Enfim, uma das minhas franquias favoritas, do meu gênero favorito, chegou com seus padrões clássicos e novidades muito bem-vindas. Octopath Traveler 0 renova o clássico RPG de turno em HD-2D da Square Enix com muitos personagens, uma vila para reconstruir e uma caminhada de renovação e vingança — tudo isso colocando você no centro da trama. Jogamos e contamos aqui o que achamos da nossa viagem pelas terras de Osterra.
Em busca de renovação e vingança
Octopath Traveler 0 te coloca diretamente no olho do furacão logo após sua vila, Wishvale, ser atacada em meio a uma guerra desenfreada pela busca dos anéis divinos — artefatos antigos pertencentes aos deuses e capazes de conceder poder absoluto a quem os carrega.Três vilões se apresentam logo no início, cada um guiado por desejos distorcidos:
• Tytos, antigo herói e atual governante de Embleglow, obcecado por mais poder;
• Herminia, a bruxa que corrompeu Valore com depravação em busca de riqueza infinita;
• Auguste, dramaturgo renomado de Theatropolis, que transforma tragédias do povo em combustível para sua fama.
Cada um representa um extremo de seus desejos e molda o mundo à sua imagem através de mortes e caos.Como protagonista, você parte em busca de vingança pelos seus pais, amigos e por toda a vila destruída. Ao lado dos seus amigos de infância — Stia, a arquiteta, e Phnen, o hunter — começa uma jornada dupla: reconstruir Wishvale e enfrentar os inimigos que ameaçam Osterra.
Mas isso é apenas o início. Por trás dos vilões há uma figura ainda mais poderosa, a verdadeira mente por trás de todos os desejos corrompidos. Como o escolhido pelo anel de Aelfric, o deus que trouxe a primeira chama do céu, selou Galdera e restaurou a luz em Osterra, você descobre que precisa reunir os demais anéis e selá-los mais uma vez.
Renovação
Um dos elementos que mais chamou atenção nos trailers foi o sistema de crafting e reconstrução da vila — e com razão. Sua vila possui níveis, e liberar recursos depende de cumprir missões específicas. A cada missão concluída, novos personagens e estruturas chegam ao local, incluindo sobreviventes da tragédia. Esses recursos são fundamentais, pois liberam mecânicas essenciais para evoluir seu grupo e avançar na narrativa.Diversas estruturas podem ser reconstruídas ou criadas do zero. O rancho, por exemplo, fornece vegetais e itens para cozinhar pratos que concedem bônus variados. O Training Ground permite treinar personagens que não estão na party — o que ajuda bastante, já que o jogo possui mais de trinta personagens recrutáveis. Além de subir níveis, é possível ensinar técnicas masterizadas para outros personagens.
Outra estrutura vital é a loja, que reúne todos os itens que você já comprou em algum momento. Aqui entra a Trade List, uma nova mecânica baseada nas Path Actions. A cada lista obtida, novos itens são adicionados à loja — mas eles mudam com o tempo. Se aparecer algo raro, reserve na hora. Eu perdi um item valiosíssimo por descuido.
No entanto, a evolução da vila me pareceu lenta demais. Muitas mecânicas importantes poderiam ser liberadas mais cedo. Acabei destravando algumas com mais de trinta horas de jogo, e isso deixou o processo um pouco monótono. Liberações mais ágeis poderiam tornar a experiência mais fluida.
Vingança
Os personagens recrutáveis não mudam de classe (Job), então há dois caminhos principais: aprender técnicas no Training Ground ou usar Action Skills, itens que funcionam como habilidades equipáveis — tanto ativas quanto passivas. Isso permite dar muita personalidade ao seu time. Imagine um Scholar com todas as magias elementais disponíveis!Os pontos de classe (Job) estão de volta: você os utiliza para comprar habilidades, desbloquear slots adicionais para itens e skills ou masterizá-las para ensiná-las a outros personagens no Training Ground.
Mesmo personagens da mesma classe podem ter diferenças importantes, então vale gastar tempo entendendo cada um para montar a party ideal para sua estratégia. Gostei dessa mudança: ela deixa todos mais únicos e reforça a ideia de experimentação. E claro, recrutar personagens icônicos de Octopath Traveler é um presente à parte para os fãs.
As Ultimate Techniques também retornam, agora com até três níveis, oferecendo variações com maior duração, poder ou efeitos extras. Desde o início, o protagonista já é altamente customizável — visual, itens iniciais e uma das oito classes disponíveis. Em determinado momento, por exemplo, ensinei a classe Thief ao meu personagem e foquei totalmente em evasão e crítico, equipando tudo que reforçasse essas características. O sistema é profundo e satisfatório para quem gosta de customização, como eu.
O clássico duo Boost & Break também está de volta. Você acumula pontos de Boost por turno para aumentar o número de ataques ou fortalecer habilidades. Já o Break continua essencial: acertar fraquezas inimigas quebra suas defesas e abre uma janela para causar dano dobrado.
Outro diferencial é a possibilidade de levar até oito personagens na party. Quatro ficam na linha da frente, e os outros quatro, atrás, acumulando Boost e ficando a salvo. A troca estratégica entre linhas abre possibilidades novas e traz mais profundidade ao combate.
Alguns inimigos possuem defesas altíssimas — chegando a doze ou quatorze pontos — então é preciso pensar bem nos caminhos estratégicos para quebrar esses valores sem gastar recursos demais, mas foi necessário para equilibrar os combates, que são um dos pontos altos aqui.
Poder, Fama e Riqueza
Osterra se estrutura em três pilares: poder, fama e riqueza — e seu rank nessas áreas aumenta conforme completam-se missões. Cada NPC possui um rank associado a um desses atributos. Por exemplo: um mercador em Valore pode ter riqueza nível oito, enquanto seu personagem está no nível sete. Isso afeta ações como negociar itens, investigar NPCs ou recrutá-los. Evoluir seu rank é essencial para acessar conteúdos e itens valiosos.As missões se dividem entre secundárias, reconstrução da vila, campanha principal e missões específicas de personagens (que rendem novos membros para sua equipe). São mais de trinta personagens, e alguns só entram na party durante a história.
A beleza da viagem
Octopath Traveler 0 continua lindo. O estilo HD-2D está mais nítido, especialmente no Nintendo Switch 2, rodando em 1080p e 60 quadros por segundo com pequenas quedas. Efeitos, magias e iluminação estão melhores do que nunca. No entanto, alguns assets parecem se aproximar do visual de Octopath Traveler: Champions of the Continent — o que considero um pequeno retrocesso. Se você não jogou os anteriores, isso nem vai ser perceptível, e já deixo a recomendação: jogue os dois primeiros jogos também, são incríveis.A exploração segue simples: cidades, rotas, dungeons e caminhos marítimos sem muitos desafios. Faltam puzzles para quebrar o ritmo. Os baús azuis trancados são novidade, além de subchefes espalhados pelo mapa que guardam baús dourados com itens avançados e materiais importantes para evoluir sua vila. Derrote todos — vale muito a pena.
O ciclo dia/noite de Octopath Traveler II não está presente aqui, e senti falta. Ele dava charme visual, alterava levemente a trilha e influenciava algumas mecânicas.Falando em música, não tem como errar: a trilha de Octopath Traveler continua magnífica, com rearranjos de temas clássicos e novas composições de altíssimo nível. Às vezes até coloco para ouvir enquanto trabalho.
A viagem que fica na memória
Octopath Traveler 0 é uma belíssima carta de amor ao que a série construiu até aqui, misturando tradição e novidade com confiança. A história é envolvente, o sistema de batalha está mais profundo e flexível do que nunca, e a quantidade de conteúdo é generosa. A reconstrução da vila poderia ser mais dinâmica e alguns elementos visuais lembram demais o mobile, mas nada disso apaga o brilho da experiência.Se você gosta de RPGs de turno, personalização pesada, personagens marcantes e um bom drama regado a vingança, renovação e muita estratégia, Octopath Traveler 0 entrega tudo isso — e ainda acende aquela chama gostosa de querer explorar só “mais uma rota” antes de dormir.
Prós
- História envolvente, com temas fortes de vingança e renovação;
- Sistema de batalha profundo, flexível e satisfatório;
- Grande variedade de personagens e alta personalização;
- Reconstrução da vila traz boas recompensas e senso de progresso;
- Visual HD-2D ainda belíssimo e trilha sonora impecável.
Contras
- Evolução da vila é lenta e poderia ser mais dinâmica;
- Alguns assets visuais lembram demais a versão mobile;
- Exploração simples, com poucos puzzles ou variações de ritmo.
Octopath Traveler 0 — PC/PS5/PS4/XSX/Switch/Switch 2 — Nota: 8.0Versão utilizada para análise: Switch 2
Revisão: Vitor Tibério
Análise produzida com cópia digital cedida pela Square Enix

















