Crônica

Vício nem tão saudável: o outro lado do "maravilhoso" Animal Crossing: New Leaf (3DS)

Muita gente esperou meses pelo lançamento da versão 3D de Animal Crossing , comprou logo que o título saiu e continua jogando até hoje se... (por Rafael Neves em 05/09/2013, via Nintendo Blast)


Muita gente esperou meses pelo lançamento da versão 3D de Animal Crossing, comprou logo que o título saiu e continua jogando até hoje sem parar. Pois bem, eu fui quase um desses. A diferença é, depois de algumas semanas vidrado em minha cidade virtual, percebi o quão o jogo é pouco prático para ser jogado em um portátil. A proposta de manter o jogador ativo todos os dias em sua vila e de estar sempre a explorar novas maneiras de decorar sua vida e ganhar dinheiro pode ter gerado um dos poucos games a receber a nota 10 em nossas Análises, mas talvez, após o boom do lançamento, New Leaf tenha começado a mostrar sua verdadeira face.


"Você está cuidando de sua
cidade todos os dias?"

Uma nova possibilidade a cada novo dia

Além de toda a diversidade de tarefas a se cumprir em um Animal Crossing convencional, New Leaf aumentou o leque de obrigações do jogador ao já colocá-lo no cargo de prefeito da vila logo no início de sua vida virtual. Ok, a proposta é uma interessante maneira de trazer algo de novo à fórmula da série, que caiu no "mais do mesmo" em sua versão para Wii. O grande problema é que isso aumenta ainda mais a lista de coisas que se tem para fazer no jogo e, embora a proposta do game seja de liberdade absoluta, eu não consigo ver como livre um jogo que praticamente o obriga a ligá-lo uma vez por dia.

Há sempre novas frutas para se coletar e vender, fósseis novos que brotam todas as manhãs, espécies de insetos e peixes que dependem das imprevisíveis condições do dia, visitantes esporádicos com contribuições exclusivas, eventos únicos no ano e, acima de tudo, vizinhos carentes que precisam de sua atenção diária.

Não perca as possibilidades únicas de cada estação. Caso contrário, só no ano que vem

"Não vem me visitar hoje?
Tô fora!"
Tudo isso impede que se possa passar muito tempo sem jogar New Leaf. Quem tem aquele espirito de explorar todas as possibilidades do jogo, de fazer os 100% e não deixar nada incabado fica totalmente preso ao jogo. Será que hoje vai vir alguém especial para a minha vila? E se o peixe mais raro de todos aparecer logo esta tarde? Quando era mesmo a data do aniversário daquele meu vizinho? Será que marquei um encontro com um habitante esta noite? E se o móvel da coleção que eu queria estiver à venda logo hoje?

É claro que, com o decorrer do jogo, algumas opções de determinar o comportamento de sua vida vão aparecendo. Desde poder ter uma lista dos eventos diários na internet ou mesmo de controlar o espaço de tempo de funcionamento das lojas. Mas, no geral, não há muito controle sob a sua vida virtual e, pelo fato de muitas oportunidades serem únicas, é frustrante não poder casar sua experiência em New Leaf com a vida real.
"Não vai me dizer que você esqueceu
que dia é hoje..."

Trabalho, estudo, Animal Crossing

A questão é: nem todo mundo tem tempo para jogar New Leaf todos os dias, ou até a cada dois dias. E mesmo quem tem simplesmente pode ter muitos outros jogos na lista de espera ou apenas não estar com vontade de jogar o game naquele dia. O problema, então, não é New Leaf exigir muito tempo de jogatina, mas o fato de não ser possível controlar o seu ritmo de jogo. Basicamente, ou você gosta muito do jogo e se dedica diariamente a ele, ou sua vila estará totalmente diferente da próxima vez que você visitá-la. Se isso já é abusivo para jogos no geral, imagine para uma experiência portátil.

"Será que hoje não é o seu dia de sorte?
Venha conferir nossa loja!"
Peguemos, por exemplo, Pokémon. O jogo é facilmente um dos que mais faz com que os jogadores se debrucem por horas e horas sobre sua aventura. Mas uma pessoa pode simplesmente não se dedicar tanto, ou mesmo jogar poucas vezes na semana, apenas quando lhe dá vontade. Ou seja, o quanto Pokémon será viciante e exigente depende do jogador. Já em New Leaf, isso é quase como um regime escravista, não se pode determinar realmente o quanto você quer se dedicar ao jogo. É claro que, como já dito, há maneiras de se controlar em alguma medida a experiência, mas a proposta do jogo, em si, é manter uma vida virtual paralela à sua vida real. Não é um jogo que alguém muito atarefado e com uma rotina irregular possa curtir da melhor maneira possível.
"Pare de protelar pela internet e
vá jogar um pouquinho!"

A solução?

Para mim, a solução foi honestamente me desfazer do jogo. O que foi uma pena, pois eu gostei bastante de New Leaf, só não o adorava tanto para investir alguns minutos de todos os meus dias nele. Já estava chegando ao ponto de eu separar cronometrados vinte minutos de minha noite para vender todas as frutas raras, verificar todos os itens das lojas, catar todos os fósseis, pegar um ou dois peixes e insetos, falar ao menos duas vezes com cada vizinho e tentar caçar alguns seres submarinos.

O meu tempo de jogo era totalmente perdido nessas obrigações diárias, o que me impedia de curtir o que New Leaf realmente tinha de bom: ir à ilha tropical esporadicamente, curtir algum evento específico do dia, montar novos projetos públicos, decorar melhor minha casa... Acredito que falte flexibilidade na maneira como a experiência de Animal Crossing se dá, mas fico ansioso para futuros lançamentos e cruzo os dedos para que Fantasy Life, da Level-5, venha para o Ocidente trazendo um misto de RPG e simulação de vida.

Revisão: Bruno Nominato
Capa: Igor Silva


Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


  1. Nosse, é exatamente isso que eu senti após um tempo com o jogo, obrigação. Não me divertia mais jogando, me sentia obrigado a todo dia ter que visitar o jogo para ver alguma novidade e honestamente cansei dele e o abandonei após o primeiro mês. Animal crossing é muito bom, mas acaba se tornando como o texto mesmo disse, um regime escravista.

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  2. so não concordo com o fato de não ser adequado para portatil. Pois como o jogo exige muito uma jogatina diaria, nem sempre teremos uma televisão disponível com o console para jogar, pode ser que nem em casa estaremos, imagina se fosse pra Wiiu e vc faz uma viagem, e não tem tv, ou um pacote de viagem que o foco nem é ficar jogando. E nos casos de transito na ida e volta do trabalho e escola/facu, é a hora ideal para investir na proposta do jogo.

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  3. Cara, eu já sinto isso na versão do Wii. Gosto bastante do jogo e pensava seriamente em comprar um 3ds com ele, mas resisti justamente pelo caráter literalmente viciante.
    Sério, mesmo. Se minha filha, então, pegasse um desses, não ia querer fazer mais nada. Ia se tornar relapsa nos estudos, querer parar com aulas especiais e cursos que faz, se não começasse a querer parar de brincar com amigas. No Wii, se deixar, ela joga tranquilamente mais de 4 horas direto, se deixar. Imagina com um troço desses portátil, sempre a mão.

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  4. É exatamente o que passei, eu comecei a jogar e me senti obrigado a continuar e também tive preguiça para arranjar dinheiro para pagar minhas reformas na minha casa. Hahaha mas o jogo é muito bom e... pera que vou dar uma saída aqui para ir jogar...

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  5. Mas vc nao é obrigado a fazer tudo no jogo... da pra jogar tranquilo fazendo uma coisa ou outra

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  6. Vixiiii!!!!! Estão crucificando o jogo mais carismático do 3DS ? O jogo que mais me prende no momento é o "MONSTER HUNTER 3 ULTIMATE".Muito mais imercivo e inadequado para um portátil. Enfim... ambos são extremamente viciantes !

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