Jogamos

Análise: Picross S9 mantém a qualidade da série de puzzles no Switch

O nono jogo da franquia de desafios lógicos é mais uma boa pedida para quem curte o gênero.

A Jupiter tem lançado consistentemente e com uma boa frequência jogos da série Picross no Nintendo Switch. A empresa já havia feito algo similar no 3DS com a linha “Picross e”, e no SNES, apenas no Japão, com a linha “Picross NP”. Com a linha Picross S, que está totalmente traduzida para o português e já está disponível na eShop brasileira, a empresa aposta em trazer um bom conjunto de desafios e, ao mesmo tempo, a versão mais atualizada dos seus aprendizados em qualidade de vida para o usuário.

Picross S9 é o jogo mais recente da linha, apostando em manter o padrão de seus antecessores novamente. Além de todas as melhorias que foram conquistadas ao longo de cada lançamento, como o uso da tela de toque e o co-op local, a empresa adicionou a mecânica de Rewind para aumentar o leque de opções na hora de corrigir os erros pontuais.

Números que formam imagens em pixel

Como mencionei na análise de Picross S8, a ideia de Picross (também conhecido como nonograma) é a de uma cruzadinha numérica. Cada linha ou coluna possui números que indicam quantos espaços devem ser preenchidos. Caso haja um espaço entre eles (“números quebrados” como “4 3”), haverá espaços em branco. Só havendo uma solução para o desafio, cabe ao jogador usar sua capacidade lógica para deduzir os posicionamentos corretos.

Ao final, o preenchimento dos quadrados forma uma imagem no estilo pixel art que é revelada ao jogador. Embora seja possível ir testando qualquer combinação na base do “chute”, o ideal é sempre marcar apenas pontos que têm 100% de chance de estarem corretos e utilizar um marcador de X para definir aqueles que com certeza não devem ser preenchidos.

De forma geral, Picross é um desafio lógico consistentemente agradável. As regras são simples o suficiente para que o jogador aprenda os seus padrões de forma intuitiva e vá aos poucos dominando o que pode ser feito, resolvendo desafios maiores (que, em geral, possuem mais complexidade).

Múltiplos formatos

Assim como nos outros jogos do Switch, são 485 puzzles divididos nas categorias Picross, Mega Picross, Color Picross, Clip Picross e Extra. As regras especiais desses modos são detalhadas em tutoriais em português que explicam um pouco do que deve ser feito e dão um pontapé inicial no entendimento do que pode ser feito para os novatos.

O Picross é o modo padrão, incluindo tabuleiros que vão do tamanho 5 x 5 ao 20 x 15. O último desafio de cada linha do menu libera um estágio de Clip Picross e o último de cada página é um “boss” que exige que o jogador resolva o puzzle sem nenhum método de auxílio, como a correção automática de erros ou o destaque colorido que indica quais linhas e colunas possuem quadrados preenchíveis.

Já o Mega Picross inclui os mesmos 150 desafios do Picross padrão, mas inclui uma mecânica própria de megalinhas. Em vez de indicar os números exatos de pontos que devem ser preenchidos, alguns quadrados conectados entre duas linhas ou colunas são representados com um número único. Isso afeta consideravelmente a forma de pensar o problema, já que o jogador não tem a mesma precisão inicial, mas também permite inferências específicas em relação à conexão entre os pontos.

A última modalidade que realmente afeta a regra do jogo é o Color Picross, que traz desafios em que o jogador deve preencher os quadrados com múltiplas cores. A cor muda consideravelmente o desafio, já que cores diferentes podem estar conectadas diretamente sem a necessidade de um espaço entre cada “número quebrado”. Porém, as cores mais raras também são um fator fácil de usar para encontrar respostas.

Além dessas opções, ainda temos os desafios Clip Picross e Extra, que seguem o mesmo formato do Picross padrão. A diferença deles é apenas o tamanho dos desafios, com o Clip sendo composto por vários pequenos desafios que formam imagens grandes e o Extra oferecendo puzzles em dimensões maiores. Vale destacar, porém, que três estágios só são liberados para quem jogou Picross S4, S5 e S6 e possui save deles.

Qualidade de vida e rebobinar

A linha Picross S é totalmente minimalista, reduzindo ao máximo os elementos desnecessários da experiência e focando prioritariamente na qualidade de vida para que a experiência do usuário seja bem agradável. Isso é principalmente perceptível na capacidade do jogador de ativar ou desativar mecanismos de assistência (como a roleta de dicas, que preenche totalmente uma área no início). Com isso, tanto novatos que queiram aproveitar o título mais casualmente quanto veteranos que tendem a querer o desafio mais puro podem ter a sua experiência ideal.

Também vale destacar que o esquema de controle inclui a opção de usar os botões ou a tela de toque e ajustar detalhes como a velocidade do cursor e se alternar entre “preenchimento de quadrado” e “marcar um quadrado com o X” exigirá manter um botão pressionado ou não. O modo co-op adicionado em S8 retorna em S9, permitindo que até quatro jogadores colaborem localmente para resolver um desafio e ao final os quadrados preenchidos por cada um sejam contados separadamente.

A principal novidade de Picross S9 fica por conta da possibilidade de “restaurar o tabuleiro” (Rewind). Com essa habilidade, é possível voltar jogadas para corrigir erros grosseiros que o jogador possa ter cometido, como o preenchimento de um quadrado errado que acabe impactando toda a resolução posteriormente e faça com que a correção seja muito difícil. É uma adição muito boa, ajudando o jogador a ter ainda mais controle sobre a sua experiência em vez de ter que resetar o desafio.

Porém, não há nenhuma novidade significativa mesmo com essa adição. Trata-se do Picross mais atualizado da empresa e um prato cheio para quem curte esse tipo de desafio lógico, mas não há nada além disso. Gostaria de destacar que o mesmo aspecto da trilha sonora do anterior persiste: são ao todo seis opções de música, sendo possível colocar a que você preferir para os puzzles de cada tipo. Embora todas sejam boas como trilha ambiente relaxante para o jogador ficar focado, há pouca variedade, fazendo com que se tornem bem repetitivas rapidamente. Uma opção de fazer uma playlist aleatória dessas poucas opções em vez de ter que escolher toda vez a desejada já ajudaria a mitigar esse problema.

Mantendo a consistência

Assim como foi o caso de Picross S8, a Jupiter acertou novamente e fez de Picross S9 um belo exemplo do que Picross pode oferecer tanto para novatos quanto veteranos. A sua riqueza em recursos de qualidade de vida e conteúdo faz com que a experiência mantenha-se muito agradável e seja uma fácil recomendação e uma excelente porta de entrada para quem ainda não conhece essa variante dos desafios lógicos.

Prós

  • Grande quantidade de puzzles;
  • Dificuldade bem escalada, com um sistema de assistência opcional para novatos;
  • Os modos Mega e Color adicionam regras curiosas ao funcionamento mais tradicional do Picross;
  • Possibilidade de alternar entre dois formatos de toque e um de controle via Joy-Con;
  • Tradução para o português, incluindo tutoriais para cada modo com regras diferentes;
  • Restaurar o tabuleiro é uma mecânica bem-vinda.

Contras

  • Não há grandes novidades que sirvam como atrativo para o novo jogo;
  • Pouca variedade de trilhas sonoras;
  • Três puzzles que só podem ser acessados por quem jogou os títulos anteriores da série.

Picross S9 — Switch — Nota: 8.5

Revisão: Vitor Tibério
Análise produzida com cópia digital cedida pela Jupiter


é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


Disqus
Facebook
Google