Preparando-se para pilotar
Aos não familiares, Kirby Air Ride trata-se de um spin-off em que controlamos Kirby e seus amigos por corridas a bordo de naves equivalentes a hoverboards, onde o foco não está somente em seguir o percurso da maneira mais adequada, mas também em utilizar inimigos e habilidades do caminho como ajuda. Além disso, seu modo mais famoso, o City Trial, é conhecido por ser essencialmente um “battle mode”, onde o objetivo não é chegar mais rápido, mas navegar por uma arena para melhorar sua máquina a fim de preparar-se para um embate, normalmente no formato de um mini-game.
Todos esses elementos retornam em Air Riders, em uma forma mais polida do que antes. Assim que iniciamos o jogo, somos agraciados com um belo menu, que tenta replicar a estética de uma mesa e até utiliza uma recriação de Kirby com sua Estrela Via em formato de brinquedo como o cursor principal.
Nele, já vemos todos os principais modos disponíveis: Rali Rasante, Vista Aérea, Prova Urbana (a famosa City Trial) e Pé na Estrada. É importante ressaltar que, junto dos modos, também há uma opção de Autoescola, uma coleção de tutoriais didáticos e recomendáveis para entender-se as nuances das mecânicas do jogo.
Correndo pelos ares
No Rali Rasante, podemos travar as principais disputas de corrida do título. Os controles chamam a atenção em comparação a outros jogos do gênero, afinal as máquinas se movem para frente automaticamente e somente dois botões são obrigatórios de uso. Um deles é o botão de turbo, ação que essencialmente freia seu veículo até que a barra seja carregada, para então soltar um impulso essencial na realização de drifts.
O outro botão trata-se da ação de Especial e é uma das adições exclusivas da sequência. Ela permite utilizar uma ação única, que varia de personagem a personagem, caso a barra designada esteja cheia. Há vários tipos de especiais, alguns que envolvem aumento de velocidade ou planagem, e outros que realizam ataques malucos de longo alcance para atacar adversários ou obstáculos pelo caminho.
A depender do corredor escolhido e da máquina, uma mesma corrida poderá ser percorrida de formas diferentes. Há máquinas mais simples, como a Estrela Via e Estrela Sombria, que funcionam de forma mais padronizada, enquanto outras possuem diferenças únicas, como a Estrela Vagão, que não tem a habilidade de turbo ao custo de atributos maiores, ou a Estrela Vampiro, que pode roubar itens e habilidades de adversários.
Isso aumenta a profundidade de Air Riders e permite maior expressão individual dos jogadores. Durante as corridas, por vezes você também encontrará inimigos pelo caminho que podem ser “sugados” por Kirby e outros, a fim de assumir suas habilidades, assim como ocorre nos jogos principais. Todos esses elementos são importantes para um melhor desempenho ser conquistado, afinal, as máquinas de corrida aumentam sua velocidade a cada inimigo derrotado ou adversário atingido.
Em compensação, as pistas de corrida ficam com papel secundário dentro desse contexto. Há alguns atalhos e detalhes de percurso a serem decorados para saber, por exemplo, o melhor momento de posicionar o impulso em uma curva. Mas, considerando que as máquinas se movem automaticamente, as próprias pistas acabam tendo uma sensação de muita automação. Isso inibe as chances de ousar na criatividade dos layouts, como ocorre frequentemente em Mario Kart, e torna-os pouco memoráveis.
Além disso, embora haja uma boa variedade de máquinas e corredores, não há uma enorme variedade no catálogo de pistas. No total, temos por volta de dezoito pistas, com grande parte delas diretamente vindas do jogo original.
Outro ponto que não se destaca muito é o modo Vista Aérea, a outra opção de corrida tradicional. Ele funciona de forma quase idêntica ao Rali Rasante, com a diferença de que toda a corrida ocorre com uma visão por cima, simulando uma corrida de brinquedo.
No título original, este era um dos elementos mais esquecíveis, afinal tratava-se somente de uma versão mais simples do modo de corrida principal. Infelizmente, a sequência não faz muito para diferenciá-lo. Temos algumas mudanças, como a possibilidade de a câmera focar mais no jogador, mas nada que traga mais destaque ou distinga-o interessantemente.
Embate na cidade
Apesar de Air Riders ser essencialmente um jogo de corrida, seu verdadeiro chamariz, assim como no original, é a Prova Urbana, que retorna com algumas modificações. Assim como explicamos, aqui o objetivo não é correr por um percurso a fim de chegar em primeiro lugar, mas sim de explorar uma arena aberta, preparando-se para um evento de embate com seus adversários.
A fase inicial da Prova Urbana, de duração média de 5 minutos, ocorre em Celéstia, uma ilha flutuante ainda mais extensa que o mapa original e que conta com várias estruturas diferentes, desde garagens até um vulcão. A disputa agora ocorre com até 16 corredores, porém a meta principal é ainda conseguir evoluir os atributos individuais a fim de obter um melhor resultado na segunda fase.
Para alcançar isso, diversos itens de melhora de stats — como velocidade máxima, planagem, turbo, entre outros — ficam espalhados pelo mapa, tanto à vista quanto em caixas que podem ser quebradas pelos jogadores. Há também várias máquinas diferentes estacionadas em diversos pontos de Celéstia, e podem ser trocadas pelos jogadores para se adequar mais ao seu estilo de gameplay ou para conseguir um veículo que seja mais apropriado para a etapa seguinte.
Este modo requer atenção, afinal, durante esta primeira fase, a preocupação é de coletar atributos suficientes, mas tomar cuidado para não exagerar e deixar sua máquina incontrolável em certos sentidos — como, por exemplo, deixando-a com o stat de velocidade máxima alto demais. Diversos eventos de campo também podem ocorrer neste período e, além de trazer variedade à jogabilidade, podem ajudar ou atrapalhar seu desempenho. Dentre os tipos de eventos, temos corridas limitadas na arena, confronto com algum chefe, a obrigatoriedade de correr com sua máquina girando por tempo limitado, entre outros.
Quando o tempo é encerrado, um evento de estádio, votado entre o grupo, inicia. Assim como os eventos de campo, há uma boa diversidade de mini-games, como tiro ao alvo ou uma disputa para descobrir quem recolhe mais comidas pelo mapa, a maioria com duração bem curta.
A Prova Urbana continua sendo uma das opções mais divertidas, já que há uma mistura de fatores surpresas com estratégia. Entretanto, considerando que há 16 jogadores simultâneos, além de muitos atributos espalhados pelo mapa e vários eventos de campo repentinos, não é incomum que o caos sobressaia-se além do necessário. Por vezes, seu personagem pode acabar ficando veloz demais, com múltiplas notificações ao redor da UI em função do design maximalista do jogo, o que torna imperceptível entender o que está acontecendo em tela.
Além disso, embora haja vários eventos, tanto de campo quanto de estádio, infelizmente, assim como no original, há somente uma opção de mapa para a fase inicial. Como não há expectativa de conteúdo adicional a Air Riders, isso pode tornar o modo cansativo mais rapidamente, e teria sido uma melhora óbvia a se fazer comparado com o primeiro jogo.
Multitude de escolhas
Quanto à progressão, além dos modos multiplayer, há uma novidade do título que é o Pé na Estrada. Neste modo, o jogador pode participar de uma pequena campanha, com uma história de fundo envolvendo mistérios acerca das máquinas e um corredor desconhecido.
Sua estrutura é bem simples: você segue por uma via reta em que vários eventos podem ocorrer, desde corridas normais a mini-games de estádio. O objetivo é evoluir sua máquina conforme a progressão por esses eventos, assim como na Prova Urbana, dentro de uma estrutura dividida em múltiplas fases.
Levou-me por volta de duas a três horas para finalizar a campanha pela primeira vez. Embora útil para progressão, afinal alguns eventos de estádio para a Prova Urbana podem ser desbloqueados somente através dela, sua utilidade maior está em servir como um treinamento ao jogador, afinal todos os elementos dos modos multiplayer podem ser jogados aqui.
Ainda falando em progressão, o jogo possui diversas formas para que você desbloqueie corredores, máquinas e acessórios. Cada um dos modos principais possui sua própria lista de conquistas, na qual, a cada conquista alcançada, uma pequena parte de uma imagem é revelada, e múltiplos elementos do jogo podem ser desbloqueados entre qualquer uma das listas. Isso incentiva o jogador a priorizar a gameplay que mais lhe agrada, sem prejudicar sua progressão geral.
A variedade de opções, aliás, é um fator de destaque de Air Riders. O título possui inúmeros ajustes de acessibilidade, algo raro em jogos publicados pela Nintendo, além de contar com uma boa localização em português brasileiro, com múltiplas opções de dublagem no nosso idioma e em vários outros à escolha do jogador.
Cada modo principal também conta com várias possibilidades de ajuste. Seja na dificuldade da CPU ou na lista de regras, os jogadores possuem uma infinidade de possibilidades de como adaptar suas próprias partidas.
Além de, claro, muitos itens de customização, seja para os veículos quanto para os corredores. Até mesmo nos detalhes menores, como nas escolhas disponíveis para estilizar sua ficha de corredor, algo mostrado somente nas opções de jogatina online — uma novidade da sequência —, é notável a prioridade dos desenvolvedores em dar ao jogador a liberdade de autoexpressão.
Velocidade e diversão extrema
Kirby Air Riders traz diversão e caos em sua forma mais pura. Embora o caos se sobressaia frequentemente e haja a sensação de que alguns modos poderiam ter mais conteúdo do que foi entregue, é inegável a atenção ao detalhe e à quantidade de opções, tanto em termos funcionais quanto em termos de jogabilidade, que o jogo oferece. Tanto os fãs do título original quanto os novos corredores terão muito a aproveitar nesta sequência.
Prós
- Controles fáceis de aprender, porém difíceis de dominar;
- Diversos corredores e máquinas com atributos e propriedades individuais;
- Boa variedade de eventos, tanto de campo quanto de estádio, no modo Prova Urbana;
- Localização e dublagem em português brasileiro;
- Alta customização visual e de partidas;
- Opções de acessibilidade.
Contras
- O modo Vista Aérea pouco se destaca em comparação aos outros;
- Pistas nem sempre muito interessantes;
- Caos visual exagerado comum durante a Prova Urbana;
- A primeira fase da Prova Urbana conta apenas com uma opção de mapa aberto, o que pode tornar o modo repetitivo rapidamente.
Kirby Air Riders — Switch 2 — Nota: 8.0
Revisão: Johnnie Brian
Análise produzida com cópia digital cedida pela Nintendo










