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Análise: Deadcraft (Switch) apresenta uma nova abordagem no gênero de sobrevivência no apocalipse zumbi

Uma curiosa mistura de jogo de zumbis e fazendinha.


Jogos com a temática zumbi tiveram seu auge em meados da década de 2000, e embora o hype tenha esfriado, vez ou outra o assunto volta a aparecer em títulos mais recentes. Já os jogos de sobrevivência estão no auge, mas a maioria segue uma mecânica similar. Deadcraft apresenta uma nova abordagem para os dois gêneros, com uma proposta curiosa que mescla apocalipse zumbi, ação, sobrevivência e simulador de fazendinha.

Castigo dos céus

Deadcraft se passa em um cenário apocalíptico situado no ano de 20XX. Meteoros bombardearam a Terra, incineraram o solo e levantaram nuvens de poeira que encobriram o Sol, acabando com a maior parte da vegetação do planeta.

Não bastasse isso, os objetos do espaço trouxeram uma surpresa ainda mais desagradável: um vírus alienígena que contamina humanos e os transforma em criaturas mortas-vivas sem mente, devoradoras de carne humana. Aqueles que são atacados por zumbis também se tornam vítimas do vírus, espalhando ainda mais a praga em uma pandemia sem precedentes.


Décadas se passaram e a humanidade está em frangalhos, com os sobreviventes lutando como podem para se sustentar em um terreno desértico e estéril. O planeta mal contém recursos suficientes para sustentar a vida.

Meio-zumbi

O protagonista da nossa história é Reid, um meio-zumbi que começa a aventura tentando escapar de Nebron, o líder da primeira cidade humana. Surrado sem dó, ele é perseguido e despejado nas terras devastadas. Depois de se recuperar, Reid decide vingar-se do seu algoz.

Meio-zumbis são seres muito especiais, originados de um bebê humano que teve contato com o vírus ainda no útero materno, mas que nasceu antes que o cérebro chegasse a ser afetado. É uma condição extremamente rara e que oferece diversas possibilidades ao seu portador.


Seus lados humano e zumbi coexistem em relativa harmonia, mas a proporção entre eles varia de acordo com suas ações e dieta. Comidas normais alimentam seu lado humano e comidas corrompidas reforçam seu lado zumbi. Na parte superior da tela de jogo, existe um medidor que permite conferir a proporção entre seus dois lados. Toda manhã você acorda com um equilíbrio entre as forças.

A energia zumbi permite fazer ataques especiais, mais fortes e furiosos, com efeito em área. Também é possível entrar no modo DEADMAX, um estado de fúria em que até mesmo seus golpes normais são devastadores. É particularmente satisfatório abater humanos quando você está em estado zumbi, pois é uma inversão do clichê que normalmente encontramos nos games do gênero.

Você colhe aquilo que planta

Como se trata de um jogo de sobrevivência, é necessário beber, alimentar-se e descansar frequentemente para não perecer. Tais recursos podem ser coletados no cenário, mas sua vida ficará muito mais fácil quando você conseguir cultivar seus próprios alimentos, numa versão zumbificada de um simulador de fazenda.


É possível criar hortas plantando sementes e regando-as com água. Se você substituir a água por sangue contaminado, cultivará vegetais híbridos, alterados pelo vírus. Esse plantio sinistro gera vegetais com aparência bizarra, que ao serem consumidos aumentam sua energia zumbi.

Também é possível plantar cadáveres humanos, que ao serem regados com sangue corrompido podem ser cultivados, resultando em zumbis seguidores fiéis. Com essa atividade, podemos criar nosso próprio exército particular de mortos-vivos. Quanto mais forte era o humano que virou cadáver, mais forte será o zumbi gerado. Ele inclusive usará as mesmas armas e habilidades que possuía quando vivo.


O jogo também inclui mecânicas de tower defense, com a possibilidade de construir barreiras, torres e armadilhas para impedir que tropas inimigas invadam um local, como se fosse uma versão invertida de Plants vs. Zombies (Multi). Os desenvolvedores fizeram uma homenagem ao clássico da PopCap, incluindo referências como a torre Peashooter.

Como todo jogo de fazendinha, Deadcraft consumirá todas as horas livres da sua vida. Você ficará ansioso esperando a última colheita crescer, acompanhará no relógio quando será necessário regar a horta de cadáveres com sangue infectado e ficará correndo de loja em loja para comprar materiais para construir um novo equipamento ou arma.

Cultivando amizades

Chama a atenção a quantidade de conteúdo que Deadcraft oferece. Além das dezenas de atividades na fazendinha, é possível desenvolver novas armas, alimentos, construir ferramentas para a criação de novos artefatos e explorar as áreas para coletar materiais, além de fazer sidequests.

Existe a possibilidade de construir armas e equipamentos com tecnologia humana ou zumbi. Cada tipo de equipamento possui propriedades e funções próprias, que serão muito úteis em combate ou na geração de recursos. Por exemplo, armas de fogo humanas causam dano normal e podem ser carregadas com munição convencional; já equipamentos com tecnologia zumbi podem ser usados para devorar os adversários. 


As missões secundárias são outro destaque. Cada área tem diversos NPCs que precisam de sua ajuda, com linhas de diálogo próprias e situações que variam do engraçado ao bizarro. Essas missões são abundantes, rápidas de fazer e rendem boas recompensas.

Há também os característicos murais de tarefas na cidade, com sidequests mais simples e diretas ao ponto. Todo dia essas missões se renovam, oferecendo uma quantidade infinita de atividades.

Texturas mortas

Os gráficos de Deadcraft são simples, mas algumas texturas apresentaram sérios problemas de renderização no Switch. Faltaram cores em alguns efeitos em cel shading, dando uma aparência pouco polida, especialmente nos rostos de alguns NPCs. Isso fica ainda mais acentuado quando jogamos no modo portátil.


O áudio do jogo é bastante competente, com uma trilha sonora bem-produzida e a maioria dos diálogos principais dublados, com boas atuações. Infelizmente, entre os idiomas disponíveis não há suporte para o português brasileiro.

Os controles são responsivos e funcionam bem durante as cenas de ação e combate. Não há suporte à tela tátil do console híbrido, portanto toda seleção de itens é feita usando os direcionais e botões, mas os controles são intuitivos e não comprometem a experiência.

Plants and Zombies

Deadcraft é um jogo criativo e viciante, que apresenta novas ideias e subverte conceitos estabelecidos para jogos de zumbi, equilibrando muito bem o gerenciamento de fazendinha com as mecânicas de sobrevivência e combate. A quantidade imensa de atividades disponíveis tem potencial para divertir o jogador por centenas de horas.

Prós

  • Apresenta uma nova abordagem para o gênero de ação e sobrevivência com zumbis;
  • Mescla de forma equilibrada as fases de combate, exploração e gerenciamento;
  • Quantidade massiva de conteúdo, com centenas de horas de atividades.

Contras

  • Algumas falhas de acabamento em texturas;
  • Poderia utilizar a tela tátil do Switch para a seleção de itens.
Deadcraft - PS5/XSX/PS4/XBO/Switch/PC - Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela XSEED Games

é engenheiro eletrônico e tem uma filha fofinha que tenta morder os controles do papai. Curte jogos de luta, corrida e ação.
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