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Análise: Inertial Drift (Switch) capricha na estética, mas derrapa na jogabilidade

Com foco em derrapagens, o game de corrida tenta inovar com mecânicas diferentes, mas acaba burocratizando a jogabilidade.

Jogos indies de corrida estão mais populares do que nunca. Após o sucesso de títulos como Horizon Chase Turbo (Switch) e Gear.Club Unlimited 2 (Switch), a demanda pelo gênero só tem aumentado. Entre tantos lançamentos da categoria, Inertial Drift tenta se diferenciar com uma abordagem muito interessante, trazendo uma jogabilidade excêntrica, que usa os dois analógicos do joystick para supostamente fazer curvas perfeitas.

O que acontece na prática é que o analógico esquerdo influência bem pouco na direção do carro, e o direito exerce maior ação sobre o veículo. Em outras palavras, a mecânica lembra um fone de ouvido com defeito, que o som é mais fraco em um dos lados. Embora seja estranha de se acostumar, a jogabilidade até que é funcional e não seria um problema, se não fosse o design de algumas pistas, que possuem curvas muito fechadas e falta de sinalização adequada, resultando em muitos acidentes durante as corridas.


Falando nas pistas, esse é um dos pontos que Inertial Drift derrapa: as corridas são muito demoradas e repetitivas. Será comum você se encontrar entediado, mesmo correndo a 200 km/h, em um cenário que nada acontece. Nem mesmo colisão entre os veículos é possível, já que em todas as modalidades de corridas os carros atravessam uns ao outros, como se fossem fantasmas.

Um ponto frustrante, e que não pode ser ignorado, é o desempenho técnico. O jogo corre a 30 quadros por segundo no Switch e não possui muitos efeitos visuais, passando pouca sensação de velocidade para o jogador. Não são raros os momentos em que o frame rate cai bruscamente, evidenciando certa falta de cuidado na versão para o híbrido.

A trilha sonora não impressiona, mas também não falha. Ela faz o seu feijão com arroz e funciona bem como música ambiente. Algumas faixas são realmente agradáveis de se ouvir, criando aquele feeling de viagem na estrada. Entretanto os efeitos sonoros são genéricos, o barulho do motor parece um carrinho de brinquedo e o som das derrapagens são datados, lembrando os tempos do Nintendo 64.

Há uma quantidade razoável de conteúdo disponível no jogo. São 10 pistas únicas, sendo que todas elas podem ser percorridas na forma normal ou invertida, duplicando a quantidade total para 20. Além de que todas elas estão interligadas em um grande mapa, assim, algumas partes de certos circuitos são as mesmas de outros, tornando o universo do jogo mais interessante e dando a sensação de estar em uma grande cidade. Além disso, há diversos modos de jogo, aumentando o valor geral do produto. Confira a seguir:

Modo história

O enredo é típico dos jogos de corrida com narrativa, ele existe apenas para justificar os acontecimentos da trama e geralmente são dispensáveis. Mas não deixa de ser interessante o fato de que a desenvolvedora tomou o cuidado em criar uma história para o título.

Em Inertial Drift, a narrativa gira em torno de alguns jovens que decidem competir em corridas de rua, e o jogador pode escolher qual dos personagem será o seu avatar durante a campanha. São quatro protagonistas disponíveis e cada um possui um carro com atributos diferentes. É importante ressaltar que os automóveis mais difíceis de serem controlados são os que possuem as melhores qualidades, formando um certo equilíbrio no desafio.


Cada pista é um capítulo da história e o personagem adversário funciona como um rival que deve ser derrotado nas pistas. A fórmula é interessante e já se mostrou funcional em diversos outros jogos de corrida, como os mais recentes da série Need for Speed, por exemplo. Entretanto, em Inertial Drift, os eventos acabam tornando-se maçantes por ter que correr quatro vezes na mesma pista. É obrigatório passar pelo treino, duelo, desafio contra o fantasma e finalmente a corrida principal.

Esse esquema de repetir a mesma pista de diferentes maneiras foi usado em todos as fases e arruina a história do game. Porque acaba criando um cansaço desnecessário no jogador, que fica enjoado de lidar com o mesmo estágio tantas vezes, e acaba pulando todos os diálogos dos personagens apenas para passar para o próximo capítulo o mais rápido possível.

Desafios

São doze competições únicas, cada um interpretado por personagens diferentes e seus respectivos veículos. Os desafios são como missões do tipo “termine o circuito em tempo recorde” ou “faça determinada quantidade de pontos”. Após concluir as disputas disponíveis, novas são desbloqueadas.

Arcade

O melhor modo disponível, por ser o menos burocrático de jogar. Possui cinco tipos de eventos disponíveis, todos ótimos para praticar: treino, corrida contra fantasma, contra o relógio, corrida tradicional e duelos. É interessante conferir os veículos mais difíceis, por possuírem os melhores atributos, como velocidade, para ter a melhor experiência.

Grand Prix

Muito parecido com o modo anterior, com a diferença de que são 16 torneios e cada um deles possui cinco desafios diferentes, como duelo contra fantasmas ou corrida contra o tempo. No geral, a maioria das competições de Inertial Drift são focadas em estabelecer tempos recordes. Assim como os Desafios, para desbloquear novos Grand Prix, é necessário vencer os que já estão disponíveis.

Multiplayer

Pode ser jogado com um amigo, na mesma tela, ou em rede, se você for assinante do Switch Online. Há três categorias de disputa online: Class C Sport, Class B Performance e Race Class A — a mais desafiadora. O ideal é primeiro se habituar aos comandos e desbloquear os melhores veículos para disputar contra jogadores do mundo todo.

No fim das contas, Inertial Drift pode sim proporcionar uma experiência divertida para o jogador, mas é preciso fazer um pouco de esforço para digerir a jogabilidade e as mecânicas de drift presentes no game. A estética vaporwave pode cativar o interesse dos jogadores, mas as diversas falhas técnicas anulam o charme que o título possui, tornando-o para poucos, talvez para os mais entusiastas por jogos experimentais.

Prós

  • Estilo de arte muito interessante;
  • Trilha sonora de qualidade;
  • Quantidade de conteúdo satisfatória.

Contras

  • Repetitivo;
  • Jogabilidade confusa;
  • Queda de quadros por segundo;
  • Design de pistas mal elaborado.
Inertial Drift — Switch/PS4/XBO/PC — Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Vladimir Machado
Análise produzida com cópia digital cedida pela PQube 


Em constante mudança, escrevo sobre o que gosto e às vezes sobre o que não gosto também.
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