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Análise: Yoshi’s Woolly World une beleza e nostalgia no Wii U

Visuais de primeira, exploração na medida, colecionáveis de sobra e uma trilha sonora sublime marcam a primeira incursão de Yoshi no Wii U.

Vinte anos após Yoshi’s Island despontar como um dos melhores e mais bem feitos jogos do Super Nintendo, Yoshi’s Woolly World surge como forte candidato a sucessor da obra-prima da geração 16-bit, unindo referências aos principais jogos da série e originalidade digna dos grandes clássicos de plataforma. Acompanhe conosco esta jornada por um mundo de lã e veja o que achamos de mais um dos grandes exclusivos do Wii U.

Era uma vez…

Era mais um dia tranquilo em Craft Island, terra dos Yoshis. Os pequenos dinossauros viviam tranquilamente, correndo sobe a grama, sentindo o perfume das flores e cantarolando suas tradicionais canções em harmonia. Mas, assim como no nosso mundo, sempre existe aquele maluco que insiste em estragar a vida dos que preferem a paz.
Bem-vindo a linda Craft Island.

No caso da ilha Craft — e de todas as outras ilhas que os Yoshis já habitaram —, esse malvado é o Kamek. O mago, fiel escudeiro da família Bowser, surge repentinamente nos céus e, num terrível ato contra a fofura, transforma todos os Yoshis da ilha em novelos de lã e os sequestra.

A trama, como de praxe, não é das mais complexas e elaboradas, mas serve direitinho como pretexto para pegarmos o controle (GamePad, Wii Remote, Classic Controller ou Pro Controller) e ajudar Yoshi a encontrar os seus amigos e trazer paz de volta ao seu lar.

Bem-vindo a um novo clássico

Após a introdução, somos levados para um dos mais belos mundos já feitos em um console. Tudo em Woolly World é feito de lã. Do protagonista, passando pelos cenários e objetos, até cada inimigo, tudo é recriado com extrema perfeição pela Good-Feel — time responsável pelo interessante Kirby Epic Yarn (Wii). Em alguns momentos, inclusive, parece que alguém montou um cenário com objetos reais, filmou, e colocou dentro da TV. É lindo.

Desde o ponto central no mapa, onde podemos nos direcionar para cada um dos seis mundos do jogo, até cada cenário que superamos, tudo esbanja vida, cor e fantasia. São 48 estágios, mais oito extras, repletos de momentos que farão você reviver velhas aventuras vistas em outros títulos da série, ou conhecer a escola de level design que consagrou a Nintendo nos tempos de dominação dos jogos de plataforma na década de 1990.

Por falar em fases, elas são o grande atrativo de Woolly World. Sem qualquer tipo de contador de tempo, você terá a oportunidade de saltar entre plataformas, atirar ovos em vários inimigos, utilizar itens a seu favor, desvendar pequenos puzzles e explorar cada cantinho do cenário em busca dos vários colecionáveis, sem pressa.
Os visuais do jogo são lindos. Parece uma maquete de verdade. 
A escolha dos desenvolvedores em retirar o contador de tempo se justifica pelo lado explorador do jogo, já que para completar os 100% você precisará encontrar todas as 20 estampas, cinco flores, cinco novelos de lã e ainda terminar o estágio com o contador de vida cheio. Não espere uma tarefa fácil nessa tentativa. Assim como o título do Super Nintendo, a maioria dos itens está bem escondida. Mas o melhor são as recompensas por essa exploração.
Fique atento a cada detalhe do cenário. Quase sempre tem um fio solto que revela segredos.
Além de mostrar para os amigos que você é fera no jogo e liberar uma fase extra em cada estágio, a maioria dos colecionáveis completados é recompensado com ótimas regalias. Por exemplo, todas as estampas encontradas poderão ser utilizadas em posts no Miiverse. Mas o melhor mesmo são os novelos de lã de cada fase. Conseguindo encontrar os cinco em cada estágio, você libera um novo Yoshi, costurado com estampas diferentes e temáticas. Após liberados, você pode escolher o Yoshi novo para seguir na aventura.

São tantas estampas diferentes que você provavelmente jogará com um Yoshi diferente em cada fase. E se já não bastasse tamanha diversidade, usando os amiibo é possível liberar novas costuras para Yoshi. Cada boneco que você conectar no amiibo hut liberará uma skin baseada no seu bonequinho, como as cores de Mario, Mega Man, Kirby, Link e tantos outros.

Essa interação foi muito bem explorada pela Nintendo. Contudo, outros recursos do Wii U foram deixados de lado em Woolly World. Não temos funcionalidades online e o GamePad não possuí nenhum outra interação com as suas características únicas. Talvez se tivesse tido algum tipo de modo online ou o controle tablet possuísse funções extras, estaríamos olhando para um título bem robusto. Resta então se divertir com os posts sem noção do pessoal do Miiverse que aparecem nos mundos do jogo.

Lindos acordes

Se os visuais de lã impressionam, é na trilha sonora que está a maior beleza do jogo. São mais de 60 faixas inéditas, variando em diversos estilos, como bossa nova, rock, folk, jazz e canções inspiradas nos jogos anteriores. Tudo isso soando de forma orgânica e suave. Em vários trechos, por exemplo, é possível ouvir o arranhar dos dedos na corda do violão durante a passagem de notas.

O som dos tambores, violões e flautas é um complemento indispensável para a aventura. A sensação é que estamos desbravando um mundo mágico, daqueles que imaginamos quando criança, ouvindo nossos pais recontarem aquele nosso conto de fadas favorito. Dificilmente você não sairá cantalorando as melodias do jogo em alguns minutos.  

Inspiração no passado

A série do dinossaurinho verde ajudante de Mario nasceu no SNES, com Super Mario World 2: Yoshi’s Island. O título conquistou jogadores e críticos com os seus visuais que lembravam desenhos feitos com giz de cera, trilha sonora cativante e as suas fases desafiadoras, que exigiam extrema habilidade e capacidade de exploração. De lá pra cá, novos jogos que deram continuidade à série solo de Yoshi saíram, como Yoshi’s Story (N64), Yoshi’s Island DS (NDS) e Yoshi’s New Island (3DS), mas todos passaram longe da qualidade do original.

Estabelecer comparações, principalmente com jogos lançados há 20 anos, não é tarefa fácil e justa. Yoshi’s Island, por exemplo, foi um dos primeiros grandes jogos que joguei na vida. É impossível separar o valor afetivo do técnico nesse caso. Mas foi aí que Woolly World me conquistou.
Alguns trechos são realmente desafiadores.
As referências a todos os outros títulos da série, principalmente Yoshi’s Island, são muito bem acertadas. Quase tudo é familiar, trazendo aquela sensação boa de nostalgia. Por exemplo: boa parte dos inimigos, itens, level design, efeitos de som, estruturação dos mundos e até as batalhas contra chefes lembram bastante o que já vimos em outros títulos.
Velhos "amigos" estão de volta.
Em vários momentos o sorriso apareceu espontaneamente quando encontrava algum velho conhecido do Super Nintendo, ou ecoava velhos acordes que tanto me lembravam o exótico e selvagem Yoshi’s Story. Sem querer estragar as surpresas, mas alguns confrontos contra chefes farão seu coração disparar caso tenha jogado os títulos anteriores.
Lembra como vencê-lo em Yoshi's Island? 20 anos depois e a vergonha de ficar peladão continua.
Falando em chefes, infelizmente eles são um dos pontos fracos do jogo. Embora seja bem divertido enfrentá-los, faltou um pouco de criatividade e diversidade na hora de definir os combates. Todas as lutas parecem muito iguais, modificando um elemento aqui e outro acolá. A estrutura é quase sempre a mesma e a dificuldade praticamente não existe.

Se por um lado é muito simples vencer os chefes, por outro é bem desafiador passar das fases. Embora não seja nenhum absurdo, alguns trechos exigem mais precisão e cautela, principalmente se está tentando completar o jogo com 100%. Por sorte, para aqueles menos habilidosos, o jogo possui a opção Mellow Mode, que acrescenta asas ao protagonista, fazendo com que ele passe voando, sem muitos problemas, pelos estágios.
O Mellow Mode faz Yoshi voar pelos cenários com extrema facilidade. 
Ainda para tornar a experiência mais fácil, temos uma boa variedade de itens que auxiliam durante o jogo. Munição de melancia, resgate imediato quando cair em um precipício, revelar colecionáveis escondidos e até um Poochy feito de lã podem ser adquiridos e utilizados ao longo do jogo, ajudando na longa jornada ao lado de Yoshi — temos de seis a 15 horas de jogatina, dependendo da forma como você encarar o jogo.

Fofo, mas poderoso

Não se engane com o aspecto fofinho de Yoshi. Assim como os cenários escondem desafios entre camadas, segredos e rotas alternativas, o herói desse jogo possui uma diversidade de poderes e habilidades que farão qualquer encanador sentir um pouquinho de inveja.
Alguns momentos mais tensos farão você calcular bem cada ação, principalmente se você procura todos os colecionáveis do jogo. 
Além das tradicionais habilidades de saltar, atirar ovos, correr e ganhar impulso, Yoshi se balança em fios de lã, descostura o cenário — que por sinal é bastante interativo —, transforma os inimigos em novelos de lã, escala teias de aranha, atravessa nuvens, sobe em balões, flutua em tapetes mágicos e se transforma em diferentes versões para enfrentar os desafios mais divertidos possíveis.
Alumas versões são bem inusitadas, mas bastante divertidas — adoro você, Yoshi moto.
As transformações são um show à parte. Aqui, Yoshi se transforma em guarda-chuva, avião, toupeira, moto, sereia (!?) e em uma versão gigante de pura fofura e destruição. As fases nas quais podemos usar essas versões turbinadas de Yoshi são bem divertidas. Pena que estão em número bastante reduzido na aventura — poxa, Nintendo, bem que podia ter mais umas cinco ou dez fases com o Yoshi motoqueiro.
As fases com as diferentes formas de Yoshi são tão divertidas que fiquei querendo mais quando terminei o jogo.
Se todos esses poderes ainda não são suficiente, você pode convidar um amigo para dividir a aventura. Pela primeira vez na série, é possível completar o jogo com outro jogador. É fofura e diversão em dobro.

Uma jornada inesquecível

Cheio de referências aos jogos anteriores da série, embalado por uma das melhores trilhas sonoras que ouvi nessa geração, visuais encantadores feitos de lã, desafios na medida, muitos colecionáveis e estágios que não devem em nada aos melhores jogos de plataforma do console, fazem de Yoshi’s Woolly World um título obrigatório na escassa biblioteca do Wii U.

Pode até não superar o primeiro jogo do Super Nintendo, mas é de longe o segundo colocado na lista dos melhores jogos da franquia. Espere por muita diversão, nostalgia e momentos que farão você entender por que a Nintendo é uma empresa diferente no mercado de jogos eletrônicos.
A minha versão em Pìxel ficou feliz de encontrar essa turminha em um jogo tão divertido e bem feito. 

Prós 

  • Uma das melhores trilhas sonoras da geração;
  • Excelente direção artística; 
  • Diversidade de colecionáveis;
  • Ótimas recompensas desbloqueáveis;
  • Equilíbrio entre exploração e ação;
  • Interação interessante com os amiibo;
  • Diversão e desafio na medida.

Contras

  • Falta de funcionalidades online;
  • Nenhum uso específico do GamePad;
  • Falta de diversidade nas batalhas contra chefes;
  • Pouco uso das diferentes formas de Yoshi;
Yoshi’s Wolly World — Wii U — Nota: 8.5
Essa matéria foi possível graças a Big Boy Games, que gentilmente nos cedeu uma cópia de Yoshi's Wooly World. Para adquiri-lo, visite a página do jogo na loja!



Revisão: Vitor Tibério
Capa: João Leal

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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