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Análise: The Smile Alchemist (Switch) é um simulador simples e confortável de produção de itens

Crie itens e espalhe sorrisos em um jogo fofinho de simulação.

Desenvolvido pela Asobox e publicado pela KEMCO, The Smile Alchemist é um simulador fofinho de alquimista que foi lançado no Switch no dia 2 de março. Com pixel art 2D bastante colorida e uma atmosfera relaxante, o título é simples, mas bem pensado para a sua proposta.

Um alquimista com um sorriso brilhante no rosto

The Smile Alchemist conta a história do pequeno Nayc, um jovem rapaz que deseja se tornar o melhor alquimista do mundo. Para isso, ele estuda sob a tutela do mestre Cyan, mas, apesar de seu grande potencial, o garoto não parece estar avançando muito, até que um dia aparece uma missão urgente.

Determinado a ajudar todas as pessoas que pode, Nayc acaba fazendo a promessa de ajudar o prefeito a conseguir um item restaurativo. O problema é que o rapaz nunca conseguiu fazer sequer um item com alquimia e isso só muda após o seu mestre lhe dar um par de óculos capaz de ajudá-lo a se concentrar na produção.

A partir daí, Nayc finalmente se torna um alquimista de verdade, produzindo vários itens para ajudar a população local. A história se desenvolve em capítulos que são liberados conforme o jogador cria objetos pedidos por um indivíduo importante da narrativa ou alcança objetivos de jogo, como fazer uma quantidade X de certo tipo de item ou explorar uma área Y vezes.

Enquanto o primeiro elemento é uma barreira que faz bastante sentido para avançar a trama, a necessidade de “alcançar 70 objetivos” acaba soando como uma forma bem artificial de impedir o progresso. Ainda no quesito da história, vale destacar que o jogo conta com capítulos opcionais para a narrativa acessíveis em um menu Side Story, desenvolvendo um pouco mais a perspectiva dos personagens.

O ciclo de vida da produção

Como alguém responsável pela criação de itens, o jogador tem a chance de lidar com três momentos da cadeia produtiva. Primeiramente, é necessário coletar as matérias-primas que serão utilizadas, contratando aventureiros em uma taverna. Eles serão responsáveis por obter plantas, água, resíduos de origem animal, entre outras coisas.

O sistema de coleta é apresentado como um painel que o jogador deve vasculhar em busca dos materiais desejados. Embora possa parecer um puzzle visualmente, na prática, a ideia não envolve pensar muito, basta escolher uma área qualquer e ficar de olho para não deixar passar quadrados brilhantes (que são mais prováveis de ter itens raros).

Conforme o mesmo aventureiro viaja repetidas vezes para uma área, ele se torna capaz de encontrar itens mais raros e pode ficar mais tempo naquele lugar. Como uma espécie de nível de força, essa exploração libera pontos que podem ser gastos para desbloquear habilidades passivas que tornam a coleta de matéria-prima ainda mais recompensadora. Outro fator importante a se levar em consideração é o humor do personagem, que varia com o tempo, sendo importante que ele esteja contente para conseguir mais recursos (e o jogador pode melhorar esse fator torcendo por eles durante a expedição).

Depois de obtidos os materiais necessários, o jogador então vai para sua casa produzir itens. Ao contrário de jogos como a série Atelier da Koei Tecmo, a mecânica aqui é notavelmente simples: só é necessário ter a receita, os ingredientes e o nível adequado. Porém, é importante levar em consideração a taxa de sucesso e a energia gasta durante a produção.

Cada item possui uma determinada chance de sucesso que varia consideravelmente dependendo de fatores como as habilidades passivas de Nayc de “Conhecimento” e o uso dos óculos de Cyan. Conforme ganha experiência com a produção de itens, Nayc pode gastar pontos para desbloquear poderes que melhoram sua alquimia e o Conhecimento aumenta permanentemente a probabilidade de criar itens de um dos quatro tipos (comidas, ferramentas, artesanatos ou remédios).

Já os óculos especiais são um item que pode aumentar o sucesso ao custo de gastar energia durante a produção. O efeito pode ser bem dramático, levando a probabilidade de 0 a 100%, sendo praticamente indispensável para a produção durante uma boa parte do tempo, mas o jogador vai aos poucos melhorando o suficiente para poder depender menos dos óculos. Há ainda um fator de Grande Sucesso, que pode render o dobro da quantidade produzida ou até mesmo versões melhoradas daqueles itens.

Por fim, fechando a cadeia de produção, o jogador pode vender esses itens em uma loja ou utilizá-los para resolver os pedidos dos moradores na pracinha da cidade. É importante conseguir fazer isso para obter novos livros de receita, aumentando o seu repertório de criação, sendo alguns vendidos na mesma loja em que você oferece os seus itens enquanto outros são recompensas por essas quests. Além disso, tanto a loja quanto a cidade são melhoradas conforme o jogador faz essas interações.

Vale destacar, porém, que o preço de venda de itens acaba sendo muito próximo, o que acaba não refletindo bem as diferenças de produção. Embora seja fácil conseguir as matérias-primas, a viagem para cada área possui custos diferentes e a elaboração de determinados itens têm taxas de sucesso variadas, mas esses fatores não pesam significativamente no preço de muitos produtos finais.

Detalhes que podem fazer diferença

O sistema produtivo do jogo é uma experiência simples, mas todos os elementos possuem uma sinergia muito bem pensada para refletir o processo de uma grande cadeia produtiva. Porém, é bem estranha a forma como o jogo usa um modelo de energia para a criação dos itens com o óculos, torcer para os exploradores durante as expedições e acelerar as vendas na loja.

Em vez de seguir um relógio próprio, a ideia desse sistema de energia é dar uma progressão em tempo real para o jogo. Apesar de não ser algo predatório como vários modelos de jogos freemium de celular, esse estilo de barra de stamina para poder realizar tarefas é algo que causa estranhamento em um jogo pago.

Outro detalhe do jogo é que o jogo foi traduzido do japonês para o inglês e nem sempre a qualidade da escrita é muito boa. Embora não chegue a atrapalhar significativamente a experiência, os erros de escrita são perceptíveis durante a leitura.

Uma experiência simples e confortável de alquimia

The Smile Alchemist é um jogo simples sobre o processo criativo da alquimia como uma cadeia de negócios e um jovem otimista que tenta ajudar as pessoas. É uma experiência casual bem agradável para quem curte simuladores e não quer nada muito complicado.

Prós

  • Sistema de produção de itens simples, mas com uma lógica bem pensada;
  • Atmosfera relaxante com personagens fofinhos e situações confortáveis;
  • Sistemas simples de coleta e venda ajudam a ter uma visão macro do contexto de produção.

Contras

  • Progressão narrativa visivelmente artificial;
  • Preço de venda de itens tende a ser muito próximo, não refletindo tão bem a dificuldade de produção;
  • Necessidade de energia para realizar tarefas de forma similar a um título mobile freemium é uma trava estranha para um jogo pago;
  • Tradução para o inglês possui alguns erros ocasionais.

The Smile Alchemist — Switch/PC/PS4/PS5/XBO/XSX — Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: Switch

Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela KEMCO


é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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