Análise: Teenage Mutant Ninja Turtles: Tactical Takedown é estratégia bem-humorada e de qualidade no Switch

Este novo título das Tartarugas Ninja é uma ótima pedida tanto para os fãs da franquia quanto para quem curte um bom jogo de estratégia em turnos.

em 22/08/2025
Desenvolvido pelo estúdio indie Strange Scaffold (El Paso, Elsewhere, I Am Your Beast, dentre outros), Teenage Mutant Ninja Turtles: Tactical Takedown é o primeiro jogo de estratégia em turnos protagonizado pelas Tartarugas Ninja desde a criação dos personagens na primeira metade da década de 1980. Esbanjando qualidade em quase todos os seus elementos e contendo diversas referências para os fãs de longa data da franquia, esta é uma curta, mas divertida aventura que merece ser jogada no Switch, console onde chega após sua elogiada estreia no PC.

Unindo a equipe novamente em um momento de crise

Tactical Takedown começa com uma invasão do maléfico Clã do Pé ao lar das Tartarugas. Infelizmente, somente Michelangelo se encontra no local no exato momento do crime, de modo que cabe ao jovem tentar impedir os vilões de alcançar seu objetivo — uma relíquia antiga do Destruidor, guardada no esconderijo.

Após uns bons sopapos para lá e para cá, o guerreiro descobre que, na verdade, a invasão está sendo liderada por Karai: uma misteriosa ninja de alto escalão, operando sob as ordens de Stockman. Assim, mesmo com a queda do Destruidor e o falecimento do Mestre Splinter no passado, fica perceptível que o Clã do Pé está se reorganizando sob uma nova e perigosa liderança… mas quais seriam suas verdadeiras intenções?

Derrotado e poupado por muito pouco, Michelangelo consegue escapar, mas fica claro que a missão de parar os inimigos novamente não será fácil. Isso porque as tartarugas estão vivendo separadas após a morte de seu mentor, e será preciso triunfar primeiro individualmente para só então haver alguma esperança de reunir a equipe novamente.

Primeiro eu, depois você

Com as tartarugas separadas (e o comunicador inicialmente quebrado, impedindo um contato imediato), Tactical Takedown aproveita para trazer em sua narrativa uma oportuna reflexão sobre o amadurecimento e o seu impacto na relação com os entes queridos. Afinal, quem é que nunca sentiu falta do aconchego e do refúgio dos familiares quando alguma situação da vida adulta começou a apertar?

Mas, além de ser uma abordagem interessante para quem já acompanha os heróis há bastante tempo, essa proposta mais individualista também tem impactos na jogabilidade. Isso porque, na prática, Tactical Takedown é um jogo de estratégia em turnos organizado em capítulos e estágios; em cada um deles, controlamos uma das tartarugas, enfrentando numerosos inimigos e tentando sobreviver às mudanças das fases, que vão se transformando conforme as rodadas vão avançando, graças a uma mecânica chamada de “Level Mutation”.

Sim, graças às mutações entre turnos, as arenas onde a pancadaria se desenrola começam pequenas, mas vão se expandindo regularmente, obrigando o jogador a permanecer em movimento e também a ficar especialmente atento aos detalhes, como eventuais pizzas espalhadas pelo chão (úteis para recuperar vida) e eventos de fase, como carros em alta velocidade e lixo caindo do céu (para citar alguns exemplos).

De modo muito similar a um boardgame (claramente uma influência prática para a Strange Scaffold, dos visuais à jogabilidade), os limites físicos de cada estágio também são de particular importância. Afinal, simulando um tabuleiro flutuante, as bordas servem como abismo: extremamente úteis para você arremessar os oponentes, mas muito perigosos, caso você seja encurralado e esteja desprevenido.

Junte essa dinâmica e as transformações rotineiras aos fatos de que cada movimento ou golpe requer um número de pontos específico para ser executado e que cada herói só possui seis pontos de ação por turno (mais seis de vida), e o resultado é que é imprescindível pensar bem antes de agir para conseguir progredir.

E claro, cada um dos quatro protagonistas (Michelangelo, Raphael, Donatello e Leonardo) tem suas vantagens e desvantagens particulares, estabelecendo a fórmula para um jogo de estratégia simples de entender, mas bem-humorado e cativante o bastante para entreter durante toda a sua duração — principalmente os fãs da série, mas também aqueles jogadores que não conhecem muito do universo das tartarugas.

Entre erros e acertos…

Quem me conhece mais a fundo sabe que estratégia é um dos meus estilos favoritos nos games e que também sempre tive apreço pelas Tartarugas Ninja. Com isso, devo dizer que fiquei bastante satisfeito com Tactical Takedown: sua simplicidade na maior parte do tempo joga ao seu favor e é bem refrescante ver heróis que marcaram época se dando bem em um gênero que não seja o testado e aprovado beat ’em up.

Dito isso, a obra não está isenta de críticas. A maior delas diz respeito à sua duração: é possível completar a campanha do título em menos de oito horas, e a ausência completa de elementos de RPG ou de uma progressão mais robusta (apesar de ser possível comprar novos golpes para os protagonistas) pode frustrar quem está acostumado com um pouco mais de complexidade nesse sentido.

O mesmo, inclusive, se aplica às renderizações dos cenários e personagens. Como mencionei anteriormente, a Strange Scaffold parece ter se inspirado em jogos de tabuleiro para desenvolver este game, o que traz um certo charme no início, quando o jogador ainda está notando que tudo parece ter sido feito em papelão. Porém, com poucas variações durante a gameplay, não demora muito para a aventura se mostrar um pouco repetitiva e até mesmo pobre visualmente.

Visto que cada tartaruga também possui suas próprias características de jogo, também fiquei desapontado de não poder jogar com mais de uma ao mesmo tempo nas fases. Com certeza teria sido interessante montar combos que aproveitassem a letalidade do Raphael e a engenhosidade de Donatello, por exemplo. Talvez isso esteja sendo guardado para um DLC? Só o tempo dirá.

Tecnicamente impecável no Switch

Tocando nos aspectos técnicos, Tactical Takedown se sai de forma impecável no Switch — sem dúvidas, uma vantagem ligada a sua simplicidade visual. Porém, além da boa performance, enfatizo que o seu estilo de jogo, com fases curtas e ações por turnos, adapta-se muito bem à versatilidade do console da Nintendo.

Cabe mencionar que este port também chega completo com o novo Remix Mode: um update que chegou recentemente à versão de PC do título, paralelamente ao lançamento do game nos consoles. Basicamente, o Remix é uma releitura da campanha, com mais inimigos e uma dificuldade maior para os jogadores que preferem um tempero apimentado em suas pizzas. 

Infelizmente, no entanto, o título não está localizado para PT-BR, o que pode prejudicar a compreensão dos golpes e da história se o jogador não tiver o hábito de ler em outro idioma. Considerando a grande base de fãs da franquia por aqui (e que obras como Shredder’s Revenge têm suporte ao nosso idioma), torço para que essa questão seja revista em uma atualização futura.

Como uma pizza bem-servida que cumpre seu propósito

Teenage Mutant Ninja Turtles: Tactical Takedown cumpre seu propósito com louvor, entregando um título divertido que certamente agradará tanto aos fãs de estratégia quanto aos jogadores que buscam uma nova aventura das Tartarugas Ninja no Switch.

No fim, quando analisada a fundo, é certo que esta “pizza” poderia ser um pouco maior ou ter mais detalhes em sua composição, mas também é inegável que ela consegue entregar uma contagiante e prazerosa refeição. E no fim, isso é o que importa, correto?

Prós

  • Entrega uma história leve e descontraída das Tartarugas Ninja, com uma oportuna reflexão sobre o que é amadurecer estando longe da família;
  • Prova que as Tartarugas têm lenha para queimar mesmo longe dos jogos de ação ou beat ‘em up, com uma jogabilidade de estratégia por turnos simples, mas definitivamente cativante;
  • A inclusão do Remix Mode traz um desafio a mais para a campanha para quem já jogou o título no PC ou simplesmente quer um desafio maior que o padrão;
  • Até por conta dos visuais mais simples, não apresenta problemas de performance ou qualidade no Switch, e sua jogabilidade também combina com a versatilidade do console da Nintendo.

Contras

  • Por mais divertida que seja, a campanha pode ser concluída em menos de oito horas, o que pode ser pouco para alguns jogadores;
  • Os visuais simples e a pouca variação de cenários torna o título pobre, visualmente falando;
  • A falta de localização para PT-BR é notável, tendo em vista a legião de fãs brasileiros das Tartarugas.
Teenage Mutant Ninja Turtles: Tactical Takedown — PC/Switch/XSX — Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Vitor Tibério
Análise produzida com cópia digital cedida pela Strange Scaffold
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Alan Murilo
é publicitário e copywriter que aprecia um bom jogo tanto quanto um bom café. Gamer desde que segurou um controle de Super Nintendo pela primeira vez, tem um apreço especial pelos títulos independentes e pelas diversas franquias da Big N.
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