Blast from the Past

Blast from the Past: Alex Kidd in Miracle World (Master System/VC)

A Sega disponibilizou no Virtual Console do Wii muitos jogos das eras 8 e 16-bits. Dentre eles está o saudoso Alex Kidd in Miracle World , d... (por Alberto Canen em 20/09/2012, via Nintendo Blast)

Alex Kidd in Miracle WorldA Sega disponibilizou no Virtual Console do Wii muitos jogos das eras 8 e 16-bits. Dentre eles está o saudoso Alex Kidd in Miracle World, do ainda mais saudoso Master System (apesar de ainda ser produzido pela Tectoy). Graças a essa parceria, mesmo nos dias de hoje é possível relembrar os bons tempos da jogatina 8-bits, da época em que a Sega ainda fabricava consoles e disputava com a Nintendo pela dominação do mercado de games. Agora que bateu aquela saudade, vamos fazer uma viagem no tempo.

Quando a Sega resolveu produzir consoles de mesa, a Nintendo já tomava conta do mercado. Grande parte desse domínio pode ser creditado ao excelente jogo de Shigeru Miyamoto, Super Mario Bros. Se já não bastasse ter que concorrer com o Mario e a maior experiência da concorrente, a Sega ainda teve que lidar com a política contratual de exclusividade que a Nintendo impunha às desenvolvedoras nos Estados Unidos, impedindo que as mesmas produzissem para outra plataforma.

Kotaro-Hayashida[1]Dessa forma, a Sega sabia que não poderia contar com o apoio da grande maioria das desenvolvedoras e que precisaria criar os seus próprios jogos. De início, também seria necessário fazer frente ao mascote encanador da Big N. Com esse propósito, em 1986, nascia o brilhante Alex Kidd in Miracle World, produzido por Kotaro Hayashida – que também veio a trabalhar em Phantasy Star, Zillion e Shining Force (devemos muito da nossa infância a ele) -  e que só fez sucesso realmente fora das terras do Tio Sam, principalmente Europa, Austrália e Brasil, onde a Sega realmente dominou o mercado.

O Master System só chegou às terras tupiniquins em 1989, assim como Miracle World, e nós brasileiros pudemos contar com a competência da Tectoy (Tec Toy naquela época) para distribuí-lo por todo território nacional. O console e o jogo fizeram um enorme sucesso, e até hoje temos grandes fãs do Alex Kidd, o que torna esse game ainda mais imperdível.

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Alex vs. Mario

Os jogos estilo plataforma 2D estavam em alta naquela época, impulsionados pelo bigodudo italiano. A Sega sabia que precisava fazer frente à Nintendo nesse campo se quisesse obter sucesso. Alex Kidd veio para competir com o Mario e alguns elementos semelhantes foram utilizados, como não poderia deixar de ser, mas muito foi acrescentado também. Assim como Mario, Alex só podia andar para o lado, sem retornar, o que muda nos estágios mais avançados do jogo, mas diferente do encanador, ele podia controlar diversos veículos: helicópteros (petit-copter), barcos (suisui boat) e até motocicletas (sukopako motorcycle) – o que era uma fórmula avançada para a época. Era um diferencial muito interessante, que apesar de não ser essencial, era muito divertido e oferecia a possibilidade de chegar ao fim por um caminho diferente. Eles podiam ser comprados nas lojas (sim, Alex podia gastar o seu merecido dinheiro) nos inícios de fases ou já eram “presentes” do jogo.

Petit-copter[1]Suisui-boat[1]

Sukopako-motorcycle[1]Shop[1]

O Mundo dos Milagres

A história, melhor esclarecida no manual, conta que no planeta Aries, conhecido como Miracle World, vivia um garoto chamado Alex Kidd, que passou sete anos treinando a técnica Shellcore, uma antiga arte que permitia ao seu usuário quebrar pedras. Um dia, ele encontrou um homem à beira da morte que disse que a pacífica cidade de Radaxian estava em grande perigo. Antes de morrer, o homem lhe entregou um mapa e um medalhão feito da Sun Stone (pedra solar). E assim começa a aventura de Alex Kidd no Mundo dos Milagres.

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O mapa mostra 11 locais pelos quais Alex precisa percorrer durante as 16 fases do jogo. Durante a jornada, Alex descobre que o rei Thunder estava desaparecido e que Janken The Great sequestrou Egle, o príncipe herdeiro do trono de Radaxian, e sua noiva, a princesa Lora. Por sinal, ele ainda descobre que Egle é seu irmão gêmeo. Agora cabe ao nosso herói orelhudo salvar a todos das garras do terrível vilão.

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Os cenários faziam um ótimo uso do hardware melhor do Master System, gráficos que o NES não era capaz de produzir. Cada estágio era diferente e passava uma boa impressão de progresso no jogo. Cavernas, castelos, florestas e lagos foram super bem construídos, mostrando o máximo que um jogo de 8-bits poderia oferecer.

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Pedra, papel e tesoura

Outro grande diferencial do game eram as batalhas contra os chefes, que faziam uso do famoso joguinho jan-ken-pon. Era uma melhor de três e se Alex perdesse era transformado em pedra, perdia uma vida e tentava novamente. Claro que ninguém queria valer-se apenas da sorte para vencer uma batalha, mas verdade seja dita, depois de decorada a sequência que cada chefe usava, era impossível perder. Mesmo assim, era fácil obter a bola telepática, que permitia ler os pensamentos do adversário, o que só ajudava em parte, já que nas fases mais avançadas do jogo, no último momento, os chefes alteravam sua opção – para vencer, bastava ficar esperto para mudar para a opção certa logo após o último movimento do chefe da vez.

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Os três chefes tinham cabeças referentes ao jan-ken-pon: o cabeça de pedra (Gooseka), o cabeça de tesoura (Chokkinna) e o cabeça de papel (Parplin). Cada um deles aparece duas vezes durante o jogo, mas na segunda aparição, eles desprendem a cabeça após serem vencidos no janken e atacam Alex. Alguns até atiram com o torso, deixando a tarefa ainda mais complicada.

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O Janken The Great, como já estava mais que óbvio a essa altura, também encarava o jogador numa partida de jan-ken-pon e, ao ser derrotado, também deveria ser enfrentado numa luta. A verdade é que todos eles tinham uma forma fácil de vencer, bastava você descobrir como fazer antes que as suas vidas acabassem.

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Repercussão e continuação

Miracle World fez tanto sucesso, que passou a vir na memória do Master System, a partir do Master System II. A Europa também recebeu uma versão própria, na qual Alex come um hambúrguer ao invés de um onigiri (bolinho de arroz japonês) ao final de cada fase. Os botões também foram trocados, o 1 passou a ser para socar e o 2, para pular.

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O grande problema de Miracle World estava no seu final. Depois de passar por tantos desafios, apenas algumas palavras são oferecidas ao jogador e, ainda por cima, o rei não foi encontrado. Essa tarefa, por sinal, ficou para a versão do Mega Drive, Alex Kidd in the Enchanted Castle, que também pode ser encontrado no Virtual Console do Wii.

Alex Kidd in Miracle World marcou história e deixou saudades, principalmente no Brasil, onde a Sega, em parceria com a Tectoy, dominava o mercado local. E mesmo nos dias de hoje, com games cada vez mais reais, os chamados jogos retrô têm um espaço reservado nos consoles de muitos jogadores, mesmo daqueles que não vivenciaram a época. E você, leitor, jogou muito Alex Kidd no seu Master System ou conheceu o jogo agora? Compartilhe conosco a sua história nos comentários.

Revisão: Catarine Pereira


Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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