Splatoon, dez anos depois: revisitando a colorida disputa de território das lulas humanoides

Da ideia original ao impacto na indústria, relembre o primeiro jogo da franquia Splatoon.

em 20/07/2025


O ano era 2015. O Wii U passava por maus bocados financeiramente, sendo um dos consoles que menos vendeu da Nintendo. Bem quando a empresa mais precisava de inovação, ela chegou no formato da hoje consagrada disputa de território com tinta dos Inklings: Splatoon.

Primeiros passos

A história de Splatoon começou com um grupo de desenvolvedores da Nintendo Entertainment Analysis & Development (Análise e Desenvolvimento de Entretenimento) buscando criar um jogo que desafiasse convenções da indústria, não sendo facilmente classificável em nenhum gênero. A ideia vencedora partiu de Shintaro Sato, que antes havia trabalhado na franquia Animal Crossing, e o primeiro protótipo utilizava tofus como personagens. Originalmente, era simplesmente um jogo de controle de território quatro versus quatro utilizando tinta. A possibilidade de se esconder nessa tinta também surgiu por volta dessas origens. 
Desde esse início, o GamePad do Wii U serviria como mapa exibindo as áreas pintadas por cada time. Com o progresso do desenvolvimento, buscou-se outras formas de fazer uso dos recursos do console, como os controles de movimento. Experimentou-se com personagens coelhos e até com inserir o jogo na franquia Mario, até chegar na temática de lulas. 

Então, chegou-se à configuração final: uma espécie híbrida entre humanos e cefalópodes, com o jogador alternando entre as duas formas — a primeira carregando a arma e a segunda nadando na tinta. Trata-se, é claro, dos Inklings. 
Destaca-se também que, mesmo com o resultado final sendo claramente um jogo de tiro, isso foi uma consequência que surgiu ao longo do processo de criar um jogo de ação ao estilo Nintendo, e não um princípio do começo da empreitada. A clássica filosofia da empresa de colocar as mecânicas do jogo em primeiro lugar e construir o restante a partir daí também se fez presente: a inovação no gameplay pediu visuais e atmosfera atrativos, não o contrário. 

A experiência do jogo

De maneira geral, jogar Splatoon consiste em alternar entre a forma humana e a forma lula dos Inklings. Na primeira, o gameplay é semelhante a outros jogos de tiro em terceira pessoa na medida em que usa-se uma arma para abater os adversários, sendo preciso mirar bem e desviar dos ataques dos inimigos — especialmente considerando que não há um sistema de cover; e é diferente na medida em que a arma é de tinta, não de balas, e faz-se necessário pintar o terreno. 
Já a segunda forma é uma particularidade do jogo: como lula, o jogador pode esconder-se e movimentar-se rapidamente na tinta pintada com as armas da forma humana (desde que seja da cor do seu time; do contrário, toma-se dano). Dessa forma, é importante fazer uso estratégico das duas formas para se obter a vitória. 

Infelizmente, hoje em dia não é mais possível jogar o modo online de Splatoon, pois os servidores do Wii U foram desligados em 2024. Dessa forma, restam apenas o multiplayer local um contra um e a campanha single player Octo Valley. Para ser franco, esses modos nunca foram o destaque do jogo. Mesmo assim, a campanha contém uma série de informações sobre a lore do universo dos Inklings, explorando sua ambientação pós-apocalíptica. 

Vale relembrar os tipos de partidas do multiplayer online. No modo normal (não ranqueado), só era possível jogar as partidas Turf War, no qual o objetivo é pintar a maior parte do terreno da cor do seu time. Já nas ranqueadas, havia três opções: Splat Zones, Tower Control e Rainmaker.

A primeira consiste em cada time tentar pintar e  proteger sua zona designada; a segunda é um jogo de tomada da torre no centro do mapa, que então se move para um ponto designado na área do time adversário; e a última é parecida: trata-se de capturar o Rainmaker e levá-lo para um ponto também na área do time adversário.

O impacto de Splatoon

Em seu lançamento, o jogo foi muito elogiado tanto pela crítica especializada quanto pelo conjunto dos jogadores. Ambos destacaram o estilo visual único da experiência, especialmente em relação a outros jogos de tiro em terceira pessoa. A trilha sonora também brilhou: foi considerada excelente e bem coerente com a ambientação da obra. Todos esses fatores contribuíram para a criação de uma atmosfera bastante atrativa e imersiva para Splatoon, colaborando significativamente para o sucesso da marca. 
Splatoon foi uma aposta da Nintendo, mas uma que valeu a pena: acabou por iniciar uma franquia bastante lucrativa, que hoje possui três jogos com um spin-off vindo aí para o Switch 2. A IP entrou para o hall da fama da Big N, fazendo parte não somente do Super Smash Bros. Ultimate como também do Mario Kart 8 Deluxe.  Tendo tudo isso em vista, não é exagero dizer que a colorida disputa de território das lulas humanoides já deixou sua marca na história dos videogames. 

Revisão: Vitor Tibério
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Felipe Jungstedt
Cientista social em formação, apaixonado por todo tipo de joguinho (com um amor especial pelos indies e pelos da Nintendo). Você provavelmente vai me encontrar ouvindo música enquanto jogo Spelunky 2 ou tirando a poeira de algum Zeldinha clássico.
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