Análise: Mortal Kombat: Legacy Kollection é um belo tributo a franquia de lutas mais violenta.

Koletânea dos primeiros Mortal Kombat tem escolhas bastante interessantes de seus jogos. Por bem ou por mal.

Ah, Mortal Kombat… O criador da classificação indicativa ESRB, o campeão de reboots e, piadas a parte, um dos pilares do gênero de jogos de luta. Com personagens carismáticos, trilha sonora fenomenal e worldbuilding único, a franquia é uma das mais importantes na história dos jogos.


Com isso, temos em mãos Mortal Kombat: Legacy Kollection, mais um trabalho fenomenal da Digital Eclipse em seu comprometimento para preservar jogos antigos para futuras gerações. Sem mais delongas, escolha seu lutador e venha comigo.



CHOOSE YOUR FIGHTER

Um dos dois maiores atrativos da koleção é sua biblioteca, sem sombra de dúvidas. Abaixo estão todos os títulos incluídos:
  • Mortal Kombat – 1992 (Arcade, SNES, Genesis, Game Boy, Game Gear)
  • Mortal Kombat II – 1993 (Arcade, SNES, Genesis, Game Boy, 32X)
  • Mortal Kombat 3 – 1995 (Arcade, SNES, Genesis)
  • Ultimate Mortal Kombat 3 – 1995 (Arcade, WaveNet Arcade, SNES)
  • Mortal Kombat Trilogy – 1996 (PlayStation) (Este que foi meu primeiro MK, aliás)
  • Mortal Kombat 4 – 1997 (Arcade)
  • Mortal Kombat Mythologies: Sub-Zero – 1997 (PlayStation)
  • Mortal Kombat Special Forces – 2000 (PlayStation)
  • Mortal Kombat Advance – 2001 (Game Boy Advance)
  • Mortal Kombat: Deadly Alliance – 2002 (Game Boy Advance)
  • Mortal Kombat: Tournament Edition – 2003 (Game Boy Advance)
São 21 títulos, um número absurdamente grande em comparação com outras coletâneas de jogos de luta. Para se ter uma ideia, Street Fighter: 30th Anniversary Collection tem 12 jogos, enquanto Marvel vs. Capcom Fighting Collection: Arcade Classics tem 14 títulos (contando ambas versões japonesas e internacionais). Fica ainda mais legal porque é possível selecionar rapidamente os jogos com todos juntos ou filtrar por qual tipo de hardware foram lançados: Arcade, Console ou Portátil. Isso é muito legal e mais coletâneas poderiam usar essa ideia.

Claro, algumas ausências são sentidas como a versão Mega Drive de UMK3, MK Golden (a versão melhorada de MK4 para Dreamcast) e a versão de console de Deadly Alliance, mas a seleção ainda é extremamente forte e competente e o time de desenvolvimento está aberto a lançar mais títulos como DLC.

Arenas, poços e florestas escuras

Variedade é o que não falta na koleção e comodidade é um deleite a tantos klássicos. Além dos filtros muito legais que emulam os diferentes hardwares dos jogos (a base de um Game Boy (inclusive com opção para jogar com cores de Game Boy Color)/Game Gear/Game Boy Advance, uma televisão de tubo e a tela de um arcade, com opção até para tela arredondada como era antigamente), também tem opções para mostrar os golpes especiais, menus de treino para Fatalities, desbloquear segredos como personagens e códigos.

Além disso, como toda emulação que se preze, é possível configurar os botões como o jogador bem entender e um botão para retroceder. Ao pressionar o analógico L, é possível retroceder alguns instantes para corrigir gafes que o jogador possa ter cometido e ele funciona muito bem, especialmente para acertar aquele Fatality difícil de fazer ou impedir uma morte iminente em Mythologies.

Em questão de tempo de carregamento, a koletânea roda muito bem, carregando extremamente rápido logo no início e entre os jogos. Talvez a emulação seja boa até demais, no entanto, pois o tempo de carregamento em certos jogos como MK Advance é idêntico ao lançamento original, levemente demorado para começar a partida. 

Existem certos atrasos para responder os comandos em alguns jogos (e até mesmo para acessar o menu do jogo, pressionando o botão Select por alguns segundos), além da ausência de um modo online competente (sem lobbies e rollback netcode), mas erros que já serão corrigidos, segundo o time de desenvolvimento. Todos os jogos estão em inglês, mas com menus inteiramente em português e muito bem traduzidos, com apenas alguns erros bobos, como todo segundo parágrafo na descrição dos jogos está com um espaço vazio antes da primeira palavra e a descrição do já mencionado MK Advance inteiramente em alemão, por algum motivo. Erros bobos que prevejo serem consertados em breve, mas que precisam ser pontuados.

Memórias da Kripta

O que realmente impressiona é o comprometimento da Digital Eclipse em trazer não apenas a klássica trilogia, mas também versões que estavam esquecidas nas prateleiras dos jogadores mais assíduos. Não vou esconder para você, kombatente: muitos jogos incluídos são péssimos. A versão de Game Boy é horrorosa, MK Advance é terrível e os dois spin-offs adicionados, Special Forces e Mythologies: Sub-Zero, são tenebrosos de nojentos, entre os piores jogos da história. Mas, honestamente? São necessários para serem incluídos.

Além de mostrar como não trazer esses jogos para certos hardwares, eles têm alto valor histórico para a franquia, mostrando sua evolução (no caso das versões portáteis porque, sem elas, talvez não teríamos a portabilidade de Mortal Kombat tão refinada como agora tempos no Switch) e também sua importância para a própria saga. 

Por mais péssimo que Special Forces seja, ele foi a introdução do ninja Tremor, um favorito cult entre os fãs e que viria a aparecer em Mortal Kombat X. No caso de Mythologies, apesar de sua jogabilidade ser medíocre, sua história é interessante, a escolha de usar atores reais nas cutscenes é vista como um ponto altíssimo e introduziu dois dos maiores vilões da franquia, Quan Chi e Shinok. Ignorar esses títulos, por mais odiáveis que sejam, seria apagar sua relevância para a construção da franquia.


Mas, de todos os jogos adicionados, a maior de todas as surpresas foi Ultimate MK3 WaveNet, a primeira incursão de Mortal Kombat no multiplayer online. OK, não é possível jogar online, mas ela foi um grande marco para a franquia e era considerada mídia perdida, uma grande conquista para a preservação de jogos.

Por fim, em análises passadas, eu disse que todo relançamento que se preze deve incluir rascunhos e desenvolvimento de seus jogos para fins de preservação e curiosidade. Esse meu pensamento se estende inclusive para ports de remakes e Mortal Kombat: Legacy Kollection cumpre muito bem essa tarefa, trazendo uma coleção extensa de documentários, panfletos, tocador de música (infelizmente sem a icônica tema), esboços e até mesmo manuais dos títulos. Um pequeno detalhe que eu percebi é a menção direta aos hardwares que as versões foram lançadas, mostrando explicitamente um Playstation e seu logo, por exemplo. É um detalhe irrelevante, mas que eu percebo que nunca aparece na maioria das coletâneas de relançamento, o que é bem legal.

(almost) FLAWLESS VICTORY

Mortal Kombat: Legacy Kollection é um produto extremamente competente (arrisco a dizer ainda mais que os últimos títulos da franquia, que passa por uma enorme necessidade de manter sua relevância atualmente). Claro, certas ausências de títulos e alguns erros bobos de performance causam deslizes no meio da luta, mas, ao final, ela se sai como vitoriosa nesse combate.

Resta apenas ver o que aguarda para o futuro: uma koletânea com os jogos 3D? Algum pacote com os jogos recentes? Talvez mais um Reboot? Seja como for, encarar as raízes dessa árvore violenta nunca pareceu tão glorioso. FATALITY!

Prós

  • 21 jogos de luta à disposição;
  • Muito bem legendado em PT-BR com pouquíssimos erros;
  • Extensa galeria de making of;
  • Adições como filtros e retroceder são extremamente bem vindas;
  • Altíssimo valor de preservação com inclusão de títulos importantes para a franquia, por bem ou por mal.

Contras

  • Certas ausências de títulos são sentidas;
  • Os jogos ruins continuam péssimos;
  • Sem rollback netcode para partidas online até o momento da análise.
Mortal Kombat: Legacy Kollection — PC/PS5/XSX/Switch/Switch 2 — Nota: 9.0
Versão utilizada para análise: Switch 2
Revisão:Beatriz Castro 
Análise produzida com cópia digital cedida pela Digital Eclipse
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Fábio Castanho Emídio (StarWritter)
Formado em Publicidade e Propaganda na USC e especializado em Marketing Digital, sou Editor de Vídeos também, meu TCC foi sobre a Guerra dos Consoles e evolução da publicidade nos games. Jogo um pouco de tudo e também escrevo. Me descrevo como um artista.
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