Blast from the Trash

Duro de matar e duro de jogar! Vamos sofrer relembrando Die Hard para NES

Yippee-ki-yay, blasters! Eu sei o que você aí está pensando: “Ah, mais um jogo podre baseado em filme? Que original!” Bom, o que eu poss... (por Thomas Schulze em 10/04/2013, via Nintendo Blast)



Yippee-ki-yay, blasters! Eu sei o que você aí está pensando: “Ah, mais um jogo podre baseado em filme? Que original!” Bom, o que eu posso fazer? Aqui é o Blast from the Trash, afinal. Quem me dera receber pautas como GoldenEye 007, Aladdin ou Spider-Man 2, mas minha missão é receber jogos antigos e lixosos, então vamos lá! Nessa semana temos Die Hard, um game lançado em 1991 para o saudoso Nintendinho que fez os jogadores passarem por mais perrengues que o próprio policial John McClane no filme homônimo. Se você acha ruim passar uma festa de Natal num hotel com sua ex-mulher sequestrada por terroristas alemães, saiba que essa provação não é nada comparada ao fardo de encarar o cartucho de NES!

Duro de jogar

A explosão já deixa claro:
Vem bomba por aí!
Desenvolvido pela Pack-In Video, responsável por alguns cocôzinhos do NES como Rambo, Predator e Friday the 13th, era até de se imaginar que o jogo fosse publicado pela nossa querida LJN, a mais tradicional produtora de jogos-bomba adaptados de filmes na geração 8 bits, mas a desgraça acabou indo parar nas mãos da Activision. E quem diria, parece que até os dias de hoje a companhia não perdeu o gosto pela coisa, e ainda curte lançar umas tranqueiras licenciadas, não é? Estou olhando para você, The Walking Dead: Survival Instinct!

Como já sabemos, o jogo é uma adaptação do filme Duro de Matar, mas para ser sincero, na maior parte do tempo eu acho que a equipe de desenvolvimento estava tentando adaptar o clássico da literatura Ensaio Sobre a Cegueira, de José Saramago. Ou talvez simplesmente se trate de uma realidade alternativa na qual John McClane sofra de um caso severo de miopia, pois é impossível ver um palmo a frente. É sério pessoal, screenshots não fazem justiça ao sentimento de completa cegueira que você sente jogando Die Hard! O jogo conta com uma visão no estilo aéreo, mas você só pode ver o que existe na esquina seguinte se andar até lá. do mesmo modo, o conteúdo das salas só é revelado quando você abre as portas e dá uma olhada lá dentro. Angustiante!

A coisa está preta para John McClane!


Se existe um lado bom em toda essa escuridão é que o visual do jogo é completamente horrendo, então no fim das contas isso acaba sendo um favor da galera de desenvolvimento, que tenta poupar nossos olhos de tanta feiura. Dê uma boa olhada nessa tela, eu nem sei dizer o que a maioria dos objetos deveria estar representando! E mesmo com tanta escuridão, infelizmente o tempo inteiro eu tenho que ver um John McClane tosquíssimo na tela. Aliás, o modo como o personagem se movimenta me leva a crer que ele sofre de algum problema físico, e eu realmente queria que existisse um power up de bengala para resolver os problemas do coitado.

"Agora tenho uma metralhadora, hohoho!”

Mais poder de fogo que
John McClane. Link-ki-yay!
Não tenho nada contra jogos difíceis, muito pelo contrário, mas existe algo de imensamente frustrante em estar constantemente numa desvantagem brutal contra os inimigos. Em poucos segundos de jogo você já cai de cabeça em um tiroteio. Até aí tudo bem. Mas enquanto a sua metralhadora parece ter o mesmo poder de fogo que o estilingue do Link, as armas inimigas mandam uma onda de balas pior que o tiro spread do jogo Contra!

Visual de encher os olhos...
de sangue!
Os controles para atirar são péssimos e é terrivelmente complicado mirar em diagonal. Mesmo o mais fraco dos capangas pode tirar sua barra inteira de vida em segundos, e isso é absurdamente frustrante, pois poderia ser evitado se os controles respondessem como eu gostaria. Como cereja do bolo, sua munição acaba muito rápido, e as chances são grandes de que você acabe ficando sem balas antes de sequer acertar um tiro nos inimigos, o que deixa como única opção usar os punhos. Isso não seria tão mal se não fosse impossível chegar perto dos oponentes e se, chegando lá, seus socos não fossem tão inúteis quanto atirar uma pedra em direção a um tsunami.

Como tudo que é ruim sempre pode ficar pior, enquanto você toma dano nas lutas, pode perder seus poucos e valiosos itens, e precisa correr no meio do tiroteio para pegá-los de volta. Pensa que acabou? Tsc tsc tsc, a regra aqui do nosso Trash é que a lixosidade não conhece limites, então que tal descobrir que o jogo possui um limite de tempo, e que toda vez que você, pobre e inocente jogador, subir ou descer sem rumo pelos andares do hotel Nakatomi Plaza, o jogo acha uma ideia bacana puni-lo com uma severa remoção de tempo? “Mas isso é realismo, Thomas!”. Só digo isso pra você:

Sem pé nem cabeça

Nem aqui um medidor de Feet
faria sentido!
Ao longo dos meus vinte e sete anos de videogame, presenciei muitas coisas bizarras. Desde levar um Wally pixelado para a lua até a mais tediosa caça de tubarões que os videogames já viram, mas nada que eu tenha jogado chega perto da lixosidade do “medidor feet”. Pois é, você leu certo, Die Hard é o único jogo, em toda a história do entretenimento eletrônico, que conta com um "medidor de pés". Pois bem, a barra de feet é esgotada conforme você corre ou anda sobre pedaços de vidro, e não tem qualquer relação com sua barra de vida. Soa insano e confuso? Deveria, pois esse é um daqueles jogos que seguem o modelo barato de design que nos tenta confundir ao máximo na esperança de esticar a longevidade do game no processo.

Como se perder com um mapa
tão detalhado, não é?
O pior é que o medidor feet é só a ponta do iceberg, pois pausando o jogo ainda vemos as piores e menos claras instruções da história. Para começar, há o mais ineficiente sistema de mapas, um minúsculo desenho com um X desenhado no Paintbrush do Windows 3. Temos também alguns locks que vão se alterando com o passar do tempo sem qualquer explicação sobre o que fazer para impedir o processo. Diabos, eu venderia meu rim em troca de algumas coordenadas ou instruções sobre o que fazer. O único conceito razoavelmente auto-explicativo do menu é um contador de crooks, ou capangas, o que me leva a crer que preciso matar todos eles para finalizar o game. Mas onde eles estão ou o que fazer para que eles apareçam são outros quinhentos.

Mais um selo lixoso de qualidade

Patrick Swayze, é você?!
Chega a ser engraçado notar que, ao longo das gerações de consoles, muitos jogos baseados em Die Hard, inegavelmente um dos melhores filmes de ação de todos os tempos, quiçá o melhor, foram lançados, mas todos eles acabaram sendo mais dignos de Blast from the Trash do que Blast from the Past. Há péssimos jogos para PC, GameCube, PlayStation, e até mesmo Sega Saturn, mas depois de encarar a tranqueira de NES, fica difícil ter disposição de encarar os outros.

"Alô, Activision? Estou indo matar
vocês por terem lançado esse jogo!"
Será que essa semana algum leitor vai aparecer aqui para falar “Aaah Nintendo Blast, esse jogo era um clássico excelente que marcou minha infância.”? Vamos acompanhar. Pessoalmente, eu preferia gastar minha barra de feet caminhando sobre vidro quebrado do que passar mais um segundo jogando esse lixo.

Revisão: Luigi Santana
Capa: Stefano Genachi

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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