Análise: PAC-MAN WORLD 2 Re-PAC traz de volta uma sequência marcante estrelada por um dos maiores ícones dos games

O remake apresenta várias novidades e mudanças, mas sem deixar de valorizar o conteúdo original.

em 25/09/2025

Em 2002, a sequência de Pac-Man World, aventura tridimensional do icônico Pac-Man, chegava aos consoles: Pac-Man World 2 rapidamente se tornou um clássico dos plataformas 3D, fugindo da linearidade dos níveis de seu antecessor e trazendo ainda mais conteúdo, colecionáveis e exploração. Agora, seguindo a tendência do primeiro título e como parte da comemoração de 45 anos do personagem, o jogo foi relançado como PAC-MAN WORLD 2 Re-PAC, trazendo não só uma nova roupagem para a aventura, mas se consolidando como sua versão mais completa e definitiva.

Uma busca repaginada pelas Frutas Douradas

A história de WORLD 2 Re-PAC se manteve simples: na calada da noite, os conhecidos (e travessos) fantasmas Blinky, Inky, Pinky e Clyde invadem a Pac-Vila e arrancam as Frutas Douradas da grande Árvore Dourada. Acidentalmente, os espíritos acabam por despertar o maligno Nefausto, que havia sido selado na árvore há muito tempo — e ordena que os fantasmas peguem as frutas e o acompanhem.


No dia seguinte, Pac-Man é surpreendido pelo estado da vila e da árvore, e o prestativo Professor Pac lhe explica a lenda do herói que venceu e selou Nefausto na Árvore Dourada. Sendo assim, cabe ao redondo protagonista recuperar as frutas roubadas e impedir que o espírito cruel se torne poderoso o suficiente para dominar toda a Pac-Land.

Curta e direta, a história é apresentada por meio de cutscenes que receberam um retrabalho completo: muitas foram estendidas quando comparadas às originais, e agora contam com falas dubladas dos personagens principais. Em especial, Pac-Man é dublado por Martin T. Sherman, que foi a voz do protagonista em Pac-Man World 3 (lançado em 2005). Apesar de não haver uma opção de dublagem em português, o título conta com legendas completas em PT-BR durante os diálogos e cutscenes.

Conteúdos inéditos em uma aventura simples

WORLD 2 Re-PAC conta com diversas adições novas, que tornam o jogo uma experiência bem diferente em comparação ao lançamento original. As novidades já aparecem logo no início, a começar pela Pac-Vila: o hub principal da aventura contava somente com o fliperama, onde era possível ouvir a trilha sonora e experimentar partidas no estilo do Pac-Man original. Agora, além do fliperama, há outras localidades na vila que podem ser visitadas conforme progredimos no jogo.


Quando joguei o título original, não via motivos para retornar à Pac-Vila por quase toda a duração da aventura, já que as partidas do Pac-Man original não me interessavam tanto. Agora, o remake traz algumas adições que dão mais vida ao local: o fliperama recebeu novas atrações, como máquinas gashapon que podem ser usadas com moedas para obter estatuetas com diversos personagens da franquia (e que podem ser exibidas em pedestais espalhados pela vila); também há diversas missões a serem completadas em cada fase que, ao serem completadas, rendem recompensas como discos contendo faixas da trilha sonora e novas roupas para Pac-Man.


E falando nas roupas, há dezenas delas a serem desbloqueadas por meio das missões, e podemos trocar de vestimenta na nova construção que fica sob os cuidados da personagem Nova. Essas missões variam: coletar todas as frutas de uma fase, derrotar todos os inimigos, atingir uma determinada pontuação e assim por diante. As roupas servem como um incentivo a mais para vasculhar cada canto dos níveis, mas não trazem efeitos adicionais, sendo puramente cosméticas. Já nas fases finais de cada mundo, completar as missões rende novas máquinas de arcade a serem usadas no fliperama da Pac-Vila.

Novas e velhas mecânicas

O grande destaque de Pac-Man World 2 era sua jogabilidade: controlar Pac-Man era simples e os movimentos ocorriam de forma bem fluida. Apesar disto, a câmera por vezes mais atrapalhava do que ajudava, e o protagonista se movia um pouco rápido demais, adicionando uma camada extra de dificuldade na aventura. Pessoalmente, sempre tive dificuldade em acertar determinados pulos por não ter uma noção mais exata de onde Pac-Man iria aterrissar depois de saltar.


WORLD 2 Re-PAC buscou solucionar parte dos problemas do título original. Agora, há um círculo que surge logo abaixo de Pac-Man quando pulamos, indicando onde cairemos, além da possibilidade de se chutar inimigos e caixas sem precisar estar no ar. No geral, as mudanças são bem-vindas, mas não pude deixar de notar que o personagem parece “flutuar” um pouco demais.

Explico: há momentos em que pulamos de lugares altos, e automaticamente Pac-Man balança os braços e cai suavemente. Parece que o remake acabou saindo de um extremo para o outro: se no original caímos rápido demais (e ainda sofríamos com um dano de queda bem punitivo), agora caímos devagar demais, tornando o ritmo do jogo um pouco mais lento.


Apesar disso, há uma série de mudanças em cada nível que aprimoraram muito a experiência do título: o original contava com inúmeras fases curtas e muitas vezes repetitivas; WORLD 2 Re-PAC traz tantas alterações nos níveis que parecem mais fases novas. E isso é ótimo! Há novas seções de plataformas, novos inimigos e hitboxes mais balanceadas.


Os inúmeros colecionáveis retornam, em especial as frutas variadas em cada nível, além de moedas especiais a serem usadas no fliperama e um Galaxian a ser encontrado em cada nível. Por sinal, quando coletávamos um Galaxian no título original, automaticamente precisávamos completar uma subfase ao estilo do Pac-Man de arcade, interrompendo o ritmo da jogatina. Agora, essas fases são acessadas depois, diretamente no fliperama, ao coletarmos cada Galaxian, sem interrupções.

Mas não posso deixar de comentar que um dos grandes vilões do título retornou: a câmera. Como comentei, ela não ajudava muito no original. Agora, há uma configuração de Assistência de Câmera, mas infelizmente ela não resolve certos problemas que acontecem com frequência, como mudanças bruscas na orientação ou mesmo bugs que fazem com que a câmera dê zoom aleatoriamente em determinados momentos (em especial se Pac-Man está em algum local apertado ou próximo a alguma parede).

Desafios e mudanças que renovam a PAC-aventura

Apesar de alguns tropeços quando falamos em controles, o remake acerta muito em várias mudanças no conteúdo original. Uma delas (anunciada diversas vezes pela Bandai Namco) é a introdução de novos chefões em cada um dos mundos. No original, praticamente só o primeiro chefão e o último traziam lutas realmente únicas; as outras reciclavam um mesmo estilo de combate, com poucas diferenças entre si.


Mas WORLD 2 Re-PAC foi muito além do esperado, não só criando novos chefões para cada mundo, mas também adicionando uma segunda fase em cada batalha, aumentando o desafio e a variedade. O primeiro chefão, por exemplo, é um grande sapo robótico controlado por Blinky que sofre dano quando atacamos sua língua; quando reduzimos sua vida pela metade, o sapo ingere a fruta dourada guardada pelo fantasma, assumindo uma nova forma com ataques mais complexos e rápidos. É uma adição extremamente bem-vinda, dando mais importância para a última fase de cada mundo.


Inclusive, além das já mencionadas cutscenes, as lutas contra chefões receberam novos diálogos e cenas. No original, derrotar um chefão era no mínimo estranho: a cena era rapidamente cortada, e já estávamos de volta no mapa. Não havia nenhuma comemoração ou cena especial. Agora, Pac-Man dança junto com a fruta recuperada, num estilo semelhante a Super Mario Galaxy ou Super Mario Odyssey. Detalhes como esse mostram que o remake foi desenvolvido com atenção em diversos pontos.


Talvez por conta dos desafios trazidos pelos novos chefões, o Professor Pac também dá dicas quando perdemos uma vida em uma batalha (geralmente explicando como causar dano ou desviar de determinado ataque). E falando em dificuldade, o remake conta com uma dificuldade selecionável mais simples, chamada de Modo Fada: nele, Pac-Man não sofre dano, possui vidas infinitas e alguns blocos aparecem nas fases para fechar abismos e facilitar o progresso. É uma boa forma de tornar o jogo mais acessível a todos os públicos, já que o original trazia uma boa dose de desafios de plataforma.


O jogo também apresenta um mapa repaginado, onde a Pac-Vila se encontra no centro, e os outros mundos possuem caminhos interligados ao redor do local. A mudança não só é mais visualmente agradável, como torna o caminho de volta para a vila muito mais simples — no original, os mundos eram conectados praticamente por um único caminho linear que perpassava todas as áreas.

Um visual renovado e novas formas de jogar

O visual, como um todo, está bem mais detalhado e moderno, contando com animações mais fluidas e texturas mais realistas. A trilha sonora também recebeu um novo tratamento, mas, infelizmente, continua bem simples e repetitiva. Ficar numa mesma fase por muito tempo me fez abaixar o volume do console algumas vezes, já que o loop de cada música é relativamente rápido.

Por sinal, o desempenho na versão de Switch 2 é ótimo. Há alguns poucos carregamentos, mas são bem rápidos e não afetam o ritmo da aventura. Nas configurações, podemos selecionar dois modos: o Desempenho, que prioriza os 60 fps e resolução de 1080p com o console conectado à televisão ou no modo portátil; e o Resolução, que trava o jogo em 30 fps, mas permite uma resolução de até 4k quando conectamos o console à televisão. Como costumo jogar muito mais no modo portátil, priorizei o modo Desempenho e não tive nenhum problema, com o jogo rodando perfeitamente.


Uma última adição é o modo multiplayer, onde dois jogadores podem explorar os níveis juntos. Um jogador controla Pac-Man, enquanto o outro fica responsável por controlar o Pac-Drone, pequeno robô voador que pode atirar nos inimigos e aspirar frutas e itens próximos. A adição é uma forma divertida de implementar mecânicas multiplayer em uma aventura projetada para um jogador; o drone pode ser de grande ajuda para alcançar certos itens ou atordoar inimigos à distância. Outro ponto que me surpreendeu foi o suporte ao modo mouse dos Joy-Con 2: o jogador que controla o Pac-Drone pode mirar e atirar deslizando o controle sobre qualquer superfície.

A versão definitiva de um clássico

PAC-MAN WORLD 2 Re-PAC é um pacote completo e uma versão aprimorada de um título que já era ótimo: visual repaginado, novas adições nos níveis, chefões reimaginados, um hub principal com mais atividades e até mesmo um novo modo multiplayer. Claro, alguns percalços do World 2 original ainda permanecem, como a câmera que pode ser imprevisível e a curta duração da aventura — quem não desejar buscar todos os colecionáveis espalhados pelas fases ou completar todas as missões pode finalizar o título em algumas horas.


Por fim, o remake mostra um carinho especial dos desenvolvedores pela aventura e pelo personagem, trazendo de volta um dos títulos mais aclamados da franquia Pac-Man World. Há um bom equilíbrio entre as (muitas) novidades e o conteúdo original, e agora ficamos na expectativa de quando a trilogia estará completa, quando Pac-Man World 3 certamente receber o mesmo tratamento.

Prós

  • Hub principal reimaginado, trazendo mais vida e funcionalidades à Pac-Vila;
  • Novos chefões e batalhas criativas em cada mundo;
  • Novo mapa, facilitando a navegação entre os mundos e níveis;
  • Modo multiplayer divertido e bem implementado;
  • Visuais repaginados e novas cutscenes com legendas em PT-BR;
  • Novos colecionáveis e missões variadas para obtê-los;
  • Controles repensados (como a possibilidade de chutar sem estar no ar);
  • Nova opção de dificuldade simplificada, tornando o título mais acessível.

Contras

  • A trilha sonora continua repetitiva, apesar de remasterizada;
  • A câmera ainda causa problemas em vários momentos;
  • Coletar todos os itens em cada fase pode ser cansativo, e optar por não coletá-los torna a aventura bem mais curta.
PAC-MAN WORLD 2 Re-PAC – PC/PS4/PS5/XBO/XSX/Switch/Switch 2 – Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: Switch 2
Revisão: Cristiane Amarante
Análise produzida com cópia digital cedida pela Bandai Namco
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Felipe Castello
Designer gráfico de formação, é fã da Nintendo desde a infância, quando ganhou um SNES usado com Super Mario World e Donkey Kong Country. Apesar do carinho especial pela série Mario, também se diverte com Pokémon, The Legend of Zelda e Animal Crossing. Costuma jogar no (pouco) tempo livre entre os estudos e o trabalho.
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