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Análise: Minecraft: Better Together Update (Switch) é consagrado com crossplay, mas falha em diversos aspectos

A atualização Better Together trouxe muitas mudanças, mas ainda está longe de ser a versão definitiva do game.


Em pleno 2018, é impossível um jogador não reconhecer o tamanho de Minecraft na comunidade gamer – quer ele goste ou não. O desenvolvimento inicial do jogo há quase dez anos passou por inúmeras mudanças, incluindo a compra dos direitos do jogo pela Microsoft e o lançamento para diversas plataformas – desde smartphones até o New 3DS.


O foco desta análise não é especificamente sobre o jogo Minecraft em si, já analisado anteriormente, mas, sim, a respeito da grande nova versão, Better Together Update, lançada no final de junho de 2018 para o Nintendo Switch, que finalmente concretizou o crossplay do game e promete unir os jogadores do Switch, Xbox One, Windows 10 e smartphones em novas experiências on-line – motivo de memes e afagos no Twitter após a publicidade da Big N e Microsoft juntas.

Afinal, é o mesmo Minecraft?



A resposta é sim e não. O jogo Minecraft mantém suas premissas anteriores e funciona com a versão mais recente, incluindo a atualização Aquatic. Porém, as versões para consoles que costumamos conhecer são, tecnicamente, inferiores a essa atualização. Para começar, caso o jogador tenha comprado Minecraft: Nintendo Switch Edition anteriormente e queira jogar a nova versão ele terá que realizar o download, gratuito, como se fosse outro jogo.

Além disso, é possível notar grandes semelhanças com a versão de PC, a mais completa e mais usada de Minecraft. Partindo das opções de configuração, uma das novidades que mais agradam os fãs é a possibilidade de criação de mundos infinitos – que sempre foram limitados nos consoles – e uma grande gama de ajustes, desde a adição de coordenadas geográficas até o login na sua conta da Microsoft dentro de um console da Nintendo.

Com isso, a vinculação de duas contas permite a existência de um sistema de conquistas notável e estimula o jogador a buscar sempre ir além a fim de completar todos os objetivos. Além do mais, por ser a versão mais recente do jogo, Better Together permite enfrentar monstros como os Ilagers e encontrar novas criaturas como golfinhos e lhamas – presentes apenas nas versões mais recentes do game.
Quase 100 conquistas disponíveis incentiva bastante o jogador.
Uma das falhas iniciais notáveis dessa versão, comparada a de Windows 10, é a ausência completa de servidores on-line, que foram prometidos para as próximas semanas, mas que são peças essenciais para muitos jogadores – ferramenta que não deveria ficar de fora logo no lançamento. Com isso, caso seu foco seja nos servidores dedicados, é extremamente pertinente avisar que talvez seja melhor aguardar o pronunciamento oficial da desenvolvedora a respeito, principalmente por se tratar de US$ 30.

Outro aspecto relevante de menção são as limitações técnicas do Switch comparada a outras plataformas, como a renderização de menos chunks que pode incomodar os jogadores acostumados com versões melhores. Além disso, a sensibilidade dos controles é  outro problema, já que, mesmo configurada no máximo possível, o cursor é lento e pode atrapalhar o processo de crafting.

Falando nisso, o crafting é bem diferente das versões anteriores de consoles, como Xbox 360 e Wii U. A ideia é tornar o processo mais dinâmico e fácil para os jogadores, mudança apreciável por mim justamente pelo longo prazo sem contato com a interface anterior. Porém, para os jogadores já acostumados a outra forma de jogar, incluindo os da versão anterior do Switch, é possível ter um grande estranhamento e uma certa revolta contra este novo sistema – principalmente pelo trabalho de se acostumar com a sensibilidade lenta citada acima.
O novo sistema de crafting pode atrapalhar os jogadores acostumados à interface anterior.
No restante, não há grandes alterações das mecânicas já conhecidas e aclamadas pelos fãs. Caso seu interesse seja apenas em criar mundos single player ou com uma comunidade no próprio Switch, a grande atualização é um prato cheio de atividades e lugares para exploração, principalmente por corresponder à versão para computadores com a vantagem de poder jogá-la em qualquer lugar – mesmo que a tela no modo portátil possa incomodar alguns jogadores.

… Imagine juntas



O maior marketing atual para essa atualização é a união entre Nintendo Switch, Xbox One, Windows 10, Android e iOS. De fato, após a confirmação do crossplay de Fortnite entre algumas plataformas, é extremamente positivo, analisando pelo lado do consumidor, o esforço da Microsoft e da Nintendo em fazer isso acontecer, também, com Minecraft. Contudo, para os jogadores que aguardavam por isso desde o anúncio do ano passado, o que realmente foi entregue está abaixo das expectativas.

Para começar, a ausência de servidores dedicados já atrapalha a experiência. Mesmo assim, testei jogatinas variadas entre Switch, PC e Xbox One – mas com alguns contratempos. Primeiramente, ao ser host do mundo criado no híbrido da Nintendo, as tentativas dos jogadores, tanto na versão de Windows 10 quanto no Xbox One, foram frustrantes. Mesmo alterando a rede de conexão e diversas outras configurações, os convidados se depararam com muitas situações problemáticas, como o não carregamento do mapa corretamente e blocos destruídos com grandes atrasos de drop.

Logo após, ao tentar criar um mundo no Xbox One, me deparei com problemas de conexão e a impossibilidade de me juntar aos jogadores conectados. Ainda sem respostas do suporte da Microsoft, é extremamente desagradável investir em uma versão “optimizada” do jogo, porém cheia de contratempos decepcionantes e contraditórios às propagandas divulgadas.

Felizmente, quando o host do server teste foi no Windows 10, a versão do Switch se adaptou bem e correspondeu às expectativas – funcionando como deveria ser de qualquer outra forma. A espera é de que os desenvolvedores melhorem tais conexões com os servidores, uma vez que, para muitos, Minecraft funciona bem apenas quando há uma boa conexão multiplayer.
O clássico Minecraft, mas agora com amigos de (quase) todas as plataformas juntos.
No mais, alguns pequenos problemas encontrados podem incomodar os jogadores nintendistas. Da mesma forma que há skins e texturas inspiradas em jogos como Halo, a versão para Switch vem com opção de customização com skins da franquia Super Mario. Entretanto, ao tentar se conectar com jogadores de outras plataformas, o jogo impossibilita a conexão enquanto o jogador estiver usando tais customizações, quebrando um pouco com a proposta de oferecer um diferencial para o console da Big N, já que na prática só pode ser usado entre os próprios jogadores do Switch.

Em síntese, Minecraft: Better Together Update é um pouco mais do que já estamos acostumados, só que com um crossplay cheio de falhas. Mesmo pecando por não entregar o que prometeu na melhor qualidade possível, a Microsoft ainda tem tempo de consertar os erros de conexão e entregar um ótimo serviço com servidores dedicados – ainda mais por exigir conexão paga por assinatura em algumas plataformas.

De resto, é extremamente satisfatório ter mundos infinitos de Minecraft para explorar em um sistema portátil como o Switch, ainda mais com uma versão atualizada e que, aparentemente, será bem cuidada pelos desenvolvedores no futuro. Para tanto, precisarão aprimorar, primeiramente, os destaques deste grande update.

Prós

  • Infinidade de possibilidades para o jogador;
  • Mundo infinito agrega muito à versão portátil;
  • Configurações de jogo muito semelhantes à versão de PC;
  • Atualização marinha complementa a experiência já conhecida por muitos;
  • Sistema de conquistas melhorado estende o interesse do jogador. 

Contras

  • Problemas de conexão com o crossplay;
  • Novo modelo de crafting pode frustrar jogadores acostumados com o modelo antigo;
  • Sensibilidade do controle muito baixa;
  • Ausência inicial de servidores on-line dedicados;
  • Não é possível utilizar skins temáticas da Nintendo durante jogatinas com outras plataformas.
Minecraft: Better Together Update - PC / Switch / Xbox One / Android / iOS - Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Pedro Franco
Análise produzida com cópia do jogo adquirida pelo próprio redator


É estudante e apaixonado por games desde seu primeiro contato com Duck Hunt e Ice Climbers do nintendinho em 2002. Fanático por Pokémon e admirador de diversas franquias, reúne seu tempo livre para escrever e tentar colocar as matérias da faculdade em dia.
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