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Análise: Nightmare Reaper (Switch): pesadelos e combate desenfreado

Roguelite inspirado em Doom traz uma experiência veloz e muito dinâmica de combate em primeira pessoa.

em 08/06/2023
Nightmare Reaper
é um FPS cuja inspiração em Doom é bem perceptível. Trata-se de um “boomer shooter”, um estilo de jogo inspirado nos shooters dos anos 1990. Com um aspecto roguelite para trazer variações de áreas e equipamentos a cada nova tentativa, temos um título de ação frenética em mãos.

Um mergulho em uma mente conturbada

Nightmare Reaper não usa um menu de entrada e empurra o jogador direto para a experiência. Controlamos uma mulher que está vivendo um pesadelo com criaturas sombrias que a perseguem. Logo descobrimos que ela está em uma espécie de quarto de hospital impossibilitada de sair. Então voltamos aos pesadelos por vezes consecutivas.
 
O loop do jogo envolve alternar entre os pesadelos e a vida real da personagem. Infelizmente, embora seja um ponto interessante da experiência, a trama acaba sendo mal desenvolvida, com os detalhes apresentados de forma bem superficial. Durante boa parte do jogo, a ligação entre os dois mundos é muito frouxa também, não dando um aspecto orgânico de transição e de conexão temática.
Toda vez que voltamos à área do quarto de hospital, seja por terminar a fase ou por falhar, vemos o lugar levemente transformado. Além de notar elementos de destruição do quarto, temos folhas que apresentam um pouco do estado da paciente e que são lidas em voz alta com um dublador masculino em inglês. Gritos advindos de sabe-se lá onde também podem ser escutados nesses momentos.
 
Infelizmente, há poucas coisas com as quais podemos interagir e só os papéis possuem algum tipo de brilho para indicar ao jogador que devem ser inspecionados. As mudanças são muitas vezes mínimas, fazendo com que voltar ao quarto seja um inconveniente que pouco agrega à experiência. Junte-se a isso o fato de que carregar essa área após a morte demora bastante no Switch e temos um trecho da experiência que acaba parecendo só perda de tempo.

Combates infernais

O grosso de Nightmare Reaper é um jogo de ação frenético com fases procedurais. O estilo visual segue o formato de voxel (como se fosse um “3D pixelado”), que é popularmente associado a Minecraft por se tratar do jogo mais conhecido que o utiliza. Os ambientes acabam tendo essa aparência de blocos rígidos enquanto os personagens parecem papel por serem sprites 2D sem profundidade. O resultado é uma estética que parece até mais retrô do que os jogos de tiro no qual o jogo se inspira.
 
A ordem das fases envolve uma progressão linear em que o jogador precisa chegar até uma espécie de círculo ritualístico para terminar aquele desafio. Ele pode estar mais próximo ou mais distante do início dependendo da sorte do jogador, sendo necessário enfrentar várias criaturas esqueléticas e demoníacas no caminho.
Lidar com esses inimigos envolve entender os seus padrões de ataque, tendo especial cuidado com o alcance desses golpes. As áreas também possuem armadilhas variadas que o jogador pode utilizar a seu favor para rapidamente explodir grupos grandes de inimigos ou reduzir consideravelmente a efetividade dessas criaturas.
 
Da mesma forma que as áreas e inimigos são aleatorizados, as armas também são geradas dentro do formato procedural. Inicialmente o jogador só pode manter uma arma de nível 1 em seu arsenal, sendo necessário tomar cuidado na escolha já que elas podem usar munições diferentes, além de ter variações significativas de força, área de alcance e efeitos especiais. Uma arma do mesmo tipo pode ter vantagens como congelar um inimigo ou recarregar sua munição mais rapidamente.
O dinheiro conseguido nas fases pode ser utilizado para desbloquear mais habilidades na Skill Tree. Curiosamente, em vez de utilizar um sistema de obtenção automática, temos que jogar uma espécie de minigame inspirado em Super Mario Bros., avançando por fases de plataforma até chegar no portão. Gastando dinheiro para liberar as fases, podemos obter benefícios como mais vida ou mais munição.
 
No fim das contas, é uma escolha curiosa de implementação, mas que acaba adicionando mais tarefas para o jogador sem um ganho significativo para a experiência geral. Também gostaria de destacar que os aspectos gráficos mereciam mais polimento, sendo especialmente incômodo o reuso da animação de mão da protagonista para pegar objetos no cenário.

Pesadelos frenéticos

Nightmare Reaper
é um boomer shooter roguelite que sabe explorar as vantagens de seus elementos para proporcionar uma experiência de ação frenética. A obra não é perfeita, tendo especialmente problemas em relação a sua tentativa de contar uma história que poderia ser melhor implementada, mas é um jogo que facilmente agradará aos fãs de jogos de tiro.

Prós

  • Gameplay de ação frenética em que o jogador deve usar o posicionamento de inimigos e armadilhas a seu favor;
  • Várias armas com efeitos secundários podem ser obtidas nas fases dependendo da sorte do jogador;
  • Árvore de habilidades e dinheiro fazem com que o jogador tenha progresso contínuo mesmo ao perder.

Contras

  • Elementos de história mal implementados;
  • Voltar à área do quarto de hospital é um incômodo graças aos poucos elementos interativos;
  • Loadings demorados após morrer;
  • Graficamente o jogo merecia mais polimento, especialmente em casos como a animação de pegar objetos.
Nightmare Reaper — Switch/PC/PS4/PS5/XBO/XSX — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Vitor Tibério
Análise produzida com cópia digital cedida pela Feardemic

é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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