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Análise: Shieldmaiden: Remix Edition (Switch) é um platformer brazuca cheio de estilo

Mesmo que curta e com algumas falhas pontuais, a aventura entrega muito bem aquilo o que promete.

Eu tenho um fraco por platformers, especialmente aqueles que me remetem à era 16-bits, então Shieldmaiden: Remix Edition, do estúdio brasileiro Dumativa — também responsável pelo maravilhoso A Lenda do Herói, vale destacar — logo chamou minha atenção. 

Além de ser muito positivo ver mais um título brazuca chegar ao Switch, a aventura de Asta em busca de sua irmã desaparecida traz uma enorme satisfação a cada porção da história, por mais que apresente algumas falhas.

Um mundo pós-apocalíptico e um bracelete especial

Em uma campanha de aproximadamente cinco horas, acompanhamos Asta, que está à procura de sua irmã desaparecida, Roze. Em posse de um bracelete com uma inteligência artificial batizada de ROMIR, única lembrança de sua irmã, a protagonista precisa combater máquinas que saíram de controle após um episódio conhecido como Cataclisma, que destruiu Modigard.

Tudo indica que uma organização misteriosa está por trás tanto do Cataclisma quanto do desaparecimento de Roze, e o motivo pode ser o bracelete; afinal, ele é um artefato um tanto quanto especial, capaz de conjurar um escudo que pode acumular energia e usá-la para causar um grande estrago; agora, cabe a Asta fazer uso desse poder para encontrar sua mana antes que seja tarde demais.


Às vezes, é necessário usar o escudo como bumerangue para atingir oponentes mais distantes, ativar sensores para abrir portas ou até mesmo superar obstáculos. No entanto, em Shieldmaiden, o maior trunfo do armamento é outro: ele pode absorver os projéteis inimigos para carregar um ataque superpoderoso capaz de derrotar todos em tela — menos os chefes, claro, mas esse trunfo também se prova fundamental na batalha contra eles. 

É interessante notar que, apesar de ser uma ferramenta poderosa, ela tem um limite: absorver muito dano repetidamente consome a barra de energia (stamina) do escudo, fazendo com que ele se estraçalhe e fique inutilizável por um curto período. O mesmo vale para usar a técnica de dash, outro poder garantido a Asta pelo bracelete, que também consome essa barra.

Uma ótima apresentação audiovisual, porém com algumas falhas

Shieldmaiden remete à era 16-bits em diversos aspectos, inclusive na história. Não é de hoje que temos um protagonista que precisa parar uma organização maligna e, de quebra, resgatar algo ou alguém. Apesar de simples em diversos sentidos, controlar Asta se destaca muito mais por saber quando e como usar seu escudo do que por atacar inimigos.

Ao longo de uma campanha de pouquíssimas horas, temos fases bem-elaboradas e com diferentes temáticas. A trilha sonora, aliada à excelente apresentação visual em pixel art, também contribui para uma ambientação estilosa, que realmente remete a um universo destroçado, e as lutas contra os chefões são particularmente divertidas. De quebra, há o suporte a uma interface totalmente em português por padrão, com direito a alguns trocadilhos e piadinhas que fazem jus a uma obra brazuca.


Todavia, há alguns problemas em Shieldmaiden, principalmente em relação aos controles. Abrir e interagir com os menus possui um pouco de atraso nos comandos; além disso, notei certa dificuldade para saber que botão usar para confirmar as opções nos menus — às vezes, parecia ser o botão R, em outras, A.

Algumas sessões de plataforma que dependem do uso do dash são bem frustrantes, tamanha a precisão que elas exigem. O problema está justamente no fato de a habilidade ser limitada; ou seja, não existem meios de utilizar mais de um dash por vez. Embora o jogo nos permita recomeçar do último checkpoint quando nosso HP chega a 0, as telas de game over chegam a ser constantes devido à imprecisão nos comandos, tornando-se cansativas depois de um tempo.

Por fim, uma crítica pessoal: senti muita falta de power-ups ao longo da aventura. Shieldmaiden possui uma forte inspiração na série Mega Man, então com certeza a possibilidade de aumentar a barra de energia ou até mesmo o dano causado aos inimigos seria mais que bem-vinda.

Mais um título 100% brasileiro no Switch

Apesar de pecar em alguns aspectos bastante específicos, Shieldmaiden: Remix Edition traz uma curta aventura de qualidade à biblioteca do Switch, com o grande destaque sendo o fato de se tratar de um produto 100% nacional. Com mecânicas interessantes, grande inspiração nos clássicos platformers da era 16-bits e uma apresentação audiovisual impecável, esta é mais uma boa pedida para entusiastas de títulos indie.

Prós

  • Excelente apresentação audiovisual;
  • Interface 100% em português brasileiro, com direito a piadinhas e trocadilhos típicos do nosso idioma;
  • As mecânicas relacionadas ao uso do escudo são bem interessantes;
  • Batalhas contra chefes empolgantes e divertidas.

Contras

  • Problemas com a navegação nos menus;
  • Falta de power-ups para potencializar os movimentos de Asta;
  • Curta duração;
  • Imprecisão nos comandos para realizar sessões específicas de plataforma, resultando em diversas telas de game over.
Shieldmaiden: Remix Edition — PC/Switch — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela Dumativa

Também conhecida como Lilac, é fã de jogos de plataforma no geral, especialmente os da era 16-bits, com gosto adquirido por RPGs e visual novels ao longo dos anos. Fora os games, não dispensa livros e quadrinhos. Prefere ser chamada por Ju e não consegue viver sem música. Sempre de olho nas redes sociais, mas raramente postando nelas. Icon por 0range0ceans
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