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Análise: Lumberhill (Switch) é uma incursão genérica no universo dos simuladores cooperativos

As aventuras caóticas vividas por lenhadores lunáticos não são suficientes para colocar este game no patamar de outros títulos do gênero.



Desde 2016, com o lançamento de Overcooked, há um fluxo regular de simuladores cooperativos com foco no caos e no trabalho em equipe (nem sempre) coordenado. Além deste consagrado título culinário e sua sequência, tivemos excelentes entradas do gênero nos últimos anos, como Moving Out, de mudanças, e Tools Up!, que investiu nas reformas domiciliares.


A All in! Games, publisher deste último, fez em 2021 mais uma aposta no campo dos games que transformam profissões ordinárias em atividades divertidamente insanas, e nos trouxe Lumberhill. Desenvolvido pela 2BIGo Studio e pela ARP Games, este simulador da tradicionalíssima profissão de lenhador ganha agora em abril sua versão para Switch, mas independentemente da plataforma, não é tão competente quanto as obras citadas acima.

Sem tempo para explicar a arte do lenhador

Dispensando elementos de caracterização como enredo, cutscenes de abertura e ambientação, Lumberhill apenas nos joga na ação: escolha um lenhador ou lenhadora entre as opções disponíveis e embarque nas fases para alcançar a pontuação exigida para coletar estrelas. Isso é feito ao cortar e entregar os tipos de madeira e animais exigidos nos recipientes correspondentes.




Os ocasionais tutoriais pipocam na tela sempre que uma nova mecânica é introduzida,  explicando novos tipos de bichinhos, funcionalidades e perigos específicos de um dos cinco mundos da campanha principal. Cada fase tem um objetivo adicional, que precisa ser cumprido em conjunto com a pontuação que rende o máximo de três estrelas. Juntas, essas duas metas nos dão um machado que simboliza a completude do estágio.

E… é isso. Essa explicação pode parecer vazia e desanimada, mas ela é um triste reflexo da palavra que pauta negativamente as jogatinas de Lumberhill: rotina.

Cortando madeira de árvores podres

Não me levem a mal, eu sei muito bem que a base de todo simulador envolve um grau maior ou menor da repetição de um mesmo conjunto de atividades. Porém, isso não implica obrigatoriamente em uma monotonia que rapidamente cansa os jogadores. É perfeitamente possível desenvolver um gameplay centrado na rotina, mas com uma variedade satisfatória de recursos de jogo, que transformem uma potencial mesmice chata em uma experiência que se revigora.

Não é esse o caso de Lumberhill. A temática dos cenários muda e um ou outro obstáculo inédito surge em cada mundo, mas a grosso modo passamos a campanha inteira cortando árvores e entregando bichinhos. Novos personagens e modelos diferenciados dos animais podem ser desbloqueados, além de fases para o modo versus, mas eles não alteram em nada a jogabilidade em si.




Não é como se Lumberhill fosse completamente desprovido de bons momentos. Entre as 50 fases do modo principal, até há um bom nível de desafio, principalmente se você for do tipo que não larga um jogo até fazer absolutamente tudo que ele tem a oferecer, mas até os mais resilientes provavelmente vão enjoar de simplesmente cortar árvores e manusear animais sem qualquer elemento que fuja muito disso.

Reforçando essa repetitividade, está a baixíssima variedade de missões extras, que rotacionam entre objetivos como não construir pontes, não cair para fora da fase ou não deixar nenhum animal cair, não entrar na água… Essa curta lista se repete, e inclui ainda requisitos muito parecidos, como não morrer e não ser morto por alguma ameaça específica.

Também não ajuda que os personagens disponíveis tenham pouquíssimo carisma. As roupas temáticas até passam um certo ludismo, mas os lenhadores apresentam uma aparência lamentavelmente genérica, sem muita personalidade além de alguns grunhidos. Curiosamente, esse traço semelhante combina bem com a ambientação de Tools Up, da mesma All In! Games, mas aqui não funcionou.




Para completar, Lumberhill tem um grave problema de poluição visual. Deixo avisado desde já para evitar ao máximo jogar no modo portátil do Switch, porque mesmo pela TV me vi em uma frequente dificuldade de enxergar alguns textos ou localizar vários elementos no cenário, como os machados, tipos específicos de árvore e a identidade das cabanas (se eram de árvores ou de animais). Pelo console em si, é ainda pior.

Faltou afiar mais o machado

Lumberhill acaba sendo mais um exemplar que tenta pegar carona no sucesso atual ou recente de um molde específico de jogo, mas carece de muitos detalhes para triunfar por méritos próprios e brilhar entre as estrelas do seu gênero. Não há muito o que explicar sobre ele além das suas questões de repetitividade e falta de identidade, mas caso você esteja carente de um bom e velho Overcooked, quem sabe não vale a pena ver se esse trampo diferenciado de lenhador te agrada?

Prós:

  • Um nível razoável de desafio, principalmente para os fanáticos por destrinchar os jogos do início ao fim;
  • Os diferentes trajes dos personagens trazem um agradável ludismo ao gameplay.

Contras:

  • O gameplay consiste em uma rotina que rapidamente se torna enjoativa, basicamente consistindo em cortar árvores e manusear animais;
  • Baixa variedade de missões extras, que são poucas em quantidade e têm alguns objetivos muito semelhantes entre si;
  • Personagens genéricos, com pouco carisma e sem personalidade;
  • Muito poluído visualmente, já sendo difícil na TV distinguir alguns elementos do cenário, e pior ainda pelo modo portátil do Switch.
Lumberhill - Switch/PC - Nota: 5.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Janderson Silva
Análise produzida com cópia digital cedida pela All in! Games


Apaixonado por jogos desde criança, principalmente pela Nintendo. Seja Indie ou AAA, os videogames vão estar sempre no meu coraçãozinho, com um espaço especial para multiplayers!
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