Análise: Demon Slayer -Kimetsu no Yaiba- The Hinokami Chronicles 2 traz mais lutas impressionantes em uma continuação modesta

O novo jogo da saga de Tanjiro Kamado aposta em mais conteúdo e não traz novidades significativas em seus sistemas.

em 31/07/2025

Demon Slayer -Kimetsu no Yaiba- The Hinokami Chronicles 2 continua a adaptar a jornada dos caçadores de demônios em um frenético jogo de luta. A sequência mantém as principais características do antecessor, ao mesmo tempo que inclui mais personagens e modos — os embates continuam divertidos e visualmente impressionantes, apesar de sua simplicidade. Apesar disso, o título se revela uma continuação muito básica que pouco se esforça para resolver os problemas do passado.

Mas afinal, do que se trata Demon Slayer? No anime e no mangá, acompanhamos Tanjiro Kamado, um garoto que se torna um caçador de demônios para tentar curar sua irmã Nezuko, que foi transformada em uma dessas criaturas demoníacas. A trama de The Hinokami Chronicles 2 começa do ponto final da história do título anterior e cobre os arcos do Distrito do Entretenimento, Vila dos Ferreiros e Treinamento dos Hashira.

Participando da luta entre caçadores e demônios

O sistema de luta de The Hinokami Chronicles 2 mantém a base acessível e dinâmica do primeiro jogo, com combates que priorizam agilidade, combos e golpes especiais cinematográficos em arenas que alternam entre movimentação 3D e 2D. Os personagens contam com golpes básicos, bloqueios, investidas e três ataques especiais, recursos esses que, quando combinados, permitem montar sequências e estratégias interessantes. Desta vez, o elenco conta com mais de 40 personagens, incluindo todos os Hashira e vários demônios.


A mecânica de parceiros continua sendo central nas batalhas, permitindo que dois personagens lutem em equipe com ataques coordenados, movimentos de suporte e troca do lutador ativo. Os demônios Lua Superior não podem escolher um parceiro, mas essa limitação é compensada por um estilo de luta mais poderoso ou habilidades únicas. Uma novidade na sequência são os Dual Ultimates, finalizadores especiais exclusivos de certas configurações de duplas, como Tanjiro e Rengoku ou Inosuke e Netsuko — além de poderosos, são visualmente impressionantes ou puramente divertidos.

Uma novidade é a inclusão de um sistema de equipamentos. Por meio deles, é possível ativar vantagens diversas, como recuperar a vida em situações específicas ou aumentar o poder de certos ataques. Há uma infinidade de melhorias para experimentar, trazendo uma camada de estratégia aos embates.



Entre a beleza e o marasmo da simplicidade

Os comandos e as regras do jogo são simples, tornando os embates acessíveis: novatos se divertem fazendo combos estilosos com facilidade, já os jogadores avançados conseguem montar sequências mais complexas. Porém, a simplicidade das mecânicas é problemática: cada personagem tem poucos ataques, então as estratégias se repetem; mesmo com 40 lutadores, não há estilos de luta significativamente diferentes entre eles; o balanceamento não é dos melhores, sendo fácil ser destruído por certos combos.

A sensação que eu tive é que The Hinokami Chronicles 2 pouco evoluiu em relação ao antecessor e apostou em simplesmente incluir mais conteúdo, pois o sistema de combate segue praticamente intocado, inclusive seus pontos negativos. Isso não chega a ser grande problema para os fãs, afinal ainda é divertido ver caçadores e demônios participando de combates visualmente impressionantes que remetem ao anime. No entanto, o título acaba tendo pouco apelo para aqueles que buscam mecânicas mais elaboradas ou um estilo de jogo mais competitivo.


No campo audiovisual, o jogo chama a atenção com representações elaboradas dos personagens no estilo cell shading, sendo o destaque os cinematográficos finalizadores Ultimate. Os cenários não têm tanto esmero em sua produção e muitas vezes trazem um contraste ruim com elementos mal-acabados e texturas simples. Mesmo assim, no geral, é um título visualmente agradável. Algumas composições que vieram direto da animação ajudam a construir a atmosfera única do universo de Demon Slayer.

Assim como o antecessor, o título tem desempenho satisfatório no Nintendo Switch, rodando a 30 quadros por segundo na maior parte do tempo, tanto no modo portátil quanto na dock. É uma pena que o jogo não tenha uma versão para Switch 2, pois o poder do novo híbrido deve ser suficiente para elevar a parte técnica aos patamares das outras plataformas.



Continuando a jornada de Tanjiro e seus amigos

O foco principal de The Hinokami Chronicles 2 é o modo história, que continua exatamente de onde o jogo anterior parou, cobrindo os arcos do Distrito do Entretenimento, Vila dos Ferreiros e Treinamento dos Hashira. Em cada capítulo, controlamos personagens como Tanjiro, Zenitsu, Inosuke e outros companheiros em mapas que misturam exploração direta com batalhas pontuais. Os principais eventos do anime são recriados com fidelidade, especialmente nos confrontos mais importantes, que ganham cenas cinematográficas caprichadas para destacar a carga emocional da história.

Durante a exploração, há pontos de interesse marcados no mapa e cada personagem traz uma habilidade única que ajuda a progredir, como o faro apurado de Tanjiro, a audição refinada de Zenitsu e o instinto animal de Inosuke. Há também missões paralelas em que precisamos interpretar emoções de NPCs para resolver problemas simples — um acréscimo que tenta dar profundidade à jornada. Embora essas tarefas tragam alguma variação, a estrutura geral do modo história segue um ritmo bastante previsível.


Apesar da ambientação fiel e das boas animações nas cenas principais, o modo história pouco evoluiu em relação ao primeiro título. Os mapas continuam excessivamente simples e lineares, com pouca margem para exploração real. As missões paralelas, embora mais numerosas, ainda carecem de impacto e se tornam repetitivas com facilidade. Há tentativas de enriquecer a experiência com colecionáveis espalhados pelos cenários, mas sua coleta é trivial e as recompensas, como imagens de perfil ou falas de personagens, não empolgam.

Momentos mais criativos, como um minigame de ritmo com Zenitsu ou trechos de ação controlando os Hashiras contra hordas de inimigos, até ajudam a quebrar a monotonia, mas são exceções em uma campanha que se arrasta. A fidelidade ao anime está lá, e os fãs certamente vão reconhecer os pontos altos, mas como experiência interativa, o modo história desperdiça a chance de expandir o universo de Demon Slayer de forma mais envolvente.



Mais modos para explorar o universo de Demon Slayer

Em uma clara evolução em relação ao seu antecessor, The Hinokami Chronicles 2 apresenta novos modos de jogo. A modalidade Versus segue o formato tradicional de lutas livres entre dois personagens, seja contra a CPU, localmente ou online. Com mais de 40 personagens disponíveis e possibilidade de usar equipamentos e personalizar regras e composições de equipe, é uma opção sólida para quem busca combates rápidos e diretos.

Inspirado diretamente no arco Treinamento dos Hashira, o modo Training Paths é uma das novidades mais interessantes de Hinokami Chronicles 2. Nele, escolhemos um trajeto entre diversos eventos e batalhas até enfrentar o Hashira final daquela trilha. Cada combate traz condições específicas — como limitar o uso do parceiro ou manter a barra de vida acima de certo ponto — e, ao cumpri-las, ganhamos bônus que podem ser utilizados nas próximas lutas. Com múltiplas rotas e recompensas exclusivas, é um modo pensado para testar tanto habilidade quanto planejamento.


Essa nova modalidade traz um equilíbrio bem-vindo entre desafio e estratégia. Além de dominar o sistema de combate, é essencial pensar no caminho a seguir, já que os bônus acumulados podem fazer a diferença nas fases finais. O modo foi projetado para ter rejogabilidade, com três níveis de dificuldade para cada Hashira e diferentes recompensas espalhadas pelas rotas. É, sem dúvida, o conteúdo extra mais interessante do jogo e que realmente estimula o retorno.

Além dos modos principais, o jogo inclui o Path of a Demon Slayer, que resume os eventos do primeiro título em batalhas importantes — ótimo para quem quer relembrar ou conhecer o início da história. Também é possível desbloquear conteúdos usando Kimetsu Points, como personagens, variações de Ultimate, trajes e outros extras. Há ainda uma quantidade enorme de colecionáveis cosméticos, como adesivos, músicas e frases, para personalizar o perfil online do jogador, mas que carecem de apelo real e dificilmente justificam o esforço para serem obtidos.



Uma sequência competente e comedida

Demon Slayer -Kimetsu no Yaiba- The Hinokami Chronicles 2 entrega mais conteúdo e modos em relação ao primeiro jogo, mantendo o visual impactante e combates acessíveis que agradam aos fãs do anime. O novo sistema de equipamentos e o modo Training Paths adicionam uma camada estratégica bem-vinda, e o elenco ampliado garante variedade para quem gosta de experimentar diferentes combinações. As lutas continuam sendo o ponto forte, especialmente pelas animações cinematográficas e pela fidelidade à obra original.

No entanto, a sequência pouco avança em áreas que já eram criticadas anteriormente, como o modo história raso e a simplicidade das mecânicas de luta. A inclusão de novidades parece seguir mais uma lógica de expansão do que de evolução real, deixando a experiência estagnada para quem esperava mais profundidade ou inovação. É um título que ainda diverte, especialmente os fãs da série, mas que carece de ambição para conquistar um público mais exigente.

Prós

  • Combates acessíveis e visualmente impressionantes;
  • Elenco extenso com mais de 40 personagens jogáveis;
  • Modo Training Paths traz estratégia e boa rejogabilidade;
  • Fidelidade ao anime com cenas bem animadas e momentos marcantes.

Contras

  • Sistema de luta pouco evolui e repete problemas do antecessor;
  • O modo história é linear, simples e pouco envolvente;
  • Colecionáveis e personalizações têm baixo apelo.
Demon Slayer -Kimetsu no Yaiba- The Hinokami Chronicles 2 — PC/PS4/PS5/XBO/XSX/Switch — Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Cristiane Amarante
Análise produzida com cópia digital cedida pela SEGA
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Farley Santos
é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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