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Análise: SaGa: Emerald Beyond (Switch) é um RPG para quem quer sair da zona de conforto

Entre na pele de seis protagonistas distintos e embarque em jornadas que os levarão a explorar inúmeros mundos singulares.

SaGa: Emerald Beyond, o mais recente título da série de RPGs desenvolvida pela Square Enix, traz uma significativa simplificação em seu sistema de exploração. No entanto, mesmo com essa descomplicação, o jogo está muito longe de ser fácil e mantém um combate profundamente desafiador, proporcionando uma experiência excepcional para aqueles que procuram algo diferente dentro do gênero.

Seis protagonistas, diversas histórias

Em SaGa: Emerald Beyond, somos apresentados a seis protagonistas distribuídos em cinco arcos principais: Tsunanori Mido, encarregado de proteger a barreira ao redor da cidade de Miyako; Ameya Aisling, uma bruxa em treinamento que perde uma parte de seus poderes; Siugnas, um vampiro imortal destituído de seu trono devido a uma traição; Diva nº 5, uma androide artista que perde suas memórias e sua capacidade de cantar; e Bonnie Blair e Formina Franklyn, duas policiais investigando uma tentativa de assassinato.

Nesse sentido, somos completamente livres para escolher entre esses roteiros, sendo que cada um deles se inicia em um local específico. No entanto, à medida que os heróis avançam em suas jornadas, eles exploram uma ampla variedade de outros mundos, cada um com seus próprios contextos, problemas, habitantes e culturas.

Como é típico de um título da série SaGa, as tramas de Emerald Beyond apresentam inúmeras ramificações. Isso significa que, em duas jogadas com o mesmo protagonista, o jogador pode explorar eventos e regiões distintas, resultando em alterações não apenas no desfecho principal da história desse indivíduo, mas também nos enredos menores dos lugares que ele visitou.

Num geral, as narrativas são muito agradáveis de se acompanhar e os personagens são bastante carismáticos — não apenas os principais, mas também os secundários. Infelizmente, entre os idiomas, não há a opção do português, o que é bastante incômodo devido à sua alta carga de texto. Outro aspecto que incomoda é que o jogo, apesar de reconhecer no menu de New Game que já concluímos outras campanhas, continua a repetir os tutoriais a cada nova jornada.

Exploração direta, mas com inúmeras alternativas

Ao contrário da abordagem convencional da maioria dos RPGs, a aventura em Emerald Beyond não nos leva a explorar internamente locais como cidades, masmorras ou castelos. Em vez disso, movemo-nos por cenários em 2D, onde as principais ocorrências, como batalhas e sessões de diálogos, desdobram-se diretamente em pontos de interesse com os quais interagimos.

Neste jogo, ao escanearmos uma região com uma mecânica simples de manter um botão pressionado, abre-se um menu que nos mostra ícones coloridos representando os eventos disponíveis. Nesse sentido, os sinais verdes indicam episódios relacionados à história principal, os azuis são associados a missões secundárias e os vermelhos nos levam a confrontos.

Conforme mencionado anteriormente em nossa prévia, essa abordagem contrasta com a extrema liberdade proporcionada por muitos títulos da série, tornando a exploração nesta entrada mais direta e eliminando qualquer possibilidade do jogador se perder. No entanto, isso não impede que moldemos nossa própria história.

Em muitas situações, Emerald Beyond nos entrega diversas alternativas, e a trama se desdobra de acordo com nossas escolhas em cada ponto. Para exemplificar, em um certo mundo com quatro facções militares em conflito, temos a oportunidade de nos envolver com cada uma delas, influenciando assim o curso dos acontecimentos daquele local.

Ainda nesse contexto, em algumas ocasiões, nossas únicas opções serão os eventos marcados com a cor azul, indicando missões secundárias. É importante observar que mencionei "secundárias", e não "opcionais", pois esses episódios, embora menores, têm um impacto direto nos desdobramentos principais e maiores da narrativa.

Creio que a abordagem da exploração em Emerald Beyond, assim como muitos aspectos da série como um todo, pode dividir bastante a opinião dos jogadores. Enquanto algumas pessoas se fascinarão com a pluralidade de situações ofertadas por cada cenário, outras podem achar a navegação um tanto estranha ou até mesmo pobre. Posso dizer, sem sombra de dúvidas, que pertenço à primeira categoria.

Cada mundo é único

A multiplicidade de mundos é um dos aspectos mais importantes de Emerald Beyond, e o trabalho realizado nesse sentido é verdadeiramente fascinante. O jogo nos oferece quase duas dezenas de territórios distintos, sendo que cada um possui uma individualidade tão marcante que torna a jornada constantemente surpreendente.

Embora o aspecto geral da jogabilidade seja uniforme em todas as regiões — caminhar e interagir com pontos de interesse para desencadear sequências de diálogos ou batalhas —, cada planeta apresenta limites geográficos que nos desafiam a resolver quebra-cabeças para avançar. Por exemplo, em um terreno desértico, manipular certas máquinas altera o curso das ondas de areia, abrindo caminho para áreas anteriormente inacessíveis.

Os habitantes de cada território e os contextos em que estão inseridos também são diversificados. Assim, Emerald Beyond nos presenteia com tramas enraizadas em incontáveis conceitos distintos, como um mundo humano à beira de uma eleição presidencial, uma dimensão habitada por bruxas, um planeta onde seres humanoides semelhantes a plantas predominam, ou até mesmo um universo sci-fi com diferente equipes realizando pesquisas mirabolantes.

Batalhas viciantes que exigem muita estratégia

Como era de se esperar, as clássicas batalhas por turnos marcam presença em SaGa: Emerald Beyond. Como mencionado anteriormente, os combates não ocorrem de forma aleatória, mas são iniciados ao interagirmos com zonas de eventos. Neste jogo, cada tipo de habilidade possui seu próprio custo em BP, que são pontos representados por estrelas e compartilhados por todo o grupo. Assim, o jogador deve planejar cuidadosamente suas ações para conseguir executar todos os ataques que deseja.

Outro aspecto de extrema relevância é a presença de uma espécie de linha do tempo que indica a ordem dos atacantes. No entanto, sua importância vai além disso, pois podemos utilizar estrategicamente a posição temporal de cada membro da equipe para desencadear as três principais mecânicas de combate: United Attacks, Overdrive e Showstoppers.

Os United Attacks ocorrem quando dois ou mais personagens atacam em sequência (a possibilidade é indicada por uma linha verde), realizando um combo com dano aumentado e preenchendo uma barra de combo. O Overdrive está diretamente relacionado ao primeiro sistema, pois quando a porcentagem da barra de combo ultrapassa 150, há uma chance de os aliados atacarem novamente, sendo garantido se alcançar 200%.

Por fim, o Showstoppers acontece quando um herói está cercado por dois espaços vazios à sua direita e mais dois à sua esquerda, desencadeando uma sequência de golpes semelhante ao United Attack, mas com esse indivíduo realizando o movimento sozinho com suas próprias maestrias. Vale destacar que os inimigos também são capazes de utilizar todas essas mecânicas.

Para aproveitarmos ao máximo esses sistemas, temos à nossa disposição diversas técnicas com os mais variados efeitos, como a capacidade de atrasar ou interromper os ataques dos adversários, além de uma ampla variedade de formações de grupo que alteram o custo de BP e proporcionam outros benefícios ou prejuízos.

O combate em Emerald Beyond possui muitas nuances e é extremamente viciante, divertido e desafiador, trazendo situações em que nem sempre utilizar a técnica mais forte ou atacar em grupo será a melhor opção. Como ressalva, embora as animações dos golpes sejam deslumbrantes, seria bem-vinda a opção de pulá-las ou acelerá-las, especialmente nos momentos em que sabemos que nossos heróis vão perder e temos que continuar assistindo até o final.

Cada indivíduo também é único

Um aspecto distintivo da série SaGa que retorna em Emerald Beyond é o fato de os personagens não se fortalecerem por meio de níveis tradicionais, mas sim através do aprimoramento de atributos relacionados às ações realizadas durante os combates. Além disso, temos a presença do LP (Life Points), que é consumido cada vez que um aliado é derrotado e o torna temporariamente indisponível quando esses pontos são zerados.

Como se não bastasse a diversidade de mundos e histórias, o jogo nos oferece uma variedade de raças de indivíduos, cada uma com suas próprias particularidades. Por exemplo, existe uma espécie que, após ter seu LP zerado, renasce em uma forma mais jovem e herda os traços de sua vida anterior.

O interessante é que cada protagonista também dispõe de alguma característica única que o diferencia dos demais. A Diva nº 5, por exemplo, pode adquirir novos corpos robóticos em diversos cenários que visita, o que não apenas altera seu visual, mas também seus status e habilidades.

Os equipamentos também não ficam para trás e dão ao jogador uma infinidade de possibilidades, sendo que a grande maioria das armas possui habilidades ativas ou passivas vinculadas. Além disso, temos a opção de aprimorar essas ferramentas a qualquer momento por meio de um menu dedicado. Aqui temos outro ponto de atenção, pois, embora os menus sejam simples e intuitivos, a navegação entre eles é um tanto lenta e as suas diversas abas apresentam um certo atraso para carregar.

Mais um grande jogo da Square Enix

SaGa: Emerald Beyond é mais um RPG da série que oferece uma experiência muito diversa em relação ao que comumente encontramos dentro do gênero. Com diversas ramificações narrativas, vários mundos distintos e uma variedade de mecânicas que tornam o combate dinâmico e desafiador, temos aqui mais um excelente título da Square Enix. 

Prós

  • Diversas histórias com inúmeras ramificações narrativas, permitindo múltiplas jogadas com diferentes situações e desfechos;
  • Batalhas por turnos desafiadoras e envolventes, com a presença de incontáveis mecânicas que exigem um planejamento cuidadoso e muita estratégia;
  • Os seis protagonistas, assim como grande parte dos indivíduos com quem interagem, são carismáticos e contribuem para enriquecer a trama;
  • As particularidades de cada raça, juntamente com a variedade de equipamentos e formações, oferecem inúmeras opções para o jogador personalizar a equipe e criar estratégias;
  • Quase duas dezenas de mundos completamente diferentes entre si, cada um com sua própria história, habitantes e abordagem de exploração.

Contras

  • Uma opção para acelerar ou saltar as animações de combate seria bem-vinda;
  • A navegação entre os menus é um tanto lenta;
  • O jogo continua a repetir os tutoriais a cada nova jornada, o que pode se tornar bastante incômodo após algumas vezes;
  • A simplicidade do sistema de exploração pode incomodar algumas pessoas;
  • Ausência de legendas em português.
SaGa: Emerald Beyond — PC/PS4/PS5/Mobile/Switch — Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela Square Enix


Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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