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Análise: Grim Guardians: Demon Purge (Switch) leva o mundo de Gal Gun para o estilo Castlevania de plataforma 2D

No controle das irmãs Kamizono, cabe a você explorar um castelo demoníaco que surgiu no lugar da sua escola.

Grim Guardians: Demon Purge
é o mais novo jogo de plataforma 2D da Inti Creates. Com claras inspirações no clássico Castlevania, o título brinca com o universo da série Gal Gun para mostrar um pouco das desventuras das caçadoras de demônios Shinobu e Maya Kamizono. O resultado final embora possa ocasionalmente parecer uma paródia é mais um bom exemplo da qualidade já esperada de títulos da desenvolvedora.

Uma história Gal Gun

Quando as irmãs Shinobu e Maya estão voltando para a escola após uma missão, elas se deparam com uma situação bizarra: o colégio se tornou um castelo macabro recheado de demônios. Agora, as duas terão que se esforçar para fazer com que as coisas voltem à normalidade.

Com essa premissa em mente, a obra então brinca com dois aspectos: um design que lembra bastante Castlevania clássico e o universo bem humorado da série Gal Gun. O resultado é como se fosse uma paródia, com uma história que não faz questão de ser levada a sério e faz várias piadas com as situações vividas pelas personagens.

Como parte da franquia Gal Gun, vemos as personagens encontrando velhas conhecidas no castelo e as conversas são bem casuais. Em um determinado ponto da história, é necessário encontrar itens especiais que “aumentam o poder dos feromônios”, usualmente objetos de fetiche, embora o jogo evite altos níveis de fanservice.

Ainda em termos da história, vale destacar que a obra conta com legendas em português. De modo geral, a tradução é boa e consegue preservar bem o tom da narrativa apesar de algumas escolhas estranhas ocasionalmente. Um exemplo é o nome “Corrida de Chefes” para Boss Rush, que, apesar de não estar errado, é ambíguo e pouco representativo para um conceito já conhecido pelos jogadores no nome em inglês.

Revisitando o conceito de Castlevania clássico

Em termos do gameplay, a ideia é simples: explorar o castelo, derrotando monstros variados no caminho e chegando aos chefões. Cada área do castelo funciona realmente como uma fase separada e o seu design busca oferecer ramificações diferentes para a exploração. Embora não seja um metroidvania, a Inti se aproveitou do conceito de ter localidades que só podem ser acessadas com determinados poderes para fazer com que o jogador possa revisitar as áreas e encontrar coisas novas.

Enquanto Shinobu utiliza uma metralhadora, Maya é uma especialista no uso de sua espada. Como tal, o alcance das personagens é bem diferente, sendo indicado usar a primeira para atingir os inimigos a distância enquanto os ataques da segunda são mais poderosos, mas exigem aproximar-se do perigo. Além disso, Maya tem uma vida menor por padrão, o que aumenta o fator de risco.

O jogador pode alternar entre elas no modo para um jogador só ou ter duas pessoas em tela no co-op. Além disso, para quem prefere uma experiência mais fácil e confortável, é possível optar pela dificuldade Casual em que as vidas são ilimitadas e tomar dano não empurra as personagens no mapa. Já quem quer mais desafio pode começar na Veterana e depois explorar uma opção desbloqueável até mais difícil, a Lendária, em que basta uma das personagens perder a vida para tomar um Game Over.

Além do golpe básico e do pulo, cada uma das garotas possui uma arma secundária e pode desbloquear novas opções ao derrotar os chefões de cada área. São várias opções, incluindo bombas, lançadores de mísseis e até mesmo um boneco do protagonista de Gal Gun: Double Peace, que pode destruir espinhos e bater no que estiver em sua frente.

Essas armas secundárias ajudam a dar mais maleabilidade ao leque de movimentos das personagens, tendo em vista que os seus ataques têm uma área de efeito propositalmente restrita. Por exemplo, o ângulo do tiro de Shinobu é reto, mas ela pode usar uma faca e bombas para atingir inimigos na sua diagonal.

Além de servir para causar dano aos inimigos, alguns desses itens são ferramentas muito interessantes para a exploração. Em particular, chamo a atenção para a sombrinha que Maya pode utilizar. Com ela em mãos, a personagem demora a cair e pode até mesmo realizar um golpe de investida contra inimigos.

Apesar do conceito de ter várias rotas para explorar ser interessante, o jogo acaba falhando em deixar a exploração convidativa. Primeiramente, o jogador só consegue ver o mapa enquanto está fora da área, não tendo uma forma de acessá-lo durante a fase propriamente dita. O resultado é uma tendência a não saber se um determinado lugar já foi visto ou não e se é possível que áreas e upgrades estejam escondidos lá. Isso dificulta desnecessariamente a exploração, fazendo com que o jogador fique perdido e confuso.

Além disso, a parte final do jogo força o jogador a revisitar as áreas, uma forma de incentivar a exploração de locais ainda não vistos. Infelizmente, isso acaba sendo mais um incômodo desnecessário que poderia ter sido colocado como um extra opcional.

Outros elementos do jogo que vale a pena mencionar são o modo desbloqueável Boss Rush, que adiciona um pouco de sobrevida à experiência, assim como a busca por upgrades opcionais. Além disso, há um sistema interno de achievements que pode servir como uma motivação extra para o jogador.

Mais um bom plataforma de ação da Inti Creates

Grim Guardians: Demon Purge
consegue brincar com o formato de um dos grandes clássicos da plataforma de ação e mostrar novamente sua maestria no gênero. Embora alguns detalhes como a ausência de mapa durante a gameplay façam a experiência mais confusa e cansativa do que deveria, ainda é um título facilmente recomendado para quem gosta do gênero.

Prós

  • Level design bem executado, dando ao jogador múltiplas formas de progresso;
  • Modalidades de dificuldade adequadas para novatos e veteranos do gênero;
  • Áreas escondidas e modo Boss Rush aumentam o valor replay da obra;
  • História bem humorada com tradução para o português de boa qualidade (de modo geral);
  • Sistema interno de achievements.

Contras

  • A impossibilidade de ver o mapa enquanto explora uma área dificulta desnecessariamente a exploração de todos os seus cantos;
  • A parte final do jogo força o jogador a refazer as áreas anteriores para obter itens especiais.

Grim Guardians: Demon Purge — Switch/PC/PS4/PS5/XBO/XSX — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: Switch

Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela Inti Creates

é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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