O universo habitado por Samus, a Federação e os Metroids sempre foi cheio de mistérios, principalmente com detalhes narrativos e de lore escondidos ou exibidos no design dos jogos. Mas o maior de todos esses mistérios, ao menos até mais recentemente, sempre foi a espécie dos Chozo, que, embora tenha participação direta ou indiretamente em praticamente todos os eventos presenciados por Samus, levaram mais de três décadas para exemplares vivos darem as caras.
ua presença pela galáxia é quase mítica, revelada apenas por ruínas silenciosas e artefatos ancestrais espalhados pelos mais diversos planetas. Os resquícios de sua tecnologia — vastos, incompreensíveis e muito além de tudo que a Federação ou qualquer civilização conhecida jamais foi capaz de conceber — despertam tanto fascínio quanto temor. Essas relíquias, ecos de um poder esquecido, não apenas inspiram admiração, mas também incitam disputas e conflitos, pois onde há vestígios dos Chozo, há sempre aqueles dispostos a lutar para reivindicar o que jamais deveriam possuir.
Quem são os Chozo em Metroid
Os Chozo são uma das espécies mais importantes do universo da franquia Metroid, mesmo aparecendo raramente de forma direta nos jogos. Desde o primeiro Metroid, lançado em 1986, sua presença é sentida por meio de ruínas antigas, estátuas enigmáticas e tecnologias avançadas espalhadas por diversos planetas. Ao longo da série, ficou claro que praticamente todos os grandes conflitos da saga estão ligados, direta ou indiretamente, às decisões tomadas por essa civilização ancestral incompreensivelmente avançada.
Fisicamente, os Chozo são seres avianoides humanoides, com bicos alongados, pernas digitígradas e corpos esguios. Sua aparência reforça a ideia de uma espécie mais voltada ao intelecto e à contemplação do que à força bruta, mesmo tendo uma tribo mais focada no combate e militarismo. Apesar disso, eles possuíam grande resistência e adaptação ambiental, o que lhes permitiu colonizar mundos extremamente hostis, como Zebes e SR388, deixando marcas profundas nesses planetas.
Dentro da lore de Metroid, os Chozo são frequentemente descritos como uma civilização que já havia alcançado seu auge muito antes dos eventos da série. Quando os jogadores começam a explorar seus antigos mundos, os Chozo já estão em declínio ou completamente desaparecidos, o que contribui para o clima melancólico e solitário que define a franquia.
Cultura e filosofia Chozo
A cultura Chozo é marcada por uma combinação única de ciência avançada e espiritualidade. Diferente de outras espécies do universo de Metroid, eles não buscavam expansão territorial nem dominação militar. Seu principal objetivo era compreender o funcionamento do universo e manter o equilíbrio entre tecnologia, vida e energia, mesmo que isso significasse abrir mão do próprio poder.
Com o passar do tempo, muitos Chozo passaram a acreditar que o uso excessivo da tecnologia poderia causar mais danos do que benefícios. Como resultado, a espécie iniciou um processo gradual de afastamento da ação direta, preferindo observar os eventos à distância. Essa filosofia levou à criação de sistemas automatizados capazes de funcionar por milhares de anos sem supervisão, uma característica comum nas ruínas encontradas ao longo da série.
Esse distanciamento, no entanto, teve consequências graves. Ao abandonar o controle de suas criações, os Chozo deixaram espaço para que forças hostis se apropriassem de sua tecnologia. A ascensão dos Space Pirates e o uso indevido de artefatos Chozo são exemplos claros de como boas intenções acabaram contribuindo para o caos galáctico retratado em Metroid.
Tecnologia e armaduras Chozo
Grande parte da identidade visual e mecânica da franquia Metroid vem diretamente da tecnologia Chozo. A Power Suit de Samus Aran, assim como suas variações mais conhecidas, é uma criação Chozo projetada para se integrar ao corpo do usuário de forma quase orgânica. A armadura responde ao DNA, armazena upgrades e adapta suas funções conforme o ambiente, algo extremamente avançado até mesmo para os padrões da ficção científica.
Além das armaduras, os Chozo também desenvolveram os principais armamentos usados por Samus, como os diferentes tipos de beam e a Morph Ball. Esses equipamentos não são apenas ferramentas de combate, mas extensões do próprio corpo do usuário, reforçando a filosofia Chozo de união entre ser vivo e tecnologia.
As estátuas Chozo, espalhadas por diversos planetas, funcionam como pontos de interface entre o jogador e essa herança tecnológica. Mesmo após o desaparecimento da espécie, esses sistemas continuam operando perfeitamente, demonstrando o quão à frente os Chozo estavam em termos de engenharia e planejamento de longo prazo.
A presença da arquitetura e engenharia Chozo espalhadas por diversos pontos da galáxia também evidencia o quanto a espécie prosperou e influenciou esse mundo no decorrer do tempo, provavelmente milhões de anos antes de seu declínio.
Metroids e o parasita X
A criação dos Metroids é um dos capítulos mais controversos da história Chozo e um dos pilares do enredo da franquia. Desenvolvidos no planeta SR388, os Metroids foram criados com o objetivo de conter os parasitas X, organismos extremamente perigosos capazes de copiar qualquer forma de vida. A intenção original era manter o equilíbrio ecológico e impedir que essa ameaça se espalhasse pela galáxia.
No entanto, os Metroids rapidamente se mostraram difíceis de controlar. Sua habilidade de absorver energia vital os tornou armas biológicas poderosas, chamando a atenção dos Space Pirates. A partir desse ponto, os Metroids deixaram de ser uma solução e passaram a ser o centro de diversos conflitos, experimentos e invasões ao longo da série Metroid.
Esse erro estratégico marcou profundamente o legado dos Chozo. Embora tenham criado os Metroids com boas intenções, a incapacidade de prever todas as consequências reforça um dos temas centrais da franquia: o perigo de brincar com forças que fogem ao controle, mesmo quando o objetivo inicial é nobre.
Samus Aran e o legado Chozo
A ligação entre Samus Aran e os Chozo é um dos elementos mais importantes da lore de Metroid. Após a destruição de uma colônia, Samus foi a única sobrevivente humana. Os Chozo decidiram adotá-la e modificar geneticamente seu corpo com DNA da própria espécie, permitindo que ela sobrevivesse no ambiente hostil do planeta Zebes e utilizasse suas tecnologias.
Criada e treinada pelos Chozo, Samus se tornou a portadora ideal da Power Suit e dos valores da civilização que a acolheu. Samus não é apenas uma caçadora de recompensas, ela é a continuação viva dos Chozo, alguém capaz de agir onde eles já não podiam mais intervir diretamente.
Revelações recentes em jogos como Metroid: Samus Returns e Metroid Dread aprofundaram ainda mais esse legado ao mostrar que os Chozo não eram uma sociedade totalmente unificada. Facções como os Mawkin, de ideologia militarista, entraram em conflito com Chozo mais pacifistas, os Thoha, com relação ao uso militar dos Metroid, acelerando a queda da espécie. No fim, o maior legado Chozo não são suas ruínas ou armas, mas Samus Aran e o impacto duradouro de suas escolhas sobre o futuro da galáxia.
Carregando o legado de uma civilização
Se há algo que podemos inferir sobre os Chozo, é como eles planejaram e moldaram o destino da galáxia habitada por Samus, para o melhor e para o pior. As aves humanoides deixaram uma presença e pressão tão forte que, mesmo nos dias atuais, Federação, piratas, sobreviventes tirânicos da própria espécie, continuam correndo e lutando pelas sombras da antiga civilização.
Não por acaso, sua maior “criação”, Samus, com seu DNA multiplamente híbrido, é, ao mesmo tempo, a maior mantenedora da paz como também a arma viva definitiva do universo. E assim Samus carrega todo o legado da espécie perdida, suas tribos, sua tecnologia e sua dualidade.
Revisão: Vitor Tibério







