Análise: Disaster Report 4: Summer Memories (Switch) é uma aventura dramática por um grande desastre

Desenvolvido pela Granzella, Disaster Report 4 é o jogo mais recente de uma série iniciada no PS2. O conceito desses jogos é que um grande desastre natural aconteceu, e agora o jogador precisa encontrar uma forma de sobreviver, podendo ajudar ou tirar proveito das pessoas ao seu redor.

Uma cidade desolada por um grande terremoto

Enquanto ia de ônibus para o Suiren Park, o protagonista acaba sofrendo um acidente. Ele consegue escapar, mas a causa foi algo muito maior: um terremoto em grande escala. Como resultado, a cidade está um caos, com vários prédios caídos, áreas cedendo e o perigo constante de tremores secundários.

A partir desse ponto, o jogador tem a oportunidade de explorar os cenários da tragédia, conversar com vários personagens, pegar itens e realizar algumas quests. Conforme anda pelos locais, o ponto central do jogo é conhecer os problemas dos personagens ao seu redor e se envolver em situações que vão de ajudar a encontrar pessoas até se envolver em um culto sinistro.

Vale destacar que boa parte da história é, na verdade, linear. Apesar de poder explorar vários locais, existe um drama que o jogo quer vender com eventos obrigatórios para progredir a história. É comum ficar perdido em algum ponto do jogo porque tem que encontrar uma cena em um local específico que simplesmente não é indicado.

Há também vários momentos de escolha que raramente parecem ser relevantes o suficiente para mudar alguma coisa, sendo o final basicamente dependente apenas de uma decisão no último dia. Até mesmo sistemas como fome, sede e vontade de ir ao banheiro não parecem impactar o personagem de nenhuma forma. Passei o jogo inteiro sem gastar itens de comida ou bebida e não percebi nenhum impacto além de uma animação da personagem apertando a barriga quando está parada.

O real perigo está nos tremores, que são eventos ativados quando o jogador anda em determinados locais após conversar com os personagens relevantes da área. É importante tomar cuidado, pois estar no lugar errado na hora errada pode ser fatal, então é necessário garantir que o local em que está é seguro e se agachar para evitar o impacto.

Quedas fazem com que o protagonista perca pontos de vida e acabe estressado, reduzindo a sua vida máxima. Em algumas ocasiões, grandes pedaços de terra, prédios inteiros ou objetos enormes podem cair, o que pode levar à morte instantânea do jogador.

Uma cidade ainda cheia de vida

Apesar da linearidade com eventos obrigatórios, que podem parecer aleatórios e desnecessários, as histórias das pessoas passando por essa tragédia são interessantes. Muitos personagens têm seus próprios dramas simples e cotidianos, e o jogador terá que ajudá-los de alguma forma. Há também eventos como a passagem por uma área alagada com vários condomínios e um encontro com criminosos em uma área subterrânea, com situações que aumentam a tensão consideravelmente.

Há realmente uma boa variedade de eventos para realizar, e os ambientes que o jogador pode explorar são bastante detalhados. Entre os itens que podem ser obtidos, há várias roupas e acessórios que podem ser usados para variar a aparência do protagonista. Mas a roupa não é o único elemento de customização. Ele pode ser homem ou mulher, o que é escolhido no início do jogo, e é possível alterar o corte de cabelo em alguns banheiros e vestiários.

Em alguns momentos, é possível usar veículos como um bote e uma scooter. Apesar de serem curtos, são trechos divertidos de exploração do ambiente desolado da cidade. O jogador também tem que se arrastar e mergulhar em outros momentos. Ficar muito tempo debaixo d’água causa bastante estresse e pode reduzir muito a vida do jogador, mas não o mata, uma forma que o jogo tem de garantir que ele não seja impedido de ter progresso, já que não há formas de cura além de itens e algumas cenas de loading de novas áreas.

Todos esses elementos, junto com a beleza e riqueza de detalhes da cidade, são alguns pontos fortes do jogo. No entanto, é importante destacar que a versão de Switch tem vários problemas gráficos. Os personagens são visivelmente borrados e há um efeito estranho de iluminação no cabelo deles, que devido à baixa qualidade, fica completamente artificial.

Os serrilhados são gritantes e alguns efeitos visuais de destruição só são visíveis com bastante proximidade. Em um local, é possível estar a poucos passos de uma área em que o chão deveria ter textura de destruição e ainda assim não ver isso. A performance em quadros por segundo tem momentos deploráveis em que é possível sentir o efeito “slideshow”, mas na maior parte do tempo é até ok. Chega a ser engraçado que há áreas que parecem ter a mesma quantidade de objetos e pessoas, mas têm uma diferença de performance drástica.

Outro problema que tive foi um bug com o HD Rumble. Ele é usado para simular o terremoto de uma forma bem intensa, mas pode continuar depois de acabar o evento. Ou seja, ficar eternamente tremendo de forma inadequada. Por conta disso, fui forçado a desligar o sensor. Outro bug ocorreu em algumas quests na área após os condomínios alagados, onde encontrei missões que cortaram ou repetiram o texto e me deixaram preso em um ângulo de visão de câmera estranho.

De forma geral, apesar dos seus graves problemas e escolhas ruins, Disaster Report 4 é uma obra divertida. O drama dos personagens é envolvente, com algumas situações de alta tensão. Acho que para quem tem interesse, vale a pena dar uma olhada na demo que está disponível na eshop e conta o início da história.

Prós

Drama interessante dos personagens e momentos de alta tensão;
Cidade com vários cenários extensos para explorar;
Variedade de customização de personagem com roupas e acessórios escondidos pela cidade;
Trechos com veículos são particularmente divertidos.