Discussão

Discussão – A Infantilidade e complexidade de Pokémon

Se você é um fã da série Pokémon, ou simplesmente já ouviu falar daquele ratinho amarelo de bochechas vermelhas, deve saber o quão grande é ... (por Gustavo Rocha em 04/02/2013, via Nintendo Blast)

Se você é um fã da série Pokémon, ou simplesmente já ouviu falar daquele ratinho amarelo de bochechas vermelhas, deve saber o quão grande é o reconhecimento dos monstros de bolso ao longo do mundo inteiro. Seja bebê, criança, adolescente ou adulto, de alguma forma, todos devem se identificar com ao menos uma característica da série. Entretanto, muitos alegam que Pokémon possui um foco infantil – ainda mais nos dias de hoje, com a popularização do anime, e do Ash Ketchum ainda mais criança – e que não deve ser visto como algo complexo e sim, algo didático direcionado para crianças, seja através do game ou do anime. Preconceito ou realidade?


Crescendo e aprendendo

Confesso que conheci a série Pokémon através da série animada, diferente de muitos que conheceram por causa dos jogos. Na época, eu era um garoto estudante da quarta série, dono de um Sega Saturn, e fissurado por dinossauros e criaturas mitológicas. Os Pokémon surgiram na minha vida em uma época em que nada de melhor poderia existir para meu entretenimento.

Na falta de um Game Boy, não foi Red, mas sim o tal do Ash Ketchum, da cidade de Pallet, e seu fiel companheiro Pikachu que me introduziram nesse universo fantástico. Ver Ash empolgado e virando o boné para trás na hora de jogar uma Pokébola me encheu de uma vontade súbita de sair por aí para tentar ser um mestre em algo. Mas não sabia em quê.

Então eu cresci, me formei na Universidade, Ash Ketchum diminuiu, o Pikachu não evoluiu, e o primeiro game de Pokémon portátil em 3D está para ser lançado. Agora eu me pergunto: o que diabos aconteceu com a série Pokémon ao longo de todos esses anos?


Complexidade x Infantilidade

Os jogos de Pokémon sempre foram grandes fontes de complexidade e inteligência que, com o passar dos anos, apresentaram sempre um maior repertório de monstros. Consequentemente, inúmeras habilidades surgiram e a série se aprimorou com uma diversidade de estratégias que podem fazer qualquer veterano dos RPGs penar por horas a fio, na tentativa de montar um bom time de Pokémon.

O anime de Pokémon não fez diferente. Com o passar dos anos e do lançamento de novos jogos, diversas mecânicas apresentadas apenas nos games também passaram a fazer parte da animação, como por exemplo, as batalhas em duplas, natures ou estilos de fraquezas e resistências de golpes presentes nos jogos.


Também é inevitável lembrar do Trading Card Game Pokémon, que apresenta um alto grau de complexidade, seja na hora de montar um bom deck (baralho de cartas), ou simplesmente saber trabalhar contra os estilos de estratégias de um oponente.

Mas agora eu me pergunto: pode algo muito complexo ser considerado infantil? Aliás, faz diferença se perguntar isso, sendo que ainda assim a série atrai milhares de crianças e adultos pelo mundo inteiro? Em termos pedagógicos, sim, vale a pena questionar.

Complexidade + infantilidade

Se por um lado Pokémon é complexo, por outro é inegável os aspectos infantis presentes no visual da série. Se eu gostei de Pokémon na primeira vez que assisti um episódio do anime não foi porque o Onix era resistente aos choques do Pikachu, mas sim pelo visual colorido e impactante tão característicos da franquia. O carisma dos Pokémon sempre foi algo que me cativou, apesar de não ter aguentado quando Bulbasaur não quis evoluir.

Aliás, falar da descoberta da evolução das criaturas sempre foi um fator fundamental para que eu continuasse acompanhando a série. Um dia o Pikachu teria que evoluir, e se não fosse no anime, seria em algum cartucho de Pokémon Yellow, com a Pedra do Trovão. Sempre foi divertido pensar nas evoluções e inclusive pensar em novas transformações para os monstrinhos.

Por mais que Pokémon apresentasse sempre diversos tipos de monstros, golpes, poderes, estratégias e descobertas, eu, como um jovem treinador e fã, tinha que explorar todos esses ambientes, e descobrir cada vez mais sobre a série. Não só eu, como também 99% da população que presencia até hoje a febre Pokémon.

Pokémon sempre foi muito cativante, mas toda a sua complexidade foi um fator fundamental para que eu não me esquecesse da série, mesmo nos dias de hoje. Misturar o complexo com o infantil foi uma boa jogada da Game Freak, não acha?

Geração eterna

Ao dar uma passada no Cartoon Network no último mês, reparei que estava passando o anime de Pokémon. Tudo estava muito belo, como sempre, e o Pikachu também estava lá. O Ash também estava, mas havia algo diferente.

Seus olhos estavam castanhos, sua roupa muito mais arrumadinha do que no começo da série, e até sua voz estava mais voltada para o lado infantil do que para o lado juvenil de antigamente. Até a virada clássica de boné que ele fazia não existia mais.

Certo, talvez eu estivesse desatualizado em referência ao anime, mas fãs saudosistas da animação vão concordar: o anime de Pokémon está mais infantil. Particularmente, a princípio, isso se tornou uma perda de identidade da série para mim.

Entretanto, ao pensar com mais calma, tem como entender o que aconteceu. Apesar de os estúdios Oriental Light and Magic ainda serem os responsáveis pela produção da série, ao longo dos anos a produção passou por duas direções diferentes, sendo que o último diretor, Kunihiko Yuyama foi o responsável pelas maiores mudanças no visual e estilo do anime.

Mas é claro também que a Nintendo (ou quem sabe a própria Gamefreak) tenha proposto essa mudança no estilo da animação. Com isso, seria possível manter a mesma identidade da série que fez tanto sucesso no passado. E talvez tornar o personagem principal mais “infantilizado” fosse uma melhor forma de atrair crianças, principalmente para seguirem o exemplo do jovem Ash.

E com toda a complexidade presente na série, é provável que essas mesmas crianças que estão se acostumando com o Ash atual, no futuro, se lembrem de Pokémon, e continuem no mínimo consumindo os produtos da marca.

Claro que o universo de Pokémon, conforme já foi dito, é muito mais complexo do que isso, e é provável que tenhamos que descobrir muito mais sobre o futuro da série. Mas enquanto isso, podemos especular como será bacana jogar com os Pokémon em um ambiente totalmente tridimensional no Nintendo 3DS. Depois do anúncio, confesso que finalmente fiquei empolgado para ter um console desse. E minha prima de 3 anos também.

E então, acha que Pokémon é para sempre, ou algo que passa apenas pela juventude? Conhece alguma outra série de games que possui esse mesmo dilema? Não deixe de discutir!
Revisão: Lucas Oliveira 

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


  1. O problema dessa infantilização do personagem é que ele perde completamente todo o desenvolvido que ele apresentou ao longo dos anos. Até mesmo o Pikachu não deveria perder tantas batalhas como ele perdeu desde que Best Wishes (Black White no ocidente) começou. Essa infantilização acaba afastando os fãs mais antigos do anime, principalmente porque a proposta das mudanças era trazer de volta o dinamismo das primeiras temporadas.

    Bom, quanto à dublagem do personagem, isso ficou mais por conta das versões ocidentais. Na versão japonesa o diálogo dele está sim um pouco mais imaturo se comparado às temporadas passadas, mas não chega a ser tão gritante como na dublagem brasileira.

    Essa pode ter sido uma boa estratégia da Gamefreak ou dos diretores para atrair um público mais novo, mas acabam sacrificando uma parte do público antigo. Lógico, sempre há um bando de fanáticos que não largam a série por nada, o que pode significar mais lucros para os produtores do anime.

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  2. A série em meu ver trouxe de fato uma grande maturidade em sua bagagem nos games, com dinâmicas cada vez mais competitivas e um grau de complexidade nos treinamentos no mínimo notável.

    Achei insano quando aprendi pela primeira vez a fazer cálculos manuais para ripo do ataque Hodden Power... Isso e outros tantos pontos neste sentido (outros cálculos como IVs, EVs, enredo de mais imersão, apesar de um pouco clichê, etc) mostra um esforço tremendo e uma atenção especial àqueles que acompanham os games desde as primeiras gerações.

    Creio que a maior parte da "velha guarda" pokemon hoje se encontra focada nos games ou em TCG. Apesar da maior parte ter passado por diversas outras áreas da franquia (anime, produtos diversos) foram essas áreas qu encontraram uma gama de variedades mais notáveis e, digamos, cresceram com os fãs em intelecto e formação.

    O anime em contrapartida, apesar de manter a proposta carismática, e ser a porta de entrada para esse mundo pokemon, soa mais infantil de fato.

    Creio que seja proposital, justamente para agregar a recente geração de crianças que têm contato com a franquia.

    Então, em suma, podemos especificar que o anime "atrai" as crianças que não conhecem o mundo Pokemon com carisma infantil e uma temática de fato centrada em ser Cadenciada desta forma, enquanto os games, que propiciam um aprofundar, "fidelizam" os que já conhecem esse universo...

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  3. Por aí mesmo. É chato ver o anime ficar infantil assim.
    Se fizessem o anime com um ar mais sério,poderia ficar melhor.

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