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Análise: Pokémon Quest (Switch/Mobile) é uma mistura cúbica e culinária da franquia

O saudosismo e a gratuidade marcam o interesse do público sobre o novo spin-off da franquia.

Não é novidade para ninguém que a franquia Pokémon gosta de ramificar a sua série em diversos spin-offs como Pokémon Mystery Dungeon, Pokémon Snap (N64) e Pokémon GO (Android/iOS). Para tanto, muitas variações são alimentadas pela sede de novidades dos fãs, principalmente pela grande janela entre os lançamentos principais – como a chegada do próximo RPG apenas em 2019 –, e pela grande capacidade reciclável dos famosos mascotes frente a diversas maneiras de se criar um jogo de puzzle ou estratégia.


O que acontece com Pokémon Quest (Switch/Mobile) é semelhante. Após o sucesso mundial de Pokémon GO em 2016, os desenvolvedores perceberam que o carisma e saudosismo da primeira geração, somado a mecanismos populares, são capazes de atrair o público em massa. Com isso, Let’s Go! Pikachu e Let’s Go! Eevee serão a retribuição da franquia e, assim, Pokémon Quest suprirá em alta por algum tempo o anseio dos fãs por algo maior.

Do que se trata?

Pokémon Quest é um jogo free-to-start – ou seja, não há cobrança para baixá-lo – lançado inicialmente para Nintendo Switch e, em sequência, planeja ser lançado para aparelhos mobile. Dessa vez, os Pokémon são cúbicos, reduzidos inicialmente à primeira geração, e você tem que explorar Tumblecube Island a fim de registrar todos os monstrinhos na Pokédex e encontrar tesouros.
Conheça Tumblecube Island.
Como não há humanos diretamente inferidos na jogatina, a conhecida mecânica de capturá-los com Pokéballs não existe. Para fazer amizade com novos Pokémon, você deve criar receitas com alimentos que possam atrair novas espécies que possam te ajudar na sua jornada. Além disso, a progressão do jogo requer Power Stones melhores e, também, energia, limitada e recarregada com o tempo, para desbravar a ilha.

E a jornada começa… mais uma vez

Como de praxe, você deverá escolher o Pokémon inicial: Pikachu, Charmander, Squirtle, Bulbasaur ou Eevee. Mesmo com indícios de novas gerações chegarem ao jogo futuramente, no momento que esta análise está sendo publicada, o jogo apresenta apenas os 151 primeiros Pokémon. Então, após um tutorial relativamente longo, o jogo te dá liberdade para explorar a ilha e fazer amizade com novos monstrinhos.

A pegada cúbica que remete à Minecraft não incomoda. Pelo contrário, é agradável e a ausência de texturas muito elaboradas torna o jogo leve e acessível para todos os donos do console. A música e os efeitos sonoros inicialmente não incomodam, mas o tom repetitivo, com o tempo, pode criar uma atmosfera enjoativa levando, possivelmente, a uma jogatina muda.

É importante ressaltar que, sem sistema de batalhas ou capturas propriamente dito, o spin-off se assemelha muito a Pokémon GO – com uma tentativa de repetição da fórmula como citado anteriormente – em que o interesse principal do jogador se reduz à conclusão da Pokédex. Jogos mobile possuem uma estrutura bem parecida: são feitos para serem jogados enquanto você está ocupado demais para dedicar seu tempo a um jogo maior.

Uma ilha nova de aventuras

Além do sistema de níveis, de 1 até 100 como nos jogos principais, o jogo apresenta dois atributos que são melhorados com as chamadas Power Stones: HP (Hit Points) e ATK (Attack). Cada vez que o jogador avança em Pokémon Quest, ele recebe Power Stones mais poderosas e, assim, agregam o conceito de poder.

Os ataques e a experiência podem ser alterados no sistema de training. Para isso, é necessário sacrificar outros Pokémon para que o alvo principal ganhe mais experiência ou troque o movimento especial – como a troca de growl por psychic, por exemplo. Esse método é facilitado caso os Pokémon usados tenham o mesmo tipo, mas nem sempre a probabilidade de sucesso é de 100%.
Para ser dos mestres o melhor, sacrifícios serão necessários.
No geral, essa nova conjuntura sobre ataques especiais é inicialmente confusa e, na prática, injusta. Não é possível escolher quais movimentos serão ensinados pelo treinamento, tampouco uma garantia de que ao sacrificar outros Pokémon você receberá um ataque melhor que o anterior.

Analisando a estrutura de batalha, Tumblecube Island é separada inicialmente em doze áreas temáticas. Cada uma tem fraqueza a um tipo específico, ou seja, estratégias de quais tipos usar durante a partida são essenciais para evitar horas e mais horas atrás de Power Stones melhores. Esse fator, no início do jogo, é de certa forma injusto, já que as áreas 2 e 3 possuem fraqueza aos tipos fogo e planta, respectivamente. Ou seja, charmander e bulbasaur são, na teoria, indiscutivelmente melhores para o início da campanha de Pokémon Quest.

O sistema de batalhas é muito simples – característico de jogos mobile. Tão simplório que, se o jogador desejar, é possível acionar o modo de batalha automático, o que mostra como Pokémon Quest não se importa em demonstrar partidas emocionantes, tampouco oferecer opções para estratégias de ataque, já que os monstrinhos se movimentam sozinhos, ou uma inteligência artificial eficiente.
As batalhas podem ser desafiadoras, mas definitivamente não são o destaque do jogo.
É relevante mencionar a energia de recarga para novas partidas. Com uma bateria limitada à 5 partidas por vez, caso o jogador opte por não pagar por mais, ele terá que aguardar 30 minutos para que cada barrinha da bateria recarregue. Mesmo sendo um tempo longo, a possibilidade de pagar 25 PM Tickets para restaurar a barra é uma alternativa viável, justamente pelas diversas quests recompensadoras que Pokémon Quest oferece.

Como um master chef

Uma das características mais marcantes de Pokémon Quest é a “captura”, mas dessa vez pelo estômago. Através da criação de receitas variadas, cada uma específica a um tipo, o jogador é instigado pela curiosidade a buscar todas as formas possíveis de completar a Pokédex através dos ingredientes oferecidos pelo jogo.

Além disso, o jogo permite o encontro com Shiny Pokémon – versões raras com cores alternativas – e, com o avanço do jogador, são desbloqueados novos instrumentos de cozinha que atraem Pokémon mais raros e com níveis superiores, mas que exigem mais ingredientes. A mecânica no geral funciona, porém, infelizmente, só é possível cozinhar uma receita por vez, a não ser que você pague com dinheiro real a expansão para até quatro receitas simultâneas, o que pode ser um desestímulo caso o jogador não queira pagar.
Pokémon Quest conseguiu cativar os caçadores de shiny.

Free-to-start ou pay-to-win… eis a questão

O grande elogio para a parte financeira de Pokémon Quest é de não tornar o jogo o mais mercenário possível – ou pelo menos de tentar. O chamado PM Ticket, moeda virtual do jogo, não é escassa gratuitamente por dois motivos: prêmio diário de 50 PM Tickets e inúmeros desafios, as chamadas quests, que recompensam o jogador com moedas virtuais.
PM Tickets são relativamente abundantes, e isso é bom.
Assim, com esse ingresso o jogador pode comprar quase todas as funcionalidades do jogo, incluindo recarga de energia para jogar mais e decorações bônus, fazendo justiça ao nome quest – parte fundamental para uma maior fluidez do jogo. Entretanto, os novos fogões são limitados apenas às compras de DLC, que podem chegar até a trinta dólares (US$ 30). Com isso, a não realização das compras extras não irá afetar muito o jogo, o que é um ponto positivo e notável aos jogadores acostumados com esse sistema de jogos mobile.


Não há nada mais frustrante que se dedicar a um jogo free-to-start e se deparar com uma compra de DLC obrigatória para continuar. Felizmente, Pokémon Quest não é o caso. Mesmo com moldes de jogos mobile, o novo spin-off da franquia cumpre bem sua função de preenchimento entre grandes lançamentos e tem todo o potencial para atrair grande parte dos fãs saudosistas e do público casual, principalmente se investir em futuras atualizações.

Prós

  • Spin-off atrativo com grande potencial para atualizações;
  • Cumpre sua missão de passatempo;
  • Mecânicas de culinária bem vindas;
  • PM Tickets acessíveis e muitas quests;
  • Avanço justo do jogo sem necessidade de compra de DLC.

Contras

  • Música e sons de batalha repetitivos e enjoativos;
  • Sistema de ataques especiais desfavorável;
  • Batalhas metódicas e com pouca influência do jogador;
  • Inteligência artificial decepcionante;
  • Longo tempo de recarga de energia. 
Pokémon Quest - Switch / Mobile - Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Vinícius Rutes

É estudante e apaixonado por games desde seu primeiro contato com Duck Hunt e Ice Climbers do nintendinho em 2002. Fanático por Pokémon e admirador de diversas franquias, reúne seu tempo livre para escrever e tentar colocar as matérias da faculdade em dia.
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