Golden Sun: 20 anos da franquia de RPG esquecida pela Nintendo

No vigésimo aniversário da franquia, vale relembrar as pérolas que já se passaram, no anseio por alguma atenção futura para as aventuras de Isaac.

Você já se perguntou como a franquia Golden Sun, uma das mais populares de JRPG em sua época, e um dos carros-chefe da Nintendo no auge do Game Boy Advance, foi completamente deixada de lado pela gigante japonesa por tanto tempo? 

A franquia iniciada por Golden Sun (GBA) completou, no último dia primeiro de agosto, vinte anos desde sua estreia, originalmente no Japão, marcando a primeira aventura da saga da Camelot. Como uma empresa de raízes firmes no JRPG — raízes essas escancaradas até mesmo nas entradas esportivas do bigodudo para GBC e GBA —, a equipe liderada por Shugo Takahashi aceitou embarcar num dos projetos mais ambiciosos do Game Boy Advance, que ousava estabelecer um universo complexo e rico, mas que o tempo evidenciou o seu abandono.

Em plenos anos 90, a Camelot Software Planning, tradicional em produção de conteúdo para a SEGA, cruzou seu caminho com o da Nintendo pela primeira vez, iniciando a produção dos ainda hoje consagrados games esportivos do Mario, como Mario Golf (GBC), Mario Golf (N64) e Mario Tennis (GB/VB). De fato, todas as entradas até o presente momento, incluindo os últimos e mais recentes lançamentos no Switch como Mario Golf: Super Rush (Switch), são assinados pela Camelot.

Exatamente por isso, a tendência geral da comunidade e da indústria é de associar a equipe de desenvolvimento quase exclusivamente à carreira desportiva do italiano, que ainda hoje angaria números interessantes de vendas a cada novo título. 

No entanto, essa mesma Camelot tem o prazer de se gabar pelo desenvolvimento de um dos mais populares e fascinantes RPG japoneses já lançados: afinal, depois de vinte anos, ainda estamos a falar de Golden Sun, o que ele representava e como foi decisivo; mesmo sem sinal algum de que a franquia está para retornar em mais de uma década.

O sol que não se extingue

Com o retorno da relevância de games desenvolvidos com visuais 16 bits, esteticamente, Golden Sun ainda se porta muito bem — assim como a gigantesca maioria dos games de GBA. Com o seu lançamento em Agosto de 2001 no Japão, 12 de Novembro do mesmo ano na América e 22 de Fevereiro de 2002 na Europa, Golden Sun teve um processo de desenvolvimento bastante singular.

O jogo, inicialmente concebido para Nintendo 64, foi rearranjado para o novo portátil avançado da Big N assim que o GameCube se tornou uma realidade para os game developers. Precisamente esta mudança de rumo representa uma das primeiras peculiaridades do título, com o desenvolvimento durando um ano e meio a mais do que o normalmente exigido para o padrão da época.

Dada a baixa capacidade de memória dos cartuchos, a Camelot viu-se obrigada a otimizar o conteúdo do jogo, dividindo os dois primeiros capítulos da série em dois títulos lançados a uma curta distância um do outro: Golden Sun: The Lost Age (GBA) nasceu apenas dois anos mais tarde.


O conceito de dividir a aventura em duas partes veio de uma ideia já desenvolvida pela Camelot com a série Shining Force (Multi), típica da SEGA: a possibilidade de experimentar a mesma história tanto do ponto de vista do lado do bem como do lado do mal. Assim, The Lost Age coloca-nos no lugar dos "maus" — ou quase isso — da história do primeiro capítulo, conseguindo assim enriquecer inteligentemente o contexto narrativo e, ao mesmo tempo, expandir e aperfeiçoar um sistema de jogo que já tinha feito com que os jogadores se apaixonassem por Golden Sun na primeira entrada.

Na telinha e na telona

A franquia definitivamente tem um encanto próprio, e no seu lançamento foi acompanhada por um comercial nas TVs, extremamente intrigante e original. Há uma orquestra tocando o clássico "In the Hall of the Mountain King" quando tudo no teatro começa a desmoronar e a ganhar vida atacando os músicos, enquanto continuavam a tocar essa melodia.

O candelabro do local também ganha vida transformando-se em um dragão imponente e maravilhoso, que se tornou parte da imaginação coletiva dos fãs de tal forma que os criadores decidiram inseri-lo como inimigo no terceiro capítulo. 

O comercial termina com um simples Game Boy Advance com Golden Sun. O que é que este anúncio tem a ver com a aventura de Isaac? Basicamente nada, mas é tão épico, refinado e poderoso que simplesmente ao olhar para ele, fica-se intrigado de mergulhar no jogo apresentado. O marketing atingiu o seu objetivo, afinal.


Enquanto um jogo de RPG de turnos, a beleza dos confrontos não estava simplesmente na sua apresentação, mas num sistema de combate embelezado com algumas das ideias mais originais e características do jogo: os Djinn. Estas são essencialmente criaturas que podem ser "capturadas" em batalha ou obtidas através de missões secundárias e puzzles ambientais, e representam os quatro elementos. Água, Fogo, Terra e Ar. 

Cada uma destas criaturas pode ser associada a personagens da sua party para modificar as estatísticas, a força, o tipo de Psynergy (a energia que permeia tudo no mundo) e até a classe, oferecendo assim uma enorme variedade de customização para cada uma das personagens do jogador. Não só isso, como também em batalha, um Djinn "equipado" pode ser usado no mundo do jogo para resolver alguns puzzles graças às capacidades que dá à personagem a quem é atribuído. 


Se pensar, então, que para cada elemento existem sete Djinn diferentes, pode imaginar quantas combinações de personagens, movimentos, habilidades e classes estão disponíveis dentro do título e porque este tipo de mecânica é, ainda hoje, um dos mais bem sucedidos mecanismos de um JRPG.

Para onde foi o sol?

No entanto, o futuro da série não foi tão encorajador. A Nintendo deu-nos mais uma aventura, a terceira, com Golden Sun: Dark Dawn (DS) em 2010, que apesar de ter entusiasmado alguns fãs e obter reviews positivas da crítica, não obteve o mesmo apoio que os originais. A essência do game não conseguiu manter a mesma excelência dos primeiros capítulos e as novas adições de mecânicas, apesar de interessantes, não foram capazes de solidificar pilares tão marcantes e funcionais como nas entradas de GBA.


Não sabemos quais são os planos da Nintendo para a marca neste momento. Isso diz respeito a uma eventual quarta entrada, um remake — que seria muito bem-vindo, em especial após o retorno de Advance Wars, contemporâneas do GBA — ou a tão comentada, mas nunca efetivada, chegada do GBA no Nintendo Switch Online. Dessa forma, não apenas daria uma nova vida e relevância aos jogos originais, mas proporcionaria aos jogadores que têm interesse em descobrir a série, entrar neste universo pela primeira vez, bem como preservar um legado intimamente ligado à Nintendo nos remotos anos 2000.
Mas e você, já teve algum contato com a série Golden Sun? Coleciona algum sentimento ou história com Isaac e cia.? Sente falta da franquia? Conte-nos nos comentários abaixo!
Fontes: Nintendo Wire, SportsGaming
Revisão: Cristiane Amarante

Curioso, empolgado e positivo: os ingredientes ideais para criar o Felipe perfeito...ou quase! Estudante de Engenharia no crachá, programador aos fins de semana e designer às quintas-feiras. Na dúvida, viajar pelos mundos de Kingdom Hearts ou caçar monstros em Hyrule são sem dúvidas uma boa aposta! Conheçam-me! @felipe_lemos12
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


Disqus
Facebook
Google