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Análise: Sixtar Gate: STARTRAIL (Switch) é um jogo rítmico com alto nível de customização de interface

O jogo da Lyrebird e da Starlike é mais voltado para veteranos do gênero.

Desenvolvido pela Lyrebird Studio e pela Starlike e publicado pela CFK, Sixtar Gate: STARTRAIL é um jogo rítmico que foi originalmente lançado no PC via Acesso Antecipado do Steam no dia 6 de novembro de 2021. Agora, o título também chegou ao Switch adicionando um novo modo história e com os controles adaptados para os Joy-Con.

Três modos

Sixtar Gate: STARTRAIL possui três modos de jogo: Adventure, Travel Mode e Outer Space. O primeiro conta a história de um capitão e duas garotas ruivas de aparência similar, Shii e Rami, comandando uma nave espacial. Embora tente apresentar termos ultra específicos para ter a aparência de uma ficção científica interessante, o roteiro é majoritariamente bobo e pouco relevante, sendo apenas uma forma de mostrar as garotinhas fofas, seus trejeitos e poderes.

Na prática, o Adventure é muito curto e abusa de canções difíceis para representar momentos de dificuldade da nave com mais frequência do que deveria. Ao chegar ao final, não houve nem uma exploração interessante da narrativa nem escolhas de gameplay particularmente úteis, seja como tutorial ou como um desafio bem elaborado para se diferenciar dos outros modos. Além disso, a animação do foguete indo até o próximo ponto da história é estranhamente lenta.

Já o Travel Mode é o modelo esperado de um jogo rítmico. Nele, podemos escolher livremente qual música desejamos jogar em uma grande playlist. Há uma boa quantidade de opções, cerca de 90 inicialmente, incluindo músicas de Vocaloid e licenciadas da franquia Touhou Project. Para quem curte música eletrônica e pop japonesa em especial, é uma seleção que provavelmente será agradável, mas quem procura mais diversidade, não a encontrará aqui.

Por fim, o Outer Space oferece playlists com três músicas consecutivas. Para poder jogar um conjunto de músicas mais avançadas, é necessário vencer o desafio mais difícil de cada nível. Esse percurso musical sem pausas exige uma boa atenção às especificidades de cada música. Há também uma galeria de artes desbloqueáveis conforme o jogador vai concluindo os desafios dos três modos.

Um piano-like

Em termos da jogabilidade em si, Sixtar Gate exige que o jogador aperte um determinado botão do controle quando um indicador de “nota” se aproxima de uma faixa no canto inferior da tela. O tamanho e o posicionamento da nota na tela implica em qual será o botão para apertar em uma disposição que remete um pouco a um piano.

São ao todo nove possibilidades, com as notas azuis exigindo que o jogador aperte o direcional esquerdo, o para cima, o X ou o A; as notas vermelhas maiores implicando o uso dos gatilhos ZL e ZR; a nota branca no meio da tela correspondendo ao direcional direito ou o Y; e setas amarelas para usar o analógico para esquerda ou direita.

Infelizmente, não há nenhum tutorial para explicar os pormenores de forma eficiente e, embora seja uma estrutura curiosa, pode ser bem difícil se acostumar com a disposição dos botões. O jogo até oferece um auxílio inicial com botões visíveis na interface, mas esses indicadores só estão disponíveis caso o jogador use a skin básica, o que adiciona um elemento de dificuldade desnecessária às outras opções gráficas.

Alta customização

A maior força de Sixtar Gate: STARTRAIL está, na verdade, na forma como ele deixa o jogador adaptar bastante sua interface e detalhes que podem afetar a acessibilidade e entendimento durante a partida. Na tela de standby, é possível ajustar vários aspectos que podem fazer uma grande diferença na gameplay de um ponto de vista técnico.

Primeiramente, há opções gráficas para a “máquina na tela”, mudando a aparência de botões (infelizmente ocultando as marcas dos botões da tela) e pequenos detalhes de plano de fundo. O jogador pode ainda mudar o estilo da linha no canto inferior e das notas para deixá-las mais arredondadas ou com um preenchimento de cor um pouco diferente. O som de acerto também pode ser ajustado para o efeito menos intrusivo ou mais intuitivo de acordo com preferências pessoais.

Para além desses elementos mais estéticos, mas que interferem na gameplay, existe a opção de mudar a qualquer momento a velocidade de queda das notas. Isso pode fazer uma grande diferença na velocidade de resposta e acaba servindo como uma espécie de segunda dificuldade, já que, antes de escolher uma música no Travel Mode, há quatro níveis que afetam a quantidade de notas da música.

Há ainda as configurações mais avançadas que permitem adicionar ou remover informações da tela em diversas posições. As opções incluem mostrar os combos atuais ou a sua distância para a maior nota alcançada, receber o feedback do acerto das notas de forma simples (Blue Star é o “perfeito” do jogo e qualquer coisa diferente é menos do que o ideal) ou mais avançada (quantificando o erro do timing em relação ao Blue Star). Há ainda a opção de ver a distribuição dos acertos e erros das notas e um marcador de progresso dentro daquela música para que o jogador saiba se ainda falta muito para ela acabar.

Ainda é possível adicionar um fator vida e reduzir os valores de notas abaixo de Blue Star para poder aumentar a dificuldade do jogo. Pode-se até mesmo fazer com que uma Red Star (erro) implique em Game Over imediato. Com todos esses fatores, a opção de calibrar a sincronia de acertos e ajustar vários aspectos de som e imagem, o jogo realmente oferece um nível de controle técnico para o jogador avançado que vale a pena experimentar. Uma pena que isso dificilmente se reflita para o novato, que sofrerá bastante para entender vários detalhes da lógica do jogo por conta própria.

Um jogo rítmico tecnicamente interessante

Sixtar Gate: STARTRAIL é um jogo rítmico que pode ser interessante para veteranos, mas suas vantagens não são bem traduzidas para novatos do gênero. Com um modo história muito fraco e sem tutoriais significativos, é um título dificilmente recomendado para quem não tem apreço pelo lado mais técnico desses jogos. Para quem já é vidrado no estilo, porém, há bastante conteúdo e os detalhes mais técnicos de ajuste de interface podem deixá-lo uma experiência bem confortável e acima da média.

Prós

  • Interface e detalhes de acessibilidade bastante customizáveis;
  • Boa quantidade de músicas disponíveis;
  • Curioso mapeamento de botões que parece simular um piano.

Contras

  • Botões na interface são atrelados a uma opção única de customização gráfica;
  • Ausência de tutoriais;
  • Modo história curto e sem graça;
  • Animação lenta para o modo história.

Sixtar Gate: STARTRAIL — Switch/PC — Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: Switch

Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela CFK


é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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