados pelos puzzles, as masmorras também estão repletas de armadilhas, como espinhos que emergem do solo, pisos que desaparecem repentinamente e objetos que rolam em direção ao jogador. O título ainda inclui trechos de plataforma que funcionam de maneira eficiente, adicionando um pouco mais de variedade e dinamismo a esses momentos de navegação.

A despeito desses méritos, Brain Lord pode se tornar frustrante em certos momentos devido à frequência com que exige backtracking para conseguirmos coletar chaves e desbloquear portas. Em algumas situações, o jogo nos força a retornar por andares inteiros em busca do item necessário — algo que se torna ainda mais comum caso o jogador deseje explorar todas as áreas opcionais.

Combate simples, mas com boas ideias

Como um RPG de ação, o combate também desempenha um papel fundamental em Brain Lord. Felizmente, o título se mostra igualmente competente nesse aspecto, oferecendo ao jogador uma variedade interessante de opções, incluindo diferentes tipos de armas e dois sistemas distintos relacionados à magia.

Começando pelos equipamentos, Remeer pode ser equipado com uma arma, uma couraça, um capacete, um escudo e um acessório. Enquanto as duas peças de armadura possuem durabilidade ilimitada, o escudo apresenta um valor que indica quantos golpes ele consegue bloquear antes de ser destruído. Por sua vez, os acessórios se resumem a itens que revivem o herói uma vez, sendo consumidos no processo, ou a botas que evitam que ele escorregue em áreas de gelo.

As armas disponíveis incluem espadas, arcos, machados e maças, cada uma com um estilo de combate único que incentiva o jogador a adaptar suas estratégias conforme a situação e os adversários. Para exemplificar, os machados, apesar do alcance reduzido, possuem alto poder ofensivo e são capazes de destruir caixas que escondem tesouros. Por sua vez, as maças realizam ataques circulares com alcance amplo, sendo especialmente eficazes contra múltiplos inimigos.

O sistema mágico também é bem desenvolvido e razoavelmente diversificado. Além de alguns feitiços ofensivos de elementos distintos, há magias que auxiliam na exploração e no controle da área, como a habilidade de criar pontes de gelo sobre lava ou maestrias que retardam o movimento dos inimigos.

Outro aspecto interessante de Brain Lord está no uso das Jades, que são pequenos jarros que abrigam fadas mágicas. Ao serem ativadas, essas fadas acompanham Remeer e oferecem diferentes tipos de suporte. É possível utilizar até duas dessas criaturas simultaneamente e elas vão ganhando níveis conforme consomem itens específicos deixados por inimigos.

Enquanto algumas fadas atacam automaticamente os monstros que se aproximam do protagonista, outras oferecem efeitos passivos, como aumento da defesa, regeneração de vida ou até a iluminação de áreas escuras. Outro exemplo interessante é uma deidade que pode reviver o herói ao custo de um nível.

Graças à variedade de equipamentos, magias e fadas, Brain Lord consegue oferecer uma experiência de combate bastante divertida e um pouco estratégica. Além disso, considerando o crescimento significativo dos atributos das fadas ao subir de nível e que os pontos obtidos ao derrotar monstros funcionam como moeda para a aquisição de novos itens, derrotar todos os oponentes que surgem pelo caminho acaba sendo bastante recompensador.

Uma jornada divertida

Brain Lord pode não estar entre os títulos mais aclamados do Super Nintendo, mas certamente oferece uma aventura interessante e desafiadora. Com seu foco em puzzles bem planejados e um sistema de combate com opções consideráveis, o jogo consegue nos manter engajados ao longo de toda a sua duração. Apesar do backtracking frequente e um tanto irritante em alguns momentos, a jornada de Remeer é, sem dúvida, uma experiência que vale a pena vivenciar.

Revisão: Vitor Tibério
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Lucas Oliveira
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