Revelado no Nintendo Direct de abril focado no Switch 2, ao lado de títulos importantes como Mario Kart World e Donkey Kong Bananza, o peculiar Drag x Drive é a nova aposta da Nintendo no gênero dos esportes. Desde seu anúncio, o título não causou tanto impacto entre os fãs, mas recebeu destaque por parte da Big N e até mesmo uma demonstração global que pôde ser jogada nos dias 9 e 10 deste mês. Com uma proposta simples e divertida, Drag x Drive certamente cumpre o papel de mostrar as capacidades e possibilidades dos controles Joy-Con 2, mas, infelizmente, não se propõe a fazer mais do que isso.
Direto ao ponto
O título foca numa proposta simples e divertida: partidas de basquete no formato três contra três, nas quais os jogadores utilizam cadeiras de rodas para se movimentar. Logo de início, somos apresentados ao tutorial do jogo, no qual os movimentos e controles principais são mostrados ao jogador de forma bem natural, contribuindo para uma aprendizagem rápida e intuitiva.
O básico da movimentação gira em torno dos controles Joy-Con 2: eles devem ser utilizados um em cada mão, e apoiados sobre alguma superfície no modo mouse. Cabe notar que apoiar os controles sobre as pernas é tão eficiente quanto sobre uma superfície lisa (como uma mesa), conforme a própria Nintendo vinha divulgando antes do lançamento do jogo — o que é ótimo, pois não tenho uma mesa em frente à televisão.
Ao arrastar os controles para frente, avançamos; os gatilhos ZR e ZL freiam suas respectivas rodas; ao pressionar os botões R e L ao mesmo tempo, passamos a bola para outro jogador; quando estamos com ela, basta levantar qualquer um dos controles e sacudi-lo para arremessar a bola em direção à cesta. Há também outros comandos mais específicos, que podem ser utilizados para fazer manobras em rampas ao redor da quadra, pular ou se equilibrar em uma roda só.
Controlar o personagem é extremamente divertido: os controles são responsivos e o movimento se torna natural em pouco tempo. A vibração HD 2, exclusiva dos controles do novo console híbrido, é um espetáculo à parte: dá até mesmo para sentir os aros da roda passando pelas mãos conforme avançamos pela quadra.
Mas nem tudo são rosas: segurar os controles no modo mouse de forma a conseguir pressionar todos os botões necessários se tornou bem incômodo após algumas horas de jogatina. Demorei para encontrar uma posição boa para as mãos (apesar de o jogo sugerir uma no tutorial), e mesmo assim tive dificuldade de pressionar alguns botões em determinados momentos, ainda mais precisando constantemente avançar com o personagem pela quadra.
O que rola antes da partida
Terminado o tutorial, somos colocados em um grande ginásio (o “parque”, na nomenclatura do jogo). Aqui, podemos acessar partidas públicas ou privadas, além de determinar preferências na busca de partidas e os minijogos que acontecem entre elas. É possível verificar os jogadores atualmente presentes no parque, definir configurações do jogo, checar os controles, assistir a vídeos curtos com tutoriais de manobras avançadas e personalizar o personagem jogável — aqui chamado de condutor.
Essa personalização do condutor permite mudar as cores e texturas dos capacetes, trajes, chassis e pneus, selecionar o tipo de condutor (armador, ala ou pivô — os três possuem atributos diferentes, como rapidez e força), escolher entre uma pequena seleção de modelos de capacete e mudar o número indicado nas costas do jogador.
A personalização, que poderia ser um grande destaque aqui, não é tão interessante quanto talvez pudesse ser: as únicas partes desbloqueáveis são os capacetes; as outras partes do condutor só podem ter suas cores e texturas alteradas (além do número nas costas). A forma de desbloqueio desses capacetes é simples: obtendo troféus, que podem ser conquistados em partidas contra bots de diversos níveis de dificuldade, e nos diversos desafios espalhados pelo parque.
Esses desafios são variados: há alguns em que o jogador deve fazer um percurso desviando de cones, fazer uma determinada quantidade de cestas, alcançar áreas por meio de manobras no ar, entre outros. Ao completar um desafio dentro do tempo recomendado, obtemos um troféu. A princípio, o único propósito desses troféus é o desbloqueio de novos capacetes (há um total de 25 a serem coletados). Os desafios contam com níveis de dificuldade variados, nos quais os percursos mais difíceis são mais complexos e o tempo limite é mais curto.
Apesar da variedade de desafios, não há muito o que se fazer entre as partidas além do que comentei. Esses desafios, para mim, não apresentam um grande incentivo para serem completados. Alguns oferecem como recompensa anéis que ficam brilhando nas mãos do jogador, mas a ausência de qualquer explicação no jogo (como se há alguma vantagem em obtê-los ou se são puramente cosméticos) também não contribui como incentivo.
É claro que, inegavelmente, as disputas entre jogadores são o grande foco do título — mas, ainda assim, sinto que há aqui um grande potencial (seja nos conteúdos single player ou numa maior variedade na personalização) que não foi tão bem explorado quanto poderia. No parque não há nenhum NPC, nenhum objetivo secundário, nenhuma loja de itens cosméticos... apenas uma grande quadra com alguns desafios, que serve como lobby para procurar partidas online.
Hora do três contra três sobre rodas
O ponto alto de Drag x Drive, certamente, são as partidas. As disputas são rápidas e frenéticas, contando com três jogadores em cada time. O objetivo, claro, é marcar mais cestas do que a equipe adversária. Para roubar a bola de um oponente é necessário esbarrar nele de frente ou interceptar um passe; e quando estamos levantando a bola com uma das mãos e somos atingidos por outro jogador, o lançamento é interrompido, sendo necessário tentar o arremesso novamente.
Parece simples, e realmente é: as regras têm um pouco do basquete original — há cestas de dois e três pontos, dependendo de onde o jogador arremessou a bola — e não há nada tão inovador aqui que mereça ser mencionado. O único fator mais interessante é que, dependendo da manobra feita durante o arremesso da bola, ganhamos pontos adicionais (como 0,1 ou 0,2 ponto a mais em uma cesta por ter realizado uma manobra antes). Os aspectos mais singulares a serem vistos nas partidas são os itens cosméticos dos jogadores, como comentei antes — não há nem mesmo cenários diferentes, quadras a serem escolhidas ou regras para selecionar, somente o padrão desde o início.
Nesse aspecto, acredito que Drag x Drive poderia certamente ter se beneficiado de regras personalizáveis, já que as partidas (contra bots e jogadores online) sempre duram obrigatoriamente três minutos, e vence a equipe com mais cestas — caso uma das equipes fique com a bola por mais de 14 segundos, ela irá para o time adversário. Modos de jogo que fujam do padrão e talvez mecânicas diferenciadas (quem sabe algo semelhante ao turbo coletável usado em Rocket League?) não estão presentes, e fazem muita falta. Infelizmente, o título não explora nenhuma possibilidade além do que se propõe: partidas curtas de basquete sobre rodas.
Jogando online: a cesta de três pontos
Apesar de divertidas, as partidas contra bots rapidamente se esgotam: há nove níveis de dificuldade, que rendem troféus quando são completados, como já comentei. Dito isso, Drag x Drive se destaca mesmo quando falamos nas partidas online. Pude testar diversas partidas, e a diversão foi garantida. Afinal, jogos que envolvem disputas esportivas não são a mesma coisa se não estamos discutindo ou gritando com amigos (estou olhando para você, Mario Kart!).
As salas (ou parques) são facilmente criadas e rapidamente as disputas começam. Toda a diversão das partidas contra bots é triplicada ao jogar com outras pessoas; apesar disso, essa animação não dura tanto — como dito, não há nenhuma variedade nas regras e nos modos de jogo. O que acaba salvando um pouco nesse aspecto são os minijogos que acontecem entre cada partida, mas a variedade também deixa a desejar: são apenas dois, chamados de Volta veloz e Busca a bola.
O primeiro é uma espécie de corrida entre os jogadores: todos competem para chegar em primeiro lugar em duas áreas espalhadas pelo parque. O segundo minijogo é bem literal — quem pegar a bola primeiro, vence. Achei o Busca a bola o mais divertido, já que a bola é atirada do alto da quadra, e sai quicando por todo o ambiente, tornando a tarefa de pegá-la bem complexa. Não tenho dúvidas de que se Drag x Drive tivesse mais modos como esse (ou até mesmo se pudéssemos selecioná-los a qualquer momento, não só entre as partidas) o jogo seria muito mais divertido e completo.
Durante as partidas online, foram poucas as vezes que notei algum atraso, e os que ocorreram provavelmente foram causados pela qualidade da minha conexão ou dos outros jogadores. Jogar com outras pessoas — ainda mais utilizando o GameChat — é realmente a alma do jogo: cada cesta acertada rende palmas dos colegas (e até dos adversários), podemos fazer um “toca aqui” a qualquer momento, ao fim das partidas cada jogador recebe um título baseado no seu desempenho (além daqueles mesmos anéis que podem ser obtidos nos desafios) e podemos consultar estatísticas mais completas depois de cada partida finalizada.
Fim de jogo
Para ser honesto, Drag x Drive me entreteu até mais do que eu esperava. Os controles são realmente divertidos de se aprender, acertar as cestas dá aquela sensação única de satisfação. Trata-se de um belo jogo, com ótimos gráficos, e vale notar que não passei em nenhum momento por quedas de fps ou outras questões técnicas chamativas.
Apesar disso, é impossível ignorar os diversos pontos fracos do título, que infelizmente chamam muito a atenção: não há nenhuma opção de multiplayer local, limitando as partidas ao single player ou ao online, quase nenhum incentivo para o desbloqueio dos poucos itens de personalização, e pouquíssima variedade de modos de jogo. Outro detalhe: eu percebi ao menos três erros (que parecem ser de digitação mesmo) na localização do jogo para o português brasileiro.
É uma pena que Drag x Drive deixe tanto a desejar nesses aspectos, pois a Nintendo acertou em cheio nas ideias para a movimentação com o uso dos Joy-Con 2. Porém, fica claro que há muito potencial não explorado aqui: do jeito que está, o jogo diverte, mas não por mais do que poucas horas. Falta aquela personalidade típica dos jogos da Big N — seja no ambiente, na trilha sonora, nos modos de jogo ou nos personagens. Resta torcer para que algum conteúdo extra (de preferência gratuito) seja adicionado no futuro, ou o título corre o risco de ser esquecido como uma simples tech demo do Nintendo Switch 2.
Prós
- Ótimo uso da vibração HD 2, contribuindo para a imersão;
- Gráficos e desempenho dignos de um jogo de Switch 2;
- Praticidade no uso do modo mouse, não sendo necessária uma mesa;
- Partidas rápidas e muito divertidas no modo online;
- Controles de movimento responsivos e fáceis de aprender.
Contras
- Ausência de qualquer opção de multiplayer local, usando um único console;
- Pouco incentivo para completar os desafios;
- Regras fixas nas partidas;
- Nenhuma variedade de cenários, modos de jogo ou personagens para além da personalização simples;
- Alguns erros na localização PT-BR;
- O uso dos controles pode causar desconforto após sessões mais longas;
- Conteúdo single-player raso.
Drag x Drive — Switch 2 — Nota: 6.0
Revisão: Vitor Tibério
Análise produzida com cópia digital cedida pela Nintendo


















