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Análise: Disgaea 7: Vows of the Virtueless (Switch) é um excepcional equilíbrio entre sistemas modernos e clássicos da série

A sétima entrada da série é um épico estratégico que equilibra narrativa e personalização, embora com alguns solavancos no Switch.




A série Disgaea costuma estar no centro das atenções dos fãs de grinding, mas a chegada de Disgaea 6: Defiance of Destiny trouxe consigo algumas controvérsias devido à introdução de um sistema de batalhas automáticas. No entanto, Disgaea 7: Vows of the Virtueless não apenas responde às críticas, mas também faz ajustes necessários em termos de balanceamento numérico. 

O jogo conseguiu resgatar um equilíbrio muito mais alinhado com os títulos anteriores à sexta edição, assim, colocando de volta os jogadores em um papel mais ativo na montagem de estratégias de combate eficazes: esqueça deixar o Switch em modo automático ad aeternum para conseguir personagens de níveis insanos, pois estamos de volta a uma era que não basta contar apenas com personagens de nível superior para vencer os adversários.

Uma luta pela honra em Hinomoto

Disgaea 7 nos transporta para o cenário de Hinomoto, um conjunto de Netherworlds onde o venerado código bushido, outrora uma lei sagrada, cedeu lugar ao nefasto reinado de Demmodore Opener e seu exército, que impuseram um código de destruição implacável.

É neste turbulento palco que conhecemos Fuji, um demônio que não se dobra a nenhum código, movido principalmente pelo desejo de acumular riquezas para quitar suas dívidas. Em sua busca por lucro, ele se depara com Pirilika, uma rica empresária fanática pelo bushido, e vislumbra uma oportunidade perfeita para angariar todos os HL de que precisa. Tornando-se seu guarda-costas, Fuji embarca em uma jornada para desafiar o regime tirano de Demmodore Opener.



No entanto, para tornar possível o desejo de Pirilika de restaurar o código bushido e a honra de Hinomoto, eles precisam reunir as sete armas lendárias espalhadas pelos Netherworlds. Estas armas, além de serem poderosas por si só, respondem com fúria aos que se mostram dignos de empunhá-las, prometendo batalhas épicas e insanas para Fuji e Pirilika, que precisarão enfrentar os temíveis 13 Magistrates, leais seguidores de Opener, se quiserem restaurar o código bushido em Hinomoto e derrubar a tirania de seu senhor.

O desenrolar da história é, de fato, satisfatório. Como mencionei em meu texto sobre a demo, há notáveis semelhanças com a trama do primeiro título, e posso confirmar que estamos de volta com algumas reviravoltas muito interessantes que envolvem a autodescoberta, a empatia e a dualidade moral dos personagens, temas que sempre estiveram presentes na história dos demais títulos, e, dessa vez, temos uma narrativa que, apesar de momentos clichês, consegue cumprir muito bem seu papel de apresentar ótimos personagens e o mundo em que vivem.


As 9999 possibilidades de um samurai sem virtude

No geral, as batalhas na série Disgaea são simples: em cada mapa existe uma base, de onde selecionamos 10 personagens para participar do combate. No turno do jogador, escolhemos um desses personagens e, a partir daí, é andar e realizar uma ação.

Dentro do limite de movimentos, o jogador seleciona um tile e, ali, verifica o que é possível fazer. Nos mapas, pode ou não haver a presença dos chamados Geo Symbols, que são blocos que garantem diversos efeitos (como regeneração de HP, amplificação de poder de inimigos, duplicação de personagens, teleporte e muitos outros) a áreas específicas, marcadas com cores diferentes na grid para as áreas onde esses efeitos estão ativos.



Levando em consideração o mapa, você pode usar ataques simples para atingir inimigos próximos, realizar ataques especiais, usar itens, ou até mesmo empilhar caixas para criar plataformas e alcançar locais mais altos. Além disso, você pode arremessar aliados ou inimigos, mover símbolos pelo mapa para mudar as áreas afetadas por seus efeitos e segurar inimigos fortes temporariamente para derrotá-los mais tarde. Em resumo, há muitas estratégias disponíveis dependendo da situação.

Para participar das lutas, precisamos de personagens, e Disgaea sempre foi uma série que brilhou no que diz respeito à personalização dos bonecos. Após habilitar as quests de recrutamento de novas classes e preencher os requisitos, basta ir ao NPC recrutador, selecionar a classe e escolher seu nome, cor e até mesmo personalidade.



Cada classe tem suas armas de preferência, mas não necessariamente é preciso seguir isso à risca. Há um espaço para magos de pistola em algum canto de Netherworld, com certeza. Neste título, temos 45 opções de profissões para recrutar.

Dentro do sistema de lutas, Disgaea 7 apresenta mudanças impactantes que elevam ainda mais a dinâmica do combate. Uma delas é a introdução do Hell Mode, um buff especial que determinados personagens podem temporariamente ativar.

Para desbloquear esse poderoso recurso, é necessário cumprir requisitos específicos, como derrotar certo número de inimigos para preencher a barra correspondente. Quando ativado, o Hell Mode concede bônus exclusivos e permite o uso de habilidades especiais por um curto período.



Outra inovação que torna os confrontos ainda mais caóticos é a Jumbification. Neste sistema, o personagem entra em um modo gigante, ocupando metade da tela e obtendo acesso a ataques mais poderosos e com maior alcance, além da capacidade de atacar outros personagens que também estejam nesse estado colossal. Assim como o Hell Mode, desbloquear a Jumbification requer que você encha uma barra de Rage sofrendo ataques dos oponentes durante a batalha.

Fora das batalhas, há muitos outros sistemas para personalizar o time e os itens durante a campanha. Na base principal, que no sétimo título da série é um barco, é possível acessar “lojas”, que incluem facilidades específicas, como a venda de equipamentos e a melhoria de poder e alcance de habilidades.



Nos títulos mais recentes, você pode desbloquear habilidades passivas para cada personagem, como ganho de experiência ou resistência a tipos específicos de armas ou efeitos negativos em combate, como paralisia ou envenenamento. Além disso, há um NPC que permite a melhoria de itens, e uma loja de sucos onde você pode fortalecer seus aliados com bebidas contendo experiência acumulada em batalhas anteriores.

Acumular recursos para melhorar personagens nessas facilidades nunca foi uma tarefa, digamos, convidativa para todos os tipos de jogadores. É necessário paciência, pois não é raro que certos mapas sejam repetidos centenas de vezes (sem hipérboles aqui, são centenas MESMO) para acumular dinheiro ou mana.



Em Disgaea 7, o grinding não é diferente. Porém, ao completar um mapa manualmente, recebemos um item chamado Poltergas. Com ele, é possível realizar um turno de forma automática em um mapa já concluído, o que poupa tempo de repetição de alguma tarefa exaustiva.

Em determinado momento do jogo, é possível pular completamente as batalhas, obtendo apenas os resultados sem passar horas vendo a mesma coisa acontecendo na tela. No entanto, quando o contador chegar a zero, será necessário realizar ações manualmente, portanto, é preciso pensar bem quando e como utilizar o sistema automático.



Para os jogadores mais competitivos, há um sistema de batalhas ranqueadas. Entretanto, nossa participação nesse aspecto é relativamente passiva, pois os embates ocorrem automaticamente, de acordo com as configurações da Demonic Intelligence.

Além disso, os personagens que compõem nosso time são baseados em limitações de temporada. Por exemplo, até o momento de fechamento desta análise, só pude usar bonecos masculinos.

A temporada da qual participei durou 7 dias e, como premiação pela posição 1 que obtive, recebi como prêmios um Emblema com o nome de Gold Trophy, 1.000.000.000HL e 300 Poltergas. Ainda não dá para saber se existe rotatividade nas premiações, mas a experiência de partidas online foi interessante.



Além das batalhas, na seleção de mapas, é possível visitar uma versão simplificada de Netherworlds cujos mapas já foram finalizados, onde podemos acessar lojas, duelar para recrutar novos membros, desbloquear cores de classes, abrir baús e aproveitar minijogos especiais.

Os minijogos são, por exemplo, o Demon Shogi, onde se completa mapas usando unidades predefinidas e ajustando suas configurações de Demonic Intelligence. Outras atividades incluem torneios de artes marciais e a realização de várias quests para NPCs nos mapas, prolongando a experiência do jogo para aqueles que desejam mais do que apenas aumentar os números no pós-jogo.


Os altos e baixos da experiência em Hinomoto

No que se refere à parte audiovisual, não há problema algum. Acredito que os bonecos 3D possuem seu charme, os retratos dos eventos são muito bonitos e o design dos personagens principais, de forma geral, é muito interessante e casa bem com toda proposta oriental do jogo. É uma pena que muitos personagens da história sejam apenas recolors de classes genéricas, mas os mais importantes possuem visual original e único.

As músicas também são muito boas, mesmo que grande parte seja reciclada de títulos anteriores, principalmente do sexto. Não há nada tão memorável, mas também não posso dizer que haja nada enjoativo ou desagradável aqui.



Infelizmente, a parte desagradável está, mais uma vez, atrelada à performance do jogo. Assim como comentei no texto sobre a demo, ativar o modo Jumbo gera alguma lentidão na movimentação do cursor, mas essa questão fica muito evidente em mapas com muitos personagens.

Em alguns casos específicos no modo portátil, em que há reforços inimigos chegando a cada turno, o jogo chega a travar violentamente enquanto os personagens se movimentam. Mesmo quando todos os inimigos já estão no mapa desde o início, ao finalizar o turno do jogador, as unidades inimigas levam um tempo considerável para tomar suas decisões e realizar seus movimentos, o que chega a ser até irritante em alguns momentos. No modo TV, o jogo fluiu com muito mais tranquilidade.

Não sei se essas questões são exclusivas da versão de Switch, mas fica aí o aviso para quem deseja adquirir essa versão.


Uma entrada repleta de triunfos e desafios técnicos

Disgaea 7: Vows of the Virtueless marca um retorno triunfante para a série, respondendo às críticas anteriores e restaurando o equilíbrio estratégico. A narrativa envolvente se desenrola em Hinomoto, explorando o conflito entre o código bushido e a tirania de Demmodore Opener, enquanto os protagonistas buscam refletir sobre seus próprios papéis e os de seus companheiros nessa jornada.

A customização de personagens, novas mecânicas de batalha e atividades secundárias nos mapas enriquecem a experiência, embora problemas de desempenho na versão do Switch possam ser um obstáculo a considerar. No geral, é um retorno sólido para os fãs da série e jogadores no geral que estão em busca de diversão duradoura e muito grinding.


Prós

  • Narrativa simples, mas cativante, e personagens divertidos;
  • Design de personagens e ambientação satisfatórios dentro de sua proposta;
  • Personalização impressionante, com 45 classes genéricas disponíveis;
  • Novas mecânicas de batalha adicionam profundidade e caos estratégico às batalhas;
  • Atividades secundárias nos mapas aumentam as opções para quem não quer ficar preso ao grinding do pós-jogo.

Contras

  • Problemas de desempenho, incluindo travamentos em mapas movimentados, podem prejudicar a experiência de jogo.
  • Algumas músicas são recicladas de títulos anteriores, reduzindo a sensação de novidade;
  • Muitos personagens na história são apenas variações de classes genéricas, o que afeta a diversidade visual do jogo.
Disgaea 7: Vows of the Virtueless — Switch/PC/PS5 — Nota: 9.0
Versão utilizada para análise: Switch

Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela NIS America

Professora por profissão, crossfiteira e artesã nas horas vagas. Seu primeiro contato com consoles da Nintendo foi zerando Chrono Trigger repetidas vezes no SNES. Atualmente é dona de um Switch no qual joga principalmente puzzles, jogos de pesca, RPGs e todos os Disgaea que para ele foram lançados. Icon por 0range0ceans
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