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Análise: Ib (Switch): um belo e assustador passeio em uma exposição de arte

O indie clássico de terror chega ao console da Nintendo com um remake que traz diversas melhorias.

A biblioteca do Switch é recheada de ótimos jogos indie, o que faz com que o console seja atualmente uma das melhores plataformas para se aproveitar essas produções independentes. Para alegria dos entusiastas, recentemente tivemos alguns lançamentos de versões aprimoradas de títulos famosos, como The Witch's House e Finding Paradise, e Ib é mais um nome dessa leva de indies reverenciados que recebeu uma nova edição e chegou ao híbrido da Nintendo.

O outro lado da galeria

Para os que não conhecem, Ib é um jogo de terror e aventura desenvolvido em RPG Maker e lançado originalmente para PC em 2012. O remake foi produzido em 2022, tendo chegado ao Switch no último dia 9 de março.

A trama inicia com uma garota chamada Ib visitando certa exposição de arte com os seus pais. Com a permissão de seus guardiões, a menina começa a explorar o local por contra própria, mas após um repentino piscar de luzes, a protagonista percebe que todas as pessoas sumiram.

Para piorar, sons estranhos começam a ecoar pelo local. Após interagir com uma pintura que chamou sua atenção, Ib se vê em uma espécie de realidade paralela, onde as obras de arte parecem ter ganhado vida.



Uma exposição viva

Controlando Ib, devemos descobrir uma forma de voltar ao nosso mundo, além de desvendar os mistérios que cercam o local. Logo no início da aventura, encontramos e apanhamos uma rosa vermelha, que representa a vida da personagem, sendo possível molhá-la em vasos com água para recuperar a vitalidade.

A galeria de arte não é apenas um cenário, mas um ser vivo responsável por todos os obstáculos que enfrentamos. Por vezes, somos perseguidos por quadros ou estátuas que ganharam vida. Ademais, há inúmeros outros perigos, como mãos que saem das paredes ou objetos cortantes que pulam para fora das pinturas.

O fato de Ib ser um jogo 2D não é um impedimento para a construção de uma atmosfera aterrorizante. A cada nova área, nos deparamos com algo que pode surpreender e criar uma situação de risco.

Uma característica que contribui muito com o terror é o ótimo uso dos efeitos sonoros. Há diversas obras de arte que, em determinados momentos, emitem sons relacionados com a sua essência, como miados saindo de repente de uma pintura de gato. Nesse sentido, também temos a presença de uma trilha sonora assertiva, com faixas que conseguem intensificar a sensação de perigo e de mistério a ser resolvido.

Para citar um exemplo, existe um determinado ponto em que devemos encontrar uma chave para conseguir sair da sala antes que uma criatura se manifeste por completo. Neste instante, a música presente sobe de tom ao mesmo tempo que o monstro se revela, despertando um sentimento de urgência e desespero.

Conforme avançamos na galeria, nos deparamos com puzzles que quase sempre envolvem a coleta e o uso de um item. Na maioria das vezes, eles são bem planejados e divertidos de se resolver. Vale destacar que o remake trouxe uma reformulação nesse quesito, removendo, modificando e adicionando alguns desafios.

A primeira versão de Ib possuía quebra-cabeças bem complicados, cuja resolução dependia mais da repetição do que do raciocínio. A nova edição deu uma boa renovada nesses puzzles, tornando sua solução mais dependente da observação. 

Dois amigos e muitos finais

Com o decorrer da história, Ib encontra duas pessoas que se tornam suas aliadas, uma menina chamada Mary e um jovem chamado Garry. Os dois personagens enriquecem o roteiro, pois ambos possuem formas diferentes de pensar e encarar tudo o que está acontecendo. Garry também possui a função de empurrar objetos pesados que Ib não consegue. 

Em certos momentos, possuímos a oportunidade de tomar decisões. Essas escolhas geralmente têm a ver com Mary e Garry e implicam em mudanças significativas no final. Mesmo possuindo diversos desfechos, por se tratar de um jogo curto, ver todos eles é mais divertido do que cansativo.

Um aspecto interessante que também impacta bastante no enredo é a falta de conhecimento de Ib. Por ser muito jovem, a protagonista não conhece algumas palavras, o que é reproduzido nas caixas de texto com ???. Em algumas ocasiões, Garry explica o que o termo significa, mas em outras ele não diz por achar que se trata de algo impróprio para uma criança.

Um remake com melhorias significativas

Além da reestruturação dos puzzles, a nova versão também melhorou os aspectos visuais. Quase todos os elementos receberam uma repaginada, como os personagens, os cenários, as obras de arte, a flor que simboliza a vida e o menu de itens. 

Outra adição interessante é a designação de um botão do controle para falar com os personagens do grupo. Utilizando esse artifício, eles comentam brevemente sobre o local atual ou o último objeto que coletamos.

Dentre todas as novidades trazidas pela nova edição de Ib, a meu ver, a principal delas é o True Guertena, um modo que é desbloqueado após a primeira conclusão do jogo. Nele, temos acesso a uma exposição que é preenchida com as artes que vimos durante a história. Completar o True Guertena aumenta consideravelmente o fator replay, fazendo com que o jogador preste mais atenção durante as novas campanhas para não deixar nenhuma peça passar batida. 

Acredito que essas novidades tornam Ib mais acessível a um público geral, pois diversos puzzles foram redesenhados para serem menos complicados. Além disso, os visuais foram aprimorados, tornando-se mais condizentes com a época atual. Infelizmente, o remake não trouxe a opção de legendas em português. 

Um ponto que acaba deixando a desejar é a falta de mais situações de morte instantânea, comum em games do gênero. Em sua primeira versão, Ib possuía vários desses cenários, quase sempre atrelados à sorte ou à aleatoriedade. Lamentavelmente, o desenvolvedor optou por praticamente eliminar esses momentos ao invés de incluí-los em circunstâncias oportunas.

Um clássico obrigatório

Mais de uma década depois de seu lançamento inicial, Ib continua proporcionando uma experiência incrível e necessária para os apreciadores de jogos indie, principalmente os que gostam de terror. Os aperfeiçoamentos apresentados pela nova edição fazem com que o título tenha um fator replay ainda mais alto, além de o tornar mais belo e acessível para os dias atuais.


Prós:

  • Atmosfera aterrorizante composta por várias situações de perigo;
  • Trilha sonora incrivelmente assertiva, contribuindo com o aumento da tensão nos momentos em que é exigida;
  • O remake aprimorou os visuais, entregando mais detalhes aos personagens, cenários e obras de arte;
  • O modo extra True Guertena aumenta o fator replay, fazendo com que visualizar todas as obras seja mais um objetivo no jogo;
  • As decisões tomadas pelo jogador geram impactos que se desenrolam em variados finais.

Contras:

  • Ausência de legendas em português;
  • As ocorrências de morte instantânea foram praticamente eliminadas ao invés de corrigidas.
Ib — PC/Switch — Nota 9.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela PLAYISM

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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