O mundo foi tomado por criaturas monstruosas. A Cidade Rubra resiste com muros altos e Inquisidores habilidosos. Você é um deles e assiste de perto enquanto o Clérigo Rei usa sua luz divina para torturar uma bruxa em frente a uma multidão sedenta por sangue. De repente, você age rápido e mata a feiticeira, poupando-a da dor. A partir daí, escuta sussurros que te guiam durante sua jornada. Eis a premissa de Mandragora: Whispers of the Witch Tree, jogo de RPG ambientado em um brutal universo de fantasia sombria.
Construindo um guerreiro
Como é de costume em RPGs de fantasia, o primeiro ato do jogador é a construção do seu personagem. Entre a escolha da classe e a distribuição dos pontos, pode-se chegar a vários estilos de jogo diferentes, com muita variedade disponível.
É possível iniciar a jornada com uma build mais mágica ou mais física, bem como mais veloz ou mais intensa, e também mais capaz de receber dano ou mais focada em infligir dano no inimigo. Além disso, existem diversas opções de armas que mudam o funcionamento do combate, assim como uma série de itens capazes de modificar o fluxo das lutas.
Vale ressaltar a interação entre toda essa variedade e o sistema de combate classificado pelos desenvolvedores como soulslike. Faz-se necessário levar as lutas a sério, identificando os padrões dos inimigos e reagindo apropriadamente, especialmente nos chefões. Dessa forma, é preciso desviar com precisão dos ataques dos adversários e atacar rapidamente quando surge uma abertura.
A parte interessante está no fato de que os espectros da construção do personagem são postos à prova aqui: dependendo da build escolhida, a dinâmica desse jogo de atenção, aprendizado e execução muda significativamente, de modo que cada jogador terá uma experiência única.
Descobrindo um mundo
Mas não é só de combate que Mandragora: Whispers of the Witch Tree é feito. A obra apresenta também um riquíssimo mundo de fantasia sombria chamado Faelduum. Ele contém uma série de histórias transmitidas não só por seus personagens, mas também por seus ambientes. As regiões do jogo frequentemente possuem sinais dos seus passados e dos seus presentes, com destaque para os visuais atrativos do início ao fim. A profundidade dos gráficos em 2.5D permite que evidências do histórico dos locais estejam presentes tanto à frente quanto atrás da ação na tela.
A abundância de narrativas ambientais não significa, contudo, que o jogo seja fraco no trabalho de personagem. O que ocorre é exatamente o oposto: cada novo rosto representa uma nova personalidade interessante, com um passado e perspectivas próprias, além de novas interações que enriquecem ainda mais o mundo de Faelduum.
Destaca-se o “núcleo duro” de personagens, representado por aqueles que se juntam à caravana do protagonista na chamada Árvore da Bruxa. Com diálogos sobre a opinião de cada um sobre o restante dos companheiros, essas figuras ainda providenciam serviços úteis para o progresso no jogo.
Enfrentando os desafios
Agora, cabe examinar um aspecto esperado do jogo, quando se leva em conta o rótulo soulslike: sua intensa dificuldade. De fato, a comparação com Dark Souls é justa nesse sentido, especialmente considerando o fato de que o nível de desafio do jogo torna-se bastante impiedoso. A série Souls é também uma boa analogia para Mandragora: Whispers of the Witch Tree na medida em que, diferentemente de outros jogos como Hollow Knight em que os combates são de alta velocidade, é preciso levar em conta o tempo das animações de cada ataque e uso de itens.
Todavia, um problema da experiência é a forma como se apresenta a dificuldade. Ao invés de aumentá-la gradualmente, as porções iniciais do jogo acabam por ser razoavelmente receptivas, até chegar ao ponto de que alguns chefões brutais se impõem no caminho do progresso do jogador. Dessa forma, a curva de dificuldade é subitamente elevada, e o ritmo da obra é negativamente afetado. Todavia, se o que se busca é um desafio impiedoso e exigente ambientado em um rico mundo de fantasia sombria, Mandragora: Whispers of the Witch Tree não decepciona nem um pouco.
Prós
- Ampla variedade de opções tanto na construção do personagem quanto no desenrolar do jogo;
- Combate soulslike que exige atenção e paciência, especialmente nos chefões;
- Riquíssimo mundo de fantasia sombria cheio de narrativas ambientais;
- Personagens interessantes e bem construídos, especialmente a caravana de companheiros.
Contras
- Ritmo do jogo acaba por ser quebrado por uma súbita elevação da dificuldade.
Mandragora: Whispers of the Witch Tree — PC/PS4/PS5/XBO/XSX/Switch — Nota: 8.5Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Cristiane Amarante
Análise produzida com cópia digital cedida pela MY.GAMES



