Balas & Maldições
Mamorukun ReCurse! é um shoot’em up de progressão vertical no qual o próprio jogador determina o seu progresso em vez de a tela avançar automaticamente (padrão do gênero). Graças a isso, o jogador pode definir o seu ritmo, mas precisa ter cuidado com o tempo limitado para concluir as fases e alcançar o último chefe no modo arcade.
Em termos de controles, temos então que coordenar a movimentação para frente além das laterais para desviar das balas inimigas e avançar pela fase. Também é possível escolher entre três modos de tiro: o padrão original, o twin-stick e o twin-stick 360. No formato original, virar o personagem para um lado com o analógico, implica em atirar para aquela direção.
Com o twin-stick, desvinculamos o tiro, dando ao jogador um controle mais preciso do seu ataque. Embora quebre em grande parte os pontos cegos gerados pelo tiro associado ao movimento, vale destacar que, exceto na modalidade twin-stick 360, os personagens são impossibilitados atirar para trás, o que pode se tornar um incômodo especialmente em algumas fases e chefes. De forma geral, as opções alternativas embora sejam interessantes são mais inconveniências técnicas do que algo que realmente traz variedade ao jogo.
Porém, o que é realmente o grande diferencial de Mamorukun é o seu sistema de Curse Bullet. A ideia é que o jogador pode criar uma área de maldição com balas específicas, fazendo assim com que inimigos dentro daquele território fiquem mais fortes, mas rendam recompensas melhores. O tiro também tem o efeito que bombas de alguns shoot’em ups possuem: eliminando as balas no caminho temporariamente, dando outra utilidade defensiva para a mesma.
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| Como em DoDonPachi Resurrection, é possível rotacionar a tela. |
Um outro ponto chave da experiência é a variedade de personagens disponíveis, sendo sete opções ao todo. Cada um deles tem um padrão de balas diferente em seu funcionamento, tendo padrões mais focados em uma única direção enquanto outros são mais dispersos. Vale a pena testar todos e ver como eles se comportam nas fases, que podem ter padrões de inimigos e chefes bem distintos.
Os três modos
Ao todo, o jogo conta com três modos: Arcade, Story e Netherworld Adventures. O primeiro modo permite escolher um personagem e jogar fases selecionadas pelo jogador em uma lista. A cada seleção, os estágios não escolhidos ficam mais difíceis na próxima lista e são adicionados desafios com versões mais poderosas dos chefes das áreas já concluídas. Esse modo também inclui um tutorial bem básico explicando os botões e o funcionamento geral.
O modo Arcade tem um limite de tempo e cada fase realizada reduz esse valor até que o jogador chegue na área do chefão final. Por padrão, nosso personagem possui três vidas, embora isso possa ser alterado antes de iniciar o jogo, e continues estão liberados, mas eliminam totalmente a pontuação. Mudanças de dificuldade e número de vidas desclassificam qualquer pontuação obtida para o leaderboard online, que infelizmente só inclui o padrão inicial em vez de ter classificações separadas pelo menos para todas as cinco dificuldades.
No modo Story, a lógica é significativamente alterada, já que, em vez de um único personagem com várias vidas, temos cinco e perder uma vida implica em passar a vez para o próximo. Além disso, não é possível usar nenhum continue, sendo game over imediatamente caso todos os personagens sejam derrotados.
Até é possível continuar do último ponto da história através do menu inicial depois, mas as condições serão as mesmas de antes, então personagens mortos seguirão impossibilitados de participar do combate a menos que o jogador encontre vidas extras enquanto explora as fases. Ainda vale destacar também que, embora a história seja apresentada em um formato que remete a visual novels, não há um log para reler os diálogos caso o jogador acabe avançando muito rápido, como, por exemplo, apertando sem querer o botão de fast forward.
Por fim, o Netherworld Adventures (adicionado originalmente na versão de PS3) apresenta desafios em que o jogador deve escolher três personagens e encarar uma série de fases modificadas. Por exemplo, em um deles, é necessário avançar pelas áreas enquanto ceifadores perseguem o jogador. Em outro, tudo é extremamente acelerado, dificultando significativamente o avanço.
Tanto o Arcade quanto o Netherworld Adventures contam com um sistema de Practice, que permite ajustar os detalhes para poder aprender melhor como lidar com as fases. Assim, após jogar um pouco e notar a dificuldade em uma área específica, é possível aproveitar o sistema para revisitá-la e aprender os seus mecanismos. Vale destacar também que curiosamente os modos Story e Netherworld Adventures são jogados em widescreen enquanto o modo Arcade e o resto dos menus ficam na vertical com ilustrações nas laterais, sendo possível rotacioná-los para que o jogo ocupe um espaço maior da tela.
Além da gameplay
Para além de todos os pontos que comentei, vale destacar que o jogo conta com uma galeria que permite ver várias ilustrações dos personagens, documentos de referência de produção e até instruções (em japonês) que faziam parte dos arcades. Essas artes são liberadas como uma recompensa por jogar as fases e servem como um incentivo extra para explorar tudo do jogo. Junto com elas, também temos os filmes de apresentação do jogo.
Outro ponto curioso é a possibilidade de alterar a trilha sonora. Além de opções pré-definidas, dá para selecionar cada música de fase separadamente de forma customizada. As opções são exclusivamente versões diferentes da mesma música, com algumas tendo apenas um arranjo alternativo enquanto outras, como a popular YO-KAI Disco, contam até com versão cantada por Vocaloid. Dá para escutar todas as músicas também no menu Sound Test, incluindo as originais e todos os álbuns de arranjos alternativos usados como opções.
Conhecendo o outro mundo por querer
Prós
- Curse Bullets são um recurso estratégico riquíssimo para se usar;
- Boa variedade de personagens para jogar;
- A nova opção de controle ajuda o jogador a manipular os tiros de forma mais precisa e o original continua sendo utilizável para quem preferir;
- Três modos que oferecem uma boa quantidade de conteúdo dentro do que se espera do gênero, com especial destaque para o Netherworld Adventures;
- Sistema de Practice para treinar como lidar com as fases tanto do Arcade quanto do Netherworld Adventures;
- Galeria com ilustrações e filmes;
- Possibilidade de alternar entre diferentes arranjos da trilha sonora e customizar a versão de cada música separadamente.
Contras
- As diferenças de controle acabam sendo mais inconveniências técnicas do que algo em que todas as opções são interessantes;
- Ausência de log no modo história.
Mamorukun ReCurse! — PC/PS4/PS5/Switch/XSX — Nota: 9.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Beatriz Castro
Análise produzida com cópia digital cedida pela Clear River Games
[Atualização 14/10 às 16h00]: anteriormente, o texto mencionava a impossibilidade de atacar para trás como um contra. A escrita foi alterada para explicar melhor as três opções de controle, incluindo a opção twin-stick 360 que cobre essa deficiência e é a opção mais completa das três.