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Análise: Witcheye (Switch) — de olho em uma curta e divertida aventura

A bruxa Mabel usa de sua criatividade e se transforma em um olho para recuperar seus artefatos roubados.

em 06/09/2020
A publicadora Devolver Digital trouxe aos proprietários do Nintendo Switch, no mês de agosto, a oportunidade de experimentar o port do game mobile Witcheye, originalmente lançado em 2019. Trata-se de uma aventura colorida e bastante criativa na qual , ao assumir a forma do olho de uma bruxa, você poderá quicar por aí em busca dos seus itens que foram roubados por um cavaleiro.


Com muitos inimigos e grande quantidade de conteúdo original, o título peca apenas na sua tentativa de adaptação aos controles físicos, quando o jogador opta por não utilizar a tela de toque. Mesmo assim, é um jogo que precisa ser conferido em seu console.

De olho na bruxa

Mabel, a bruxa de pele verde e roupas roxas, pode parecer maligna, mas é, na verdade, muito distraída. Quando um cavaleiro entra em seus aposentos e rouba seus artefatos mágicos descaradamente, começa a aventura de Witcheye. Para recuperar os objetos preciosos de sua receita, ela se transformará em um olho e quicará por sete mundos enfrentando diversos inimigos e chefes criativos.

Pode até parecer uma premissa para uma história de Halloween, já que a protagonista é uma bruxa, mas este game é uma carismática e amigável aventura, contando com um estilo artístico cheio de cores vivas, inimigos miniaturizados e chefes cartunescos. Não foram economizados esforços para a criação de sprites e, a cada fase visitada, novos inimigos e elementos em pixel art são apresentados.

Os estágios do game são curtos e o olho de Mabel deve bater nos inimigos, desviar dos projéteis e quebrar blocos para que o avanço seja possível. O controle da esfera ocular é bem simplificado: um movimento na tela de toque ou no analógico irá arremessá-la naquela direção, e um toque simples (ou qualquer outro botão do controle) a faz parar. Ao atingir os limites da fase você retorna, então não é preciso se preocupar com buracos, apenas com os inimigos.

Assim como nos clássicos jogos antigos de Super Nintendo, a variedade de inimigos é imensa e cada um deles tem nome próprio. Em geral, eles são criados em pares, com uma versão comum e outra mais complexa e difícil. O mais simples inimigo com escudo, por exemplo, tem sua versão avermelhada que anda mais rápido e pode disparar o escudo. A variedade é tão grande que, mesmo que muitos deles se repitam, quase todas as novas fases apresentam pelo menos um novo oponente.

Apesar de tal diversidade, o level design do título é fraco, explorando pouco as possibilidades que os vários inimigos fornecem. Em vez de utilizar diferentes elementos de cenário, os estágios são compostos por uma simples organização de terreno e inimigos, intercalados com áreas bloqueadas onde, para obter a chave, é necessário matar um oponente mais forte. Ainda que os diamantes — itens colecionáveis escondidos em inimigos ou blocos — incentivem essa pequena exploração, em muitos momentos você poderá simplesmente avançar desviando dos projéteis sem enfrentar ninguém.

Em uma ou outra fase você encontrará elementos do ambiente que podem contradizer esse ponto. Os níveis com o nível da lava oscilante ou com vento intermitente, por exemplo, são perfeitos para acrescentar uma dificuldade além do desvio de projéteis. Mesmo assim, essas aparições são minoria em uma grande quantidade de estágios com a presença de plataformas e inimigos, apenas.

Direto dos smartphones

Como Witcheye é um título vindo do mundo mobile, algumas coisas parecerão não tão familiares àqueles que costumam jogar nos consoles. Por ser projetado para telas de toque, o jogo funciona muito melhor se jogado dessa forma. Ao utilizar os analógicos você frequentemente sentirá a imprecisão de comandos e a ausência de resposta, principalmente quando movimentos muito rápidos forem realizados. Conforme a dificuldade do game aumentou ao longo de minha jogatina, senti-me obrigado a abandonar os controles e prosseguir apenas com a tela.

Além disso, uma herança dos smartphones é a característica curta e on the go do título, o que justifica as fases super rápidas. Mesmo com o Switch sendo uma plataforma portátil, não é tão comum que jogos parecidos com um app deem as caras. Num total de duas horas, consegui finalizar o título pela primeira vez. Porém, foram necessárias muitas pausas no gameplay para um descanso mental. Em locais de maior dificuldade, a frustração com a imprecisão dos controles pediu um retorno posterior à aventura, a qual não é ideal para uma única jogada.

Aos que preferem uma experiência digna de replay, o título fornece várias possibilidades, como os modos de dificuldade difícil e expert, um modo de speed run e a possibilidade de buscar todos os diamantes ao longo das fases. Certamente algumas horas de gameplay a mais ficam garantidas por conta desses fatores.

Witcheye é uma divertida e curta aventura com gráficos coloridos e interessantes. Vinda dos smartphones, a aventura falha na opção de jogar com os controles devido à imprecisão dos comandos fornecidos. Apesar disso, você terá algumas boas horas de jogatina enfrentando a grande variedade de inimigos e chefes com uma dose de desafio adequada aos mais diversos tipos de jogadores.

Prós

  • Grande variedade de inimigos com mecânicas diversificadas;
  • Jogabilidade intuitiva e de fácil aprendizado;
  • Estilo artístico carismático.

Contras

  • Potencial de level design pouco explorado;
  • Jogabilidade com controles imprecisa e difícil.
Witcheye — Switch/PC/iOS — Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: Switch

Revisão: Jorge Neto
Análise produzida com cópia digital cedida pela Devolver Digital

É diretor de redação do Nintendo Blast e fã de games desde pequeno, quando começou sua jornada com Mario e Zelda lá no SNES. É formado na área das engenharias e trabalha com desenvolvimento de software. Quando sobra um tempinho entre as jogatinas e o dia a dia, aparece lá no Twitter como @niccomch.
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