Análise: Monument Valley 3 — o ápice da beleza e da emoção no universo das geometrias impossíveis

Uma evolução notável dos melhores aspectos da franquia em formato de uma verdadeira obra de arte surrealista, mas que ainda peca em pequenos detalhes.

em 06/08/2025
Monument Valley e Monument Valley 2 são jogos verdadeiramente únicos. Com puzzles ilusórios que desafiam a realidade, um estilo visual minimalista, mas marcante, e narrativas não intrusivas e bastante interpretativas. Enquanto o primeiro jogo era bom, seu escopo menor voltado para o mercado mobile era notável, e sua sequência tímida, que evoluiu pouco em cima da experiência original, fez-me questionar se eu deveria ir para o novo título da franquia com tantas expectativas.


Foi assim que Monument Valley 3 me surpreendeu, resgatando tudo o que havia de melhor nos dois primeiros jogos e elevando a experiência a um novo patamar.

Com uma narrativa ainda mais envolvente e tocante, novas técnicas de ilusão de ótica ainda mais impressionantes e uma trilha sonora que reage às suas ações de forma cativante e emotiva, Monument Valley 3 é o ponto mais alto da franquia, mas ainda comete alguns deslizes pequenos.

Um novo coração em velhas estruturas

Neste game, você controla Noor, uma aprendiz de guardiã de um farol. Uma grande inundação vem devastando sua terra, e junto ao seu mestre, você deve encontrar uma nova fonte de energia para manter o farol aceso, que guia e abriga as pessoas durante esse período de destruição e caos ambiental.

Diferente dos jogos anteriores da franquia, que tinham pouquíssimos diálogos ou interações, Monument Valley 3 conta com uma narrativa muito mais bem elaborada, com mais personagens com os quais você interage ao longo da história.

A principal filosofia dos dois primeiros jogos era transmitir a história e as motivações dos personagens por meio das emoções e sentimentos, e por isso é emocionante ver como este novo título eleva esse conceito. Além do fator artístico das composições dos cenários e da música, o jogo promove uma interação muito maior com outros seres, reforçando ainda mais os temas centrais de esperança, resiliência e reconstrução comunitária.
Outra mudança notável no jogo é o modo como ele abraça um estilo visual mais distinto em relação aos títulos anteriores. Há uma forte conexão entre as geometrias fantásticas e uma presença mais marcante de elementos naturais, como flores, vinhas, campos e água. Esses elementos se combinam de forma harmoniosa com o estilo visual clássico da série, fazendo com que cada cenário remeta ainda mais a uma pintura surrealista fantástica.

E para completar, visualmente o jogo alcança um novo patamar, com efeitos ainda mais surreais que desafiam a lógica e confundem a percepção. Enquanto nos dois primeiros títulos resolvi os puzzles com relativa facilidade, neste eu realmente precisei parar e refletir com mais atenção para entender os novos desafios. Em diversos momentos, vi-me apenas observando as estruturas, tentando compreendê-las sob diferentes perspectivas, impressionado com a ousadia das novas geometrias propostas.
Outro grande ponto forte da experiência é a forma como a jogabilidade varia ao longo da jornada. Em determinados momentos, você explora o oceano, navegando entre estruturas abandonadas e ajudando os sobreviventes da catástrofe ambiental que assolou o mundo do jogo.

Rachaduras em superfícies polidas

Mesmo com as inúmeras melhorias em relação aos dois jogos anteriores da franquia, Monument Valley 3 ainda comete deslizes com alguns pequenos problemas que comprometem a experiência de jogabilidade.
O principal problema — e que continua recorrente na série — são os controles, já que o jogo não oferece suporte à tela sensível ao toque, o que se torna ainda mais evidente nesta nova versão. Com cenários e geometrias ainda mais complexos do que nos títulos anteriores, precisei diversas vezes reajustar o cursor, tentando posicioná-lo corretamente para mover elementos ou indicar o caminho da protagonista. Apesar de ser o terceiro jogo da franquia, o problema ainda persiste, e em certos momentos os controles comprometem a experiência.

Outro problema a ser considerado é a curta duração do jogo, que, assim como nos títulos anteriores, dificilmente ultrapassa duas horas, podendo ser zerado facilmente em uma única jogatina. Pelo menos desta vez, o jogo está disponível em português brasileiro, o que ajuda a aproximar o jogador da história.
Um detalhe interessante a destacar é que, em um momento isolado, o áudio do jogo apresentou travamentos leves. Felizmente, esse problema ocorreu apenas uma vez e foi resolvido rapidamente.

O equilíbrio perfeito entre beleza e experiência

A franquia Monument Valley é especial para mim, não apenas pelos puzzles divertidos de resolver, mas também pela maneira como a arte se expressa no jogo e como as emoções são transmitidas de forma harmônica por meio de cenários fantásticos e impressionantes.

Monument Valley 3 é, definitivamente, o suprassumo dessa experiência, destacando-se como o melhor jogo da franquia até agora. Repleto de personalidade e com um visual marcante e emocionante, e mesmo que ainda cometa pequenos deslizes, entrega uma experiência artística poderosa — daquelas que você precisa vivenciar por conta própria.

Como informado na última fase do jogo, até o fim de 2025 teremos uma expansão gratuita que adicionará ainda mais conteúdo à experiência — e eu estarei ansiosamente aguardando para ajudar mais seres nesse mundo surreal e fantástico.

Prós

  • Narrativa mais bem desenvolvida, com mais personagens que você interage ao longo da história;
  • Distinção visual dos outros jogos da franquia, com mais elementos naturais que se encaixam perfeitamente com a estética clássica dos outros jogos;
  • Jogabilidade varia mais ao longo da experiência.

Contras

  • Duração do jogo segue extremamente curta, com menos de duas horas de jogo;
  • Controles seguem sendo imprecisos, tornando os puzzles levemente mais irritantes do que deveriam ser.

Monument Valley 3 — iOS/Android/PC/PS4/PS5/Xbox One/Xbox Series X|S/Switch — Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: Switch

Revisão: Vitor Tibério
Análise produzida com cópia cedida pela ustwo games
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Samuel Expeditto
é um jovem que gosta de catalogar e documentar as histórias dos jogos. Sua planilha de jogos zerados cresce semanalmente, e você pode acompanhar seus vídeos e análises no YouTube e Instagram.
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