Paper Mario: Color Splash — pintando o sete no Wii U

O encanador explorou cenários repletos de tinta após um antecessor polêmico.

em 06/11/2025

A franquia Paper Mario já teve seus altos e baixos: Paper Mario (N64) e Paper Mario: The Thousand-Year Door (GC) são considerados excelentes jogos do bigodudo no mundo de papel; no Wii, Super Paper Mario dividiu opiniões por apresentar um mundo em 2D e remover alguns dos elementos de RPG da série — mas certamente o título mais polêmico da franquia é Paper Mario: Sticker Star, lançado em 2012 no 3DS. O título foi duramente criticado por remover os poucos elementos de RPG restantes após Super Paper Mario, não contar com praticamente nenhum personagem único (recorrendo a uma infinidade de Toads idênticos) e dispor de pouquíssimos incentivos para entrar em batalhas contra inimigos.


Quatro anos depois, Paper Mario: Color Splash chegou ao Wii U — mantendo muitos erros de seu antecessor, mas, sem dúvida, manobrando a série para um caminho melhor. Hoje relembraremos o título repleto de espaços em branco para colorir, discutindo se a aventura conseguiu se diferenciar o suficiente do jogo anterior assim como o seu papel (com o perdão do trocadilho) na franquia Paper Mario.

Viajando para um mundo colorido

A trama de Color Splash se manteve simples e, ao menos, um pouco mais elaborada do que a de Sticker Star. Em uma noite chuvosa, a princesa Peach procura Mario após receber uma carta traumática — um Toad dobrado, completamente descolorido. Buscando descobrir o responsável pelo ato, o encanador parte para Prism Island, desembarcando em Port Prisma. Lá conhecemos Huey, uma amigável lata de tinta, cuja missão é proteger as seis Big Paint Stars (entidades responsáveis pelas cores de cada região do local).


Não é difícil deduzir o andamento da história: as grandes estrelas de tinta sumiram, o que causou a descoloração de vários pontos dos principais locais de Prism Island, e cabe a Mario recuperá-las e descobrir o grande culpado por trás de tudo. E, com a quantidade de Shy Guys sugando a tinta dos cenários, fica claro que um certo rei dos Koopas está ligado ao incidente.


Apesar da história simples, Color Splash compensa no visual: aqui, a franquia abraçou de vez a estética de papel. Os cenários são repletos de partes dobradas, pisos de papelão, recortes variados e, principalmente, áreas descoloridas — que devemos pintar com o icônico martelo usado por Mario nos jogos anteriores da franquia, agora contando com um reservatório de tinta fornecido por Huey.


As regiões são um pouco menos genéricas do que em Sticker Star, onde tínhamos o clássico mundo do deserto, do gelo, da água e assim por diante. Aqui, exploramos florestas densas, estradas percorridas por trem, templos onde acontecem campeonatos de jokenpô (sim, você não leu errado) e bases militares, entre vários outros. Mas uma ideia que foi mantida do jogo anterior foi o sistema de navegação entre áreas mediado por um mapa em vez de um mundo interconectado — parecido com a dinâmica dos jogos de plataforma do bigodudo.

Tentando pintar uma identidade própria

Além do visual, Color Splash parece ter buscado trazer a série de volta às suas origens,  ainda que numa escala muito reduzida, a começar pelos personagens. Os Toads ainda estão aqui (aos montes, por sinal), mas ganharam cores e adereços diferentes (como óculos escuros e chapéus de chef de cozinha — e há até mesmo três Toads importantes para a história que apresentam formatos de cabeça diferenciados).


O destaque fica para alguns Toads que compõem os cinco esquadrões coloridos de resgate: os Rescue Toads ajudam Mario em diversas ocasiões, ainda que de forma atrapalhada e quase acidental, numa pegada muito semelhante aos icônicos Power Rangers.


Os inimigos ainda se reduzem aos mais genéricos encontrados nos jogos 2D do encanador (como Koopa Troopas, Dry Bones, Goombas, Buzzy Beetles etc.), mas os travessos Koopalings fazem sua estreia na franquia, cumprindo o papel de chefões em cada região e adicionando detalhes cômicos à trama principal do jogo. Apesar da ausência de designs mais únicos, os personagens se destacam pelas suas personalidades, e muitos até mesmo fazem trocadilhos com a quantidade de Toads presente no título e em seu antecessor.

Os trocadilhos, por sinal, se encaixam perfeitamente na proposta de uma aventura muito mais cômica e brincalhona. Color Splash traz alguns dos melhores diálogos de toda a série, com situações e personagens muito bem escritos. Claro, tudo isso não compensa o que talvez tenha sido o maior problema enfrentado pela série nos últimos títulos: o combate.

Um sistema de batalha ainda sem cor

As batalhas em Color Splash, infelizmente, mantiveram praticamente a mesma estrutura vista em Sticker Star: cada ataque é feito por meio de uma carta, que deve ser pintada para causar mais dano aos inimigos. Após serem utilizadas, as cartas são descartadas (por mais irônico que pareça). Há um certo grau de estratégia, claro, como decidir se vale a pena pintar as cartas ou não, utilizar ataques que atingem vários inimigos… Mas a questão central se mantém: por que batalhar?


O problema é simples: em Sticker Star, batalhar rendia apenas moedas. Ou seja, o incentivo era mínimo para se engajar nos combates. Afinal, não era difícil obter moedas por outros meios. Em Color Splash, parece que houve uma tentativa bem simplificada de voltar aos elementos mais típicos de um RPG: vencer batalhas rende, além de moedas e gotas de tinta, os Hammer Scraps. São itens que se assemelham aos conhecidos pontos de experiência dos RPGs — mas aqui, uma certa quantidade coletada aumenta a capacidade de tinta do martelo.

Uma forma bem tímida, claro, de reparar um pouco nos defeitos do jogo anterior. Mas longe do ideal: ainda temos cartas especiais obtidas a partir de objetos do mundo real, como ventiladores, tesouras, desentupidores, torneiras, extintores de incêndio… E, assim como em Sticker Star, algumas dessas cartas são imprescindíveis para derrotar cada um dos chefes (papel desempenhado pelos Koopalings) — o que praticamente descarta qualquer estratégia mínima que poderia ser empregada nos combates mais importantes do jogo.

Uma luz (colorida) no fim do túnel

Apesar da quantidade de semelhanças com Sticker Star fazer o título parecer uma sequência direta do jogo de 3DS, Color Splash assumiu a difícil tarefa de tentar reacender o brilho da franquia. Uma missão quase impossível — muitos jogadores já perdiam as esperanças na série, e o título ainda foi lançado no infame Wii U (e se mantém como um dos poucos jogos da Big N ainda exclusivos no console). Ainda que a passos de formiga, tentou consertar alguns dos maiores defeitos de seu antecessor, mas manteve muitos que fizeram com que também fosse duramente criticado em seu lançamento.


As poucas inovações de Paper Mario: Color Splash pavimentaram parte do caminho para Paper Mario: Origami King, mas os fãs da franquia sabem que ainda há muito a se fazer para que a versão de papel do encanador volte aos seus dias de glória do Nintendo 64 e do GameCube. A grande retomada de esperança foi o lançamento do remake de Thousand-Year Door, que conseguiu reviver um clássico e repaginar a estética de papel, sem exagerar. Agora, as expectativas são altas para o futuro da franquia: será que Paper Mario voltará, finalmente, às suas origens?


E você, leitor? Jogou a aventura de papel do encanador no Wii U? Conte para a gente nos comentários.

Revisão: Cristiane Amarante
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Felipe Castello
Designer gráfico de formação, é fã da Nintendo desde a infância, quando ganhou um SNES usado com Super Mario World e Donkey Kong Country. Apesar do carinho especial pela série Mario, também se diverte com Pokémon, The Legend of Zelda e Animal Crossing. Costuma jogar no (pouco) tempo livre entre os estudos e o trabalho.
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