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Análise: INMOST (Switch) é uma aventura cinematográfica cheia de reflexões

Publicado pela Chucklefish, este título te levará a profundas reflexões em um gameplay rápido e intenso.

Desenvolvido pelo estúdio lituano Hidden Layer Games, INMOST vem para trazer ao Switch uma história cheia de melancolia e perdas. Com três protagonistas diferentes, sua mensagem sensível é contada com maestria, mesmo que com pixel art, mas fica bastante aberta às interpretações dos jogadores. Mesmo assim, vale a pena conferir esta pequena aventura indie.


Perdas, enigmas e simbolismos

Ao colocar seus olhos sobre INMOST, você já sabe que se trata de um título diferenciado. Com gráficos retrô cheios de animações completas e com efeitos visuais resultantes de um processamento sobre a arte em pixels, não é difícil se lembrar de outros games que fizeram sucesso com essa técnica, como Octopath Traveler (Switch). São efeitos de iluminação e névoa complexos acompanhados de frames de cada movimento dos personagens que ajudam a envolver o leitor em um enredo profundo e obscuro.

Neste jogo, prepare-se para encontrar uma daquelas histórias de puro suspense e simbolismo em que nada é devidamente explicado e somente algumas horas de jogo serão capazes de entregar informações. INMOST trata de temas profundos como rejeição, adoção, suicídio e distúrbios mentais, de uma forma que cada jogador possa extrair uma mensagem diferente, e isso ocorre em pequenas histórias individuais de três protagonistas: a menina, o guerreiro e o viajante.

Como a frágil menina, você avançará descobrindo os segredos dos cômodos de sua casa e de sua família; o guerreiro, por sua vez, está em busca de sua flor da alma sem nunca saber se a conseguirá; já o viajante, o mais frequente dos três, está apenas em busca de respostas. Em devaneios pelos estágios de cada um deles, você irá descobrindo uma única história interconectada.


Mesmo com objetivos indefinidos, todos os três lutam em busca de respostas sobre si mesmos, e usam de diferentes mecânicas que tornam a aventura cinematográfica mais interessante. Enquanto a menina e o viajante apenas andam, escalam e interagem com objetos, o guerreiro é capaz de batalhar e usar sua espécie de hookshot sem poder pular. É interessante explorar cada detalhe dos mapas com os diferentes movimentos, mesmo que eles não façam muita diferença na contação da história.

Ao progredir, você será presenteado com trechos dublados (em inglês apenas) por Cassandra Lee Morris, dubladora presente também em Xenoblade Chronicles X (Wii U). Os textos, porém, estão todos em português do Brasil, acompanhados da trilha sonora que finaliza o excelente produto de áudio com melodias melancólicas próximas dos momentos mais obscuros de Hollow Knight (Switch) — Path of Pain, eu estou falando de você.

Uma aventura cinematográfica

Sendo o enredo parte tão forte deste jogo, saiba que você não encontrará em INMOST mecânicas precisas de combate ou sistemas justos de progressão. Aqui, tudo se trata de resolver os pequenos enigmas para progredir na história. Esse, porém, não é um ponto negativo, já que é exatamente isso que o jogo se propõe a entregar. Não há avanço de nível, punição pelas mortes ou combates complicados, mas sim elementos que reforçam a narrativa — e te deixam aflito em alguns momentos. O combate do guerreiro, por exemplo, resume-se em decorar o padrão dos três ou quatro inimigos existentes e repetir isso por toda a jogatina.

O único elemento incentivador da exploração são os cristais de medo, geralmente suspensos ou escondidos no mapa. Um indicador no canto superior esquerdo da tela indica quantos deles você já obteve se comparado ao total, e a cada dez uma bruxa contará mais um pouco da misteriosa história que conecta os três protagonistas — como se já não houvesse reflexões suficientes.

O problema dessas tantas reflexões foi que o jogo quis abraçar muitas mensagens para contar em uma única história, deixando muitos pontos em aberto para a interpretação do jogador. O resultado, é claro, pode agradar, mas também deixa muitos inquietos pela ausência de respostas. Mesmo que os fóruns de discussão online estejam cheios de teorias a respeito da trama, infelizmente uma boa parcela acabará saindo sem absorver nada.


Para quem gosta de uma aventura cinematográfica — mesmo que em pixel art — cheia de significados e digna de uma noite de reflexões, INMOST é a escolha certa. Seja em seus três protagonistas tão diferentes, mas que têm muito em comum, seja no conteúdo audiovisual refinado, a mensagem do game será entregue. É uma pena que, com tanto mistério, ela fique aberta a tantas interpretações.

Prós

  • Estilo artístico único em pixel art;
  • Trilha sonora e dublagem compatíveis com o enredo;
  • Enredo profundo, envolvente e cheio de significados.

Contra

  • A mensagem final fica aberta demais à interpretação do jogador.
INMOST — Switch/PC/iOS — Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela Chucklefish

É diretor de redação do Nintendo Blast e fã de games desde pequeno, quando começou sua jornada com Mario e Zelda lá no SNES. É formado na área das engenharias e trabalha com desenvolvimento de software. Quando sobra um tempinho entre as jogatinas e o dia a dia, aparece lá no Twitter como @niccomch.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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