Nintendo Switch 2: quais franquias da Nintendo poderiam retornar na plataforma

Nessa coluna, destaco algumas franquias "esquecidas" pela Nintendo, que eu gostaria que dessem as caras no Nintendo Switch 2.

em 27/09/2025


Quando Fusajiro Yamauchi fundou a Nintendo em 1889, a empresa era apenas uma pequena fabricante de cartas Hanafuda (jogo famoso na época no Japão) em Kyoto. Décadas depois, sob o comando de seu neto, Hiroshi Yamauchi, a companhia buscava novos caminhos: de táxis a arroz instantâneo, a Nintendo tentou de tudo até encontrar, nos videogames, o terreno perfeito para florescer.


Foi uma decisão ousada, mas que mudaria para sempre a história da indústria do entretenimento. Com o NES, a Nintendo não só revitalizou um mercado abalado pela crise dos videogames no início dos anos 80 como também inaugurou um novo capítulo na cultura pop mundial. Nasciam, ou ganhavam forma definitiva, franquias que se tornariam eternas: Mario, Zelda, Metroid, Donkey Kong, Kirby.

E quem não cresceu com esses personagens? Lembro da primeira vez que joguei Mário. Ali nascia um nintendista, encantado pelo mundo Nintendo e suas franquias. Jogos que não eram apenas pixels coloridos na tela; eram convites para a imaginação, lugares onde muitos de nós crescemos, rimos, choramos e nos desafiamos. E é exatamente aí que está a magia da Nintendo: criar universos que transcendem o tempo, acompanhando gerações de jogadores.

Contudo, com tanto tempo de história no mundo dos videogames e tantos personagens criados, é até normal que a empresa não consiga trazer todas as suas franquias dentro de uma geração, e muito dos nossos personagens favoritos prosseguem guardados no baú da nostalgia, podendo ser revisitados apenas como participantes secundários de outros jogos ou lutadores em Super Smash Bros. 

Com a chegada do Nintendo Switch 2, não há momento melhor para sonhar com o retorno desses jogos, que, mesmo sem lançamentos recentes, continuam no nosso imaginário. Nessa coluna, preparei uma lista com alguns games que eu gostaria que retornassem no novo console da Nintendo. Espero que gostem.

Star Fox


Poucas franquias da Nintendo representam tão bem a sensação de aventura espacial quanto Star Fox. Desde o lançamento original no Super Nintendo, em 1993, a série mostrou a ousadia da empresa em experimentar novas tecnologias — no caso, o famoso chip Super FX, que permitiu gráficos poligonais até então impensáveis em um console caseiro. Além da inovação técnica, foi a primeira vez que muitos jogadores se sentiram verdadeiros pilotos em uma missão épica, comandando Fox McCloud e sua equipe em batalhas cheias de adrenalina.

Ao longo dos anos, Star Fox viveu altos e baixos. Star Fox 64 solidificou a franquia como uma das mais queridas da época do Nintendo 64, com vozes marcantes, rotas alternativas e batalhas memoráveis. Mas, depois disso, a série perdeu força: experimentou novos estilos em Adventures e Assault, ganhou um spin-off polêmico com Command e, desde então, permanece praticamente no limbo — com exceção do remake no 3DS e a tentativa de ressurgimento no Wii U com Star Fox Zero. No Switch, temos a participação especial dos personagens no jogo Starlink, porém, para personagens e história tão marcantes, é pouco para os fãs.

O Switch 2, no entanto, representa uma chance única de trazer de volta essa sensação de pilotar uma nave como nunca antes. Com a tecnologia atual, é possível imaginar batalhas espaciais grandiosas, integração online para missões cooperativas, ou até mesmo um modo campanha que combine o clássico on-rails com exploração livre. Além disso, em uma era onde os jogos de espaço voltaram a ganhar força, a Nintendo poderia devolver ao público aquela magia que só Star Fox consegue entregar: a mistura perfeita entre ação arcade e o espírito de aventura cósmica.

F-Zero


Outro personagem marcante de Super Smash Bros, mas que está em falta de jogos próprios, Captain Falcon esbanja carisma e velocidade. Se Mario Kart é sinônimo de diversão entre amigos, F-Zero sempre foi a representação da velocidade pura e da ousadia da Nintendo. Lançado em 1990 no Super Nintendo, o jogo impressionou ao usar o Mode 7 para criar a ilusão de pistas tridimensionais, algo revolucionário na época. 

Mais do que um game de corrida, F-Zero era sobre adrenalina: trilhas sonoras marcantes, pistas insanas e naves que voavam a centímetros da explosão. O auge veio com F-Zero X, no Nintendo 64, e, principalmente, F-Zero GX, no GameCube — até hoje lembrado como um dos jogos de corrida mais desafiadores e tecnicamente impressionantes da história. Porém, depois dele, silêncio. A franquia nunca recebeu um novo título principal.

O Switch 2 pode ser a oportunidade perfeita para trazer F-Zero de volta à linha de frente. Com a tecnologia atual, é fácil imaginar pistas colossais, cenários futuristas ainda mais vibrantes e modos online competitivos capazes de conquistar tanto veteranos quanto novatos. Além disso, em um mercado onde a velocidade e a ação futurista voltaram a ter apelo, vide sucessos como Wipeout e até Fast RMX no Switch, a Nintendo poderia recuperar um espaço que só ela sabe preencher: o da corrida em altíssima velocidade, com identidade própria e inconfundível.

Kid Icarus















Poucas franquias da Nintendo têm uma trajetória tão curiosa quanto Kid Icarus. O jogo original, lançado em 1986 para o NES, misturava elementos de plataforma e ação com uma ambientação inspirada na mitologia grega, algo bem diferente do que a Nintendo costumava oferecer na época. Apesar do charme e da dificuldade marcante, a série permaneceu adormecida por mais de duas décadas, até renascer em 2012 com Kid Icarus: Uprising, no Nintendo 3DS.

Esse retorno mostrou o potencial da franquia em mãos modernas. Sob direção de Masahiro Sakurai, Uprising trouxe Pit e Palutena de volta em uma aventura que misturava humor afiado, jogabilidade aérea intensa e combates terrestres repletos de personalidade. O jogo conquistou fãs, mas também enfrentou críticas pelo controle desconfortável no portátil. Ainda assim, foi prova de que Kid Icarus tinha muito a oferecer.

Com o Switch 2, seria a chance ideal de dar a Pit uma nova aventura, agora sem as limitações técnicas do 3DS. Imagine batalhas aéreas fluidas com controles aprimorados, campanhas épicas em escala maior e até modos cooperativos ou competitivos online. Kid Icarus poderia ocupar um espaço único dentro do catálogo da Nintendo: um jogo de ação e fantasia, com carisma e estilo próprios, pronto para encantar uma nova geração de jogadores.

Earthbound












Se existe uma franquia da Nintendo que carrega um status quase mítico, essa é Earthbound. Conhecida no Japão como Mother, a série criada por Shigesato Itoi conquistou fãs não apenas pelo gameplay, mas, principalmente, pela forma como contava histórias. Earthbound, lançado no Super Nintendo em 1994, parecia um RPG “estranho” à primeira vista: em vez de guerreiros medievais e dragões, tínhamos crianças comuns enfrentando alienígenas e bizarrices do cotidiano americano, tudo com muito humor, ironia e, ao mesmo tempo, uma sensibilidade rara.

Apesar das vendas modestas na época, Earthbound se tornou um clássico cult, adorado por uma comunidade apaixonada que nunca deixou a chama se apagar. Tanto que a presença de Ness e Lucas em Super Smash Bros. ajudou a manter viva a memória da franquia. Contudo, oficialmente, a Nintendo nunca retomou a série, deixando os fãs órfãos de novas aventuras.

O Nintendo Switch 2 poderia finalmente dar a Earthbound o lugar de destaque que merece. Um remake moderno, preservando o estilo peculiar e a alma excêntrica da série, ou até mesmo uma continuação espiritual supervisionada por Itoi, seria um presente para os fãs de longa data e uma oportunidade de apresentar esse universo único para novos jogadores. Em um cenário onde RPGs narrativos e emocionais estão em alta, Earthbound tem tudo para se tornar, novamente, um fenômeno — desta vez, reconhecido em sua grandeza desde o começo.

Geist















Entre todas as franquias esquecidas da Nintendo, talvez nenhuma seja tão enigmática quanto Geist. Lançado em 2005 para o GameCube, o jogo nasceu de uma parceria pouco usual entre a Nintendo e o estúdio norte-americano n-Space. Diferente do estilo colorido e familiar que a empresa costuma adotar, Geist apostava em uma narrativa sombria e adulta, misturando tiro em primeira pessoa com mecânicas de possessão de corpos e objetos. Talvez nem todo fã se lembre, mas certamente foi um dos jogos que, apesar de todos os problemas, foi um dos que eu mais gostei no GameCube, justamente pela característica diversa das outras franquias.

No papel de John Raimi, um agente especial que tem sua alma separada do corpo, o jogador precisava usar a habilidade de possuir soldados, animais e até itens do cenário para resolver enigmas e avançar na história. Era uma proposta ousada, que se diferenciava de praticamente tudo o que a Nintendo já havia publicado. Apesar do potencial, problemas técnicos e de ritmo impediram Geist de alcançar o sucesso que poderia ter tido.

Mas justamente por isso o Nintendo Switch 2 seria o palco perfeito para um renascimento. Com a tecnologia atual, seria possível transformar as ideias originais de Geist em algo muito maior: ambientes mais imersivos, narrativa cinematográfica e mecânicas de possessão aprimoradas que poderiam até explorar recursos modernos como realidade aumentada ou multiplayer assimétrico. Trazer de volta Geist seria também mostrar que a Nintendo ainda pode surpreender, explorando territórios que vão além do que se espera dela, porém sem perder a ousadia criativa que sempre esteve no seu DNA.

Menções honrosas

É claro que a lista poderia ser ainda maior. Séries como Golden Sun, Wave Race, Chibi-Robo! e até Punch-Out!! também mereciam uma chance de brilhar novamente. Cada uma delas marcou jogadores em diferentes gerações, seja com sua originalidade, seu carisma ou simplesmente pela sensação única que só a Nintendo consegue proporcionar.

Mas, entre tantas opções, Star Fox, F-Zero, Kid Icarus, Earthbound e Geist representam a mistura entre o nostálgico e o ousado, que particularmente eu gostaria de ver na nova geração da Nintendo. Revisitar universos que nos marcaram, porém que foram deixados de lado, seja por mudança de rota da empresa, por número baixo de vendas ou qualquer outro motivo e explorar o novo com mais tecnologia e capacidade é o que eu sonho e acredito para o Nintendo Switch 2. Talvez a Nintendo pense diferente, mas sonhar não custa um centavo.

Afinal, se a Nintendo construiu sua história nos videogames equilibrando tradição e inovação, nada mais justo do que olhar para trás com carinho e trazer de volta franquias que ainda têm muito a oferecer. Revivê-las não seria apenas um presente para os veteranos, mas também uma forma de mostrar às novas gerações que a magia da Nintendo sempre esteve, e continua, na capacidade de reinventar o passado para criar futuros inesquecíveis.

Faltou alguma franquia? Tem alguma em especial que te marcou? Se você concorda ou discorda do texto, comenta aqui e nos deixe saber um pouco mais sobre sua opinião.


Revisão: Alessandra Ribeiro

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Pedro Macedo
Pai da Aurora, médico, economista. Tornou-se nintendista aos 4 anos de idade após ganhar um SNES. Escreve sobre o contexto econômico dos videogames e o impacto positivo deles na saúde mental dos jogadores. Mestre Pokemon nas horas vagas. Siga-me no Instagram
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