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Análise: Code: Realize ~Wintertide Miracles~ (Switch) é uma coletânea de histórias curtas para fãs da série

Segundo fandisc conta com histórias menos relevantes, mas divertidas para quem já se apaixonou pelos personagens.

Code: Realize ~Wintertide Miracles~ é o terceiro jogo da série de visual novels otome Code: Realize. A obra original, Guardian of Rebirth, contava uma história fechada sobre uma garota chamada Cardia, cujo corpo possuía um forte veneno. Junto com um grupo de personagens baseados em obras literárias variadas, ela passa por diversas situações em uma versão steampunk de Londres.

Já Wintertide Miracles segue o mesmo conceito do seu antecessor, Future Blessings, e apresenta o conteúdo de fandisc. Isso significa que a obra é um extra para quem já jogou o original ter um tempinho a mais com os rapazes. Especificamente, a obra é prioritariamente composta por histórias que expandem o conteúdo alternativo de Future Blessings.

Múltiplas histórias alternativas

Ao abrir um novo jogo, Wintertide Miracles oferece um menu de opções com múltiplas histórias que podem ser acessadas. A primeira opção são os Double Dates, ou seja, pequenos eventos que mostram um pouco da interação entre Cardia e dois rapazes. Apesar do nome, nem todos são românticos, também havendo histórias com certos NPCs como “Delacroix e Sisi”.

O nome também não indica adequadamente o conteúdo. Não se trata de fato de encontros, mas sim de momentos aleatórios. Todas as histórias são curtinhas, mas trabalham bem em cima das personalidades de cada um.

Cada rapaz também possui uma história própria. No entanto, ao invés de continuar os eventos do original, esses trechos são epílogos alternativos para a rota do irmão de Cardia, Finis, apresentada em Future Blessings. São eles que dão o nome ao jogo, se passando durante o Natal.

Uma coisa curiosa é que todos começam da mesma forma, mas o jogo considera como se fossem trechos diferentes, não permitindo que elas sejam avançadas rapidamente com o skip de trechos já lidos. Além disso, uma novidade da versão de Switch em comparação com a de PS Vita é que concluir essas histórias libera CGs de praia dos rapazes.

Esse desbloqueio também acontece com duas outras histórias, que também funcionam como epílogos de Future Blessings. Uma delas é continuação da rota do detetive Herlock Sholmès, enquanto a outra é mais uma continuação da rota Finis, mas focada no relacionamento fraterno do rapaz com Cardia.

Enquanto as rotas dos outros rapazes são mais românticas, essas duas desenvolvem a trama com foco maior em outros elementos como o veneno de Cardia ou o legado de Isaac Beckford. Como Code: Realize é uma história que combina mistério, ação, romance e leves pitadas de ficção científica em uma ambientação steampunk, essa abordagem é mais próxima do que havia sido feito nos jogos anteriores.

Por fim, temos também uma nova história introduzindo a personagem Cantarella. Essa história funciona de forma similar à de Future Blessings em que Cardia conheceu Shirley e se envolveu com a família de mafiosos Gordon. No entanto, ela oferece uma história diretamente relacionada aos eventos principais de Guardian of Rebirth, apesar de ser inteiramente nova.

No entanto, o uso de elementos relevantes é uma faca de dois gumes para a história de Cantarella. Por um lado, ela é bastante interessante, trabalhando diretamente com coisas já estabelecidas. Por outro, são eventos tão relevantes que é difícil acreditar na falta de impacto deles na história já pré-estabelecida. Da mesma forma, a ausência de menções à personagem nas outras narrativas de Wintertide Miracles desvalorizam a rota.

De volta à Londres steampunk

Em termos visuais, a obra continua demonstrando muito bem a qualidade usual da Otomate. Os personagens são muito bem desenhados, há alguns efeitos especiais ocasionais e os fundos são ricos em detalhes, contribuindo para a sua ambientação em uma Londres vitoriana e steampunk.

A trilha sonora é prioritariamente composta por músicas dos antecessores, o que contribui para a sensação nostálgica de retornar a Code: Realize. De fato, mesmo tendo achado originalmente que as composições eram, de forma geral, fracas, meu apreço por elas só cresceu jogando tanto Future Blessings quanto Wintertide Miracles. As vozes dos personagens (exclusivamente em japonês) também são fundamentais para a experiência, sendo muito bem executadas.

Vale destacar também que a obra conta com vários elementos de qualidade de vida importantes para melhor aproveitá-la. Além de poder realizar skip ou colocar o jogo no automático, é possível salvar a qualquer momento e acessar um log do texto. Nessa lista de últimos diálogos/textos, é possível escutar trechos anteriores ou retornar para relê-los ou testar outras opções, por exemplo.

Ainda mais do que o jogo anterior, Code: Realize ~Wintertide Miracles~ é uma obra inteiramente dependente dos seus antecessores. Para quem ainda não os jogou, a obra tem pouco a oferecer. No entanto, para quem já ama os personagens e gostaria de estender o seu tempo com Cardia e seus namorados/amigos, é diversão garantida.

Prós

  • Personagens carismáticos;
  • Bom uso de artes e trilha sonora;
  • Novas histórias oferecem momentos mais românticos com os personagens.

Contras

  • História de Cantarella não possui nenhum peso nas outras rotas;
  • Outras histórias em geral não são muito relevantes no contexto geral da série;
  • Não é interessante para quem não jogou os anteriores.

Code: Realize ~Wintertide Miracles – Switch/PS Vita – Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: Switch

Revisão: João Gabriel Haddad
Análise produzida com cópia digital cedida pela Aksys Games


é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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