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Análise: Panzer Dragoon Remake (Switch) é uma recriação problemática do clássico rival de Star Fox

Apresentando um novo estilo visual polêmico, a remasterização do Rail Shooter clássico da Sega peca pela falta de conteúdo novo.

Lançado originalmente em 1995 para o Sega Saturn, Panzer Dragoon foi um dos títulos mais influentes da sua geração. Sempre lembrado pelos ambiciosos gráficos que impressionam até os dias de hoje, o Rail Shooter da Sega deu origem a uma franquia de sucesso que representou muito bem o potencial do gênero durante anos junto à Star Fox.


Duas décadas e meia depois, o primeiro título da série finalmente foi relançado para um console da atual geração contando com gráficos e músicas remasterizadas. Desenvolvido pela MegaPixel Studio e publicado pela Forever Entertainment, Panzer Dragoon Remake é um exclusivo temporário do Nintendo Switch que promete ser o primeiro de uma leva planejada de remakes dos jogos da franquia.

Voltando às origens


Panzer Dragoon Remake se passa em um mundo pós-apocalíptico onde a raça humana foi quase exterminada. Na trama, o caçador Keil Fluge estava explorando um deserto quando acaba entrando no meio de uma luta mortal entre dois dragões. Durante a batalha, o antigo piloto de Solo Wind, o dragão azul, é ferido mortalmente pelo agressivo Dark Dragon. Em seus últimos momentos, o misterioso piloto encarrega a posse de Solo Wind à Keil junto com uma missão que poderá definir o futuro da humanidade.

Aliado a seu novo parceiro dracônico e a uma poderosa arma laser, o caçador precisa impedir que Dark Dragon chegue até uma plataforma marinha e ative um dispositivo que irá transformá-lo em uma ameaça global. A história no geral é bastante confusa à primeira vista, principalmente porque não há explicações claras ou aprofundamentos sobre a lore daquele mundo, algo que as sequências do título exploram com muito mais sucesso.

Por falar em sequências, as melhorias de jogabilidade implementadas ao longo da evolução da série poderiam muito bem estar presentes aqui. Panzer Dragoon de Sega Saturn é um clássico marcado na história, mas isso não impediu alguns aspectos do jogo de envelhecerem mal.

A mecânica de virar a câmera em 360º graus, principal diferença do jogo em relação aos outros do gênero, é um bom exemplo de algo que deveria ser polido no Remake. A necessidade de controlar a câmera para derrotar inimigos do seu lado ou atrás de você muitas vezes acaba sendo extremamente desconfortável. Além de endurecer e travar a movimentação do dragão, a mira não acompanha as mudanças repentinas de tela, fazendo com que seja necessário ajustar ela toda vez que você muda de lado.

A animação espalhafatosa das asas do dragão batendo no ar também entra na frente da visão do jogador dependendo da direção da câmera, algo que nem sequer acontecia na versão original. Aliás, parando para comparar, todos os fatores que envolvem a mecânica da câmera e a jogabilidade funcionam de forma muito mais fluída no jogo de Saturn.

À primeira vista, Panzer Dragoon Remake parece ter uma jogabilidade idêntica ao original, mas só parece mesmo. Na remasterização, o retículo quadrado da mira é composto por diversas camadas distantes umas das outras, deixando extremamente confuso para o jogador saber onde exatamente ele está mirando. A movimentação do dragão e da câmera se tornaram ainda mais duras por não acompanharem a retícula de forma rápida, entre outras diferenças.

Jornada apressada

A jornada se estende ao longo de 6 fases que podem ser terminadas facilmente em menos de duas horas. Mesmo que o jogo apresentasse um fator replay impecável, a pequena duração, a inexistente variação de missões e as poucas adições de conteúdo original não chegam nem perto de justificar o excessivo preço de R$ 90 cobrado na eShop brasileira.

A falta de conteúdo se torna ainda mais alarmante se comparamos Panzer Dragoon Remake com outras remasterizações da atual geração que cobram o mesmo preço por três ou quatro jogos oferecendo muito mais horas de conteúdo ao consumidor. Os melhores exemplos disso são Megaman X Legacy Collection e Crash N. Sane Trilogy.

A principal, e mais polêmica, adição do Remake são os novos gráficos remasterizados. A MegaPixel Studio optou por mudar o estilo visual realista e desbotado do jogo original em troca de um visual colorido e extravagante para o Remake. Apesar de serem agradáveis aos olhos, a qualidade geral dos gráficos e das texturas não vai muito além de um jogo de PS2 em HD.


As fases sofreram mudanças enormes nos seus cenários, de forma que elas chegam a transmitir climas totalmente diferentes. O primeiro episódio, por exemplo, saiu de um oceano vazio e neblinoso no jogo original para uma ruína alagada no meio de uma floresta. Existem muito mais detalhes em cada canto do cenário, preenchendo lacunas que eram vazias no antigo visual.

Na opinião de alguns fãs da franquia, o visual clássico era bem mais misterioso e charmoso. Se isso é uma coisa boa ou ruim, varia bastante de jogador para jogador. Particularmente, eu acredito que ambos estilos são agradáveis, apesar do claro contraste. Algumas fases ficaram mais interessantes, enquanto outras perderam completamente o charme e a simplicidade que as destacavam.

Comparações necessárias

Existem duas opções de trilhas sonoras: a original e a remasterizada para o Remake. A trilha clássica utiliza os chiptunes característicos do antigo videogame 32-bit da Sega para apresentar músicas frenéticas e dramáticas no melhor estilo dos anos 90. Por outro lado, a trilha remasterizada simula os sons de uma orquestra com instrumentos mais épicos e melódicos.

Ambas as trilhas sonoras, no entanto, parecem destoar completamente de alguns efeitos sonoros e cenas presentes no jogo. Isso fica bem claro durante as cutscenes simples da história que não combinam em nada com as músicas extremamente dramáticas que tocam ao fundo.
Comparação entre os visuais do Saturn (a esquerda) e Switch (a direita)
Basicamente não há nenhum conteúdo novo que é interessante destacar além dos gráficos e da trilha sonora remasterizada. Até existe um modo foto, mas ele não é muito funcional, tampouco atrativo. Ao contrário do original, também é possível salvar o seu progresso entre os episódios, porém adicionar isso era praticamente uma obrigação nos dias de hoje.

Por mais bizarro que pareça, o aumento na duração dos loadings é a maior mudança que você vai encontrar além das já citadas adições. Graças a eles, o ato de ir de um episódio para o outro costuma demorar quase 2 minutos apenas na tela de carregamento, quebrando totalmente a dinâmica da aventura.

Mesmo em um console muito superior, o título continua rodando a 30 FPS e, de vez em quando, ainda apresenta algumas quedas notáveis de frames. Apesar de todos esses problemas, ao menos Panzer Dragoon Remake oferece a maneira mais acessível de jogar o clássico, pois as duas versões do jogo original para Xbox e Saturn são incrivelmente raras de encontrar hoje em dia.

Um recomeço problemático

Panzer Dragoon Remake é um remasterização confusa que se prende demais na adaptação fiel do conteúdo original, mesmo optando por se diferenciar em diversos outros elementos que era melhor não ter mexido. É inegável que o resultado poderia ser muito melhor, mas o produto que o Switch recebeu também não é de todo ruim. 

As poucas horas de duração do clássico remasterizado continuam divertidas se você relevar as comparações com o original. Só nos resta torcer para que a MegaPixel Studios aprenda com os seus erros e entregue um produto mais polido no futuro remake da sequência de Panzer Dragoon.

Prós:

  • Duas trilhas sonoras magníficas;
  • Maneira mais acessível de jogar o clássico.

Contras:

  • Loadings extensos;
  • Poucas melhorias;
  • Câmera problemática;
  • Pouquíssimo conteúdo;
  • Jogabilidade dura.
Panzer Dragoon Remake - Switch - Nota: 6.0
Revisão: Ícaro Sousa
Analise produzida com cópia digital cedida pela Nintendo
Panzer Dragoon Remake está disponível na Loja Nintendo

Estudante de jornalismo que não vê a hora de achar um estágio. Apaixonado por videogames e esperando o fim de Hunter x Hunter e Berserk desde que me entendo por gente.
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