Uma prova disso é a própria existência de Phantom Breaker: Battle Grounds Ultimate, remasterização do clássico cult Phantom Breaker: Battle Grounds, que estreou no finado serviço Xbox Live Arcade em 2013 e não demorou muito a alcançar relativo sucesso entre os fãs do gênero de briga de rua. Agora, em 2025, esta edição atualizada chega ao Switch e demais plataformas com a promessa de ser, enfim, a rendição definitiva do peculiar título.
Campos de batalha virtuais
Phantom Breaker: Battle Grounds originalmente surgiu como um spin-off do jogo de luta Phantom Breaker, que apesar de ter sido lançado para Xbox 360 em 2012 no Oriente, só chegou a este lado do mundo há alguns anos, com sua remasterização Omnia, também disponível para Nintendo Switch.
Isso quer dizer que alguns personagens importantes do primeiro jogo aparecem novamente aqui. É o caso, por exemplo, do vilão Phantom (que havia organizado o torneio do jogo original) e das jovens e habilidosas protagonistas lutadoras Mikoto, Yuzuha e Waka.
O pretexto para Battle Grounds é um sequestro da jovem Nagi, irmã mais nova de Waka. O fato desencadeia uma caçada ao antagonista e sua refém, mas a simplicidade desse aspecto do título é notável: com pouquíssimas falas e um enredo majoritariamente raso, definitivamente este é um daqueles jogos que você não adquire pela narrativa, mas sim pela jogabilidade.
Com poucas cenas e reviravoltas no modo história (que felizmente suporta o PT-BR), então, o puro suco de Battle Grounds está na pancadaria, que não demora a acontecer e felizmente se prova de boa qualidade nos vários modos de jogo incluídos no título.
Metade jogo de luta, metade beat ‘em up
Phantom Breaker: Battle Grounds conta com quatro modos de jogo: História (a campanha em si), Arcade (compita pelo melhor tempo ou score), COOP e Battlegrounds (coopere ou dispute com até quatro jogadores localmente no Switch). Em todos eles, o que mais se sobressai é realmente a qualidade da jogabilidade, que promove uma fusão constante entre os jogos de luta e os beat ’em up.
Na prática, temos aqui os tradicionais estágios com vários inimigos ao mesmo tempo, ao que derrotá-los permite avançar para o próximo ponto da fase, e assim sucessivamente até encarar os diferentes chefes, quando necessário. Embora a progressão seja lateral, um diferencial interessante é que é possível transitar livremente entre o background e a área principal da cena, o que traz uma camada estratégica a mais para o posicionamento, visto que os inimigos também podem fazer esse trajeto e é preciso muitas vezes acompanhá-los.
A influência dos títulos de luta se dá no sistema de controles, que conta com um botão para o golpe fraco, outro para o médio e outro para o forte, lembrando franquias consagradas como Marvel vs. Capcom e Street Fighter. Dessa forma, por mais que exista aqui uma curva de aprendizado maior em relação a outros beat ’em ups que prezam pelo “pegar e jogar”, há também um potencial considerável para criação de combos e sequências arrasadoras com cada um dos 38 personagens, se o jogador se interessar por explorar esse caminho.
Outro diferencial é a considerável quantidade máxima de inimigos simultâneos na tela, o que torna atravessar as numerosas hordas oponentes algo bem satisfatório quando se pega o jeito. O ponto negativo é que, por vezes, a quantidade de coisas acontecendo ao mesmo tempo dificulta a compreensão e promove uma poluição visual — o apelo extremamente caricato dos personagens e inimigos também não ajuda muito nesse sentido.
Assim, mesmo com a boa apresentação no console da Nintendo, a sensação é que o equilíbrio foi deixado um pouco de lado em favor do espetáculo (ou da loucura, se assim preferir); uma escolha que, infelizmente, nem sempre se prova a mais acertada, principalmente quando fica difícil identificar o que está acontecendo na cena.
Sendo bem honesto, esse deslize não é o suficiente para evitar uma recomendação, mas é um lembrete constante de que o esqueleto deste jogo foi importado direto da versão da Xbox Live e que, mais de uma década depois, há alternativas mais envolventes no mercado e principalmente na biblioteca do console da Nintendo.
Onde o velho se fez novo
Considerando que o Switch já tinha recebido o primeiro jogo em sua versão Overdrive, o grande chamariz desta versão Ultimate foi a remasterização do título na Unreal Engine 5, que deu uma polida a mais nos visuais (leia-se: aumentou o nível de bloom) e adicionou alguns recursos extras, como o crossplay com outras plataformas e um sistema de combos automáticos, que permite que até os jogadores menos experientes participem da ação.
Como jogos baseados na Unreal normalmente não performam bem no Switch, essa era uma das minhas maiores preocupações com este relançamento, mas fico feliz em reportar que o título não apresenta quaisquer problemas técnicos e, pelo contrário, se mantém estável e fluido tanto no modo portátil quanto quando conectado à TV. A estética meio chibi, meio pixel-art não é exatamente bonita para o meu gosto, mas essa é uma questão mais pessoal, pois ela está de acordo com a proposta e principalmente com o caráter de spin-off da aventura.
Já a inserção do recurso de combos automáticos é muito bem-vinda na minha opinião, especialmente porque Phantom Breaker: Battle Grounds é um ótimo título para se divertir de forma descompromissada com até quatro amigos localmente. O suporte para um único Joy-Con torna inclusive mais fácil de organizar uma jogatina durante um churrasco ou confraternizações, por exemplo, e acaba fazendo do Switch uma ótima forma de aproveitar o jogo em si.
Por fim, o crossplay é funcional, mas assim como o modo online geral, bastante dependente da velocidade da internet dos envolvidos. Na ausência de um servidor dedicado, a experiência pode acabar não sendo tão satisfatória assim sem rollback ou outros recursos avançados, mas para quem quer só quer se divertir momentaneamente, sem muito compromisso, fica a boa notícia de que é possível fazer isso sem muita dor de cabeça.
Uma versão sólida, porém pouco espetacular, de um título que fez sucesso na primeira metade da década de 2010
Phantom Breaker: Battle Grounds Ultimate é bem-sucedido em sua missão de oferecer a (até agora) versão definitiva do spin-off da franquia Phantom Breaker. Embora existam vários bons beat ‘em ups na biblioteca do Switch, é inegável que esta aventura das jovens lutadoras performa bem e, principalmente, combina com a versatilidade do dispositivo da Nintendo.
Assim, se o que você procura é uma nova aventura dentro desse gênero que vive um novo auge nos tempos recentes, esta é uma escolha bastante sólida, apesar de pouco espetacular frente a outras entradas mais modernas; não obstante, mantendo as expectativas em xeque, é plenamente possível se divertir aqui.
Prós
- Com adições de qualidade de vida, como o crossplay e os combos automáticos, sagra-se como a versão definitiva de um clássico cult da primeira metade da década de 2010;
- A jogabilidade precisa, que casa elementos de jogos de luta com a proposta arcade dos beat ‘em ups, continua divertida;
- A vocação para o multiplayer local faz com que o título se encontre “em casa” no Switch, principalmente com a possibilidade de usar um único Joy-Con para cada jogador;
- Sem problemas de performance, tanto no modo TV quanto no modo portátil.
Contras
- Ainda é basicamente o mesmo jogo de 2013, o que torna a aventura em si (e este segundo relançamento) bem menos impressionante frente aos títulos mais modernos do gênero;
- A temática caricata não vai agradar quem não curte animes e representações mais exageradas;
- A quantidade de inimigos frequentemente gera poluição visual;
- Narrativa extremamente simples.
Phantom Breaker: Battle Grounds Ultimate — PC/Switch/PS4/PS5/XBO/XSX — Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Beatriz Castro
Análise produzida com cópia digital cedida pela PQube
Análise produzida com cópia digital cedida pela PQube