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Análise: Experimente uma infância cheia de imaginação e aventura em Attack of the Friday Monsters! A Tokyo Tale (eShop/3DS)

Com um nome como esse, Attack of the Friday Monsters! A Tokyo Tale leva qualquer um a acreditar que se trata de um jogo cheio de ação e... (por Alberto Canen em 06/08/2013, via Nintendo Blast)

Com um nome como esse, Attack of the Friday Monsters! A Tokyo Tale leva qualquer um a acreditar que se trata de um jogo cheio de ação e luta contra monstros. Mas não é bem disso que ele trata. Na verdade, a segunda parte do título nos indica exatamente o que podemos esperar: "um conto de Tóquio". De fato, o designer do game, Kaz Ayabe, estava mais preocupado em contar uma boa história do que com a jogatina em si.
Attack of the Friday Monsters! pertence à coletânea Guild 02, juntamente com The Starship Damrey e Bugs vs. Tanks, da série de jogos Guild, produzida pela Level-5 para o Nintendo 3DS. No Brasil, os jogos foram lançados apenas para o eShop, individualmente. A Guild 01, que saiu em mídia física apenas no Japão, conta com Liberation Maiden, Aero Porter, Crimson Shroud e Rental Bukiya de Omasse (ainda não lançado no Ocidente).

Enredo mostrado pela visão de uma criança

Sendo basicamente um "conto jogável", o sucesso ou fracasso do game está, naturalmente, ligado a um bom ou mau enredo. Felizmente, após alguns poucos minutos, o jogador já está envolvido com a pequena comunidade de Fuji no Hana (Flor do Mt. Fuji). Isso se deve ao visual carismático dos personagens e, também, ao cenário singelo e sossegado, mas principalmente pela forma de encarar os acontecimentos pelo ponto de vista de uma criança. Em muitos momentos, o game, brilhantemente, deixa uma dúvida na mente do jogador: os fatos realmente ocorreram como observamos, ou tudo não passa da imaginação fértil e amável do protagonista Sohta e sua turma?

O título é ambientado no Japão da década de 1970, uma época em que os tokusatsus, com seus "Kyodai Heroes" (heróis gigantes), faziam muito sucesso na televisão japonesa. Exemplo disso foi o famoso Ultraman, exibido até mesmo no Brasil. 
Esse herói lembra muito o Ultraman
Por sinal, o protagonista é um personagem muito simpático. É difícil não se identificar com o pequeno Sohta em suas aventuras na busca dos misteriosos monstros que aparecem todas as sextas-feiras. Sua vida típica de um garoto de 10 anos é algo que traz muita nostalgia, na medida que mostra as suas brincadeiras com os amigos e até mesmo o despertar de uma "paixão" — tão inocente quanto poderia ser nessa tenra idade.


Apesar de muito agradável, o jogo é realmente bem curto e linear, dá para terminá-lo em apenas 2h30. Ao menos a parte que possui algum enredo, pois, por mais que haja liberdade para ir onde quiser e falar com quem bem entender, de nada adiantará se Sohta não se dirigir ao ponto marcado no mapa e interagir com o personagem certo para continuar a história. O que é uma pena, já que várias tarefas paralelas poderiam ser encaixadas no game.

Cartas de jankenpô, a melhor forma de escravizar seus amigos

Nem só do belo enredo vive Attack of the Friday Monsters!, também é necessário travar algumas lutas. Tudo bem, "lutas" é um exagero, o que acontece são jogos de cartas entre as crianças da cidade. Quem vence adquire o direito de recitar um encantamento (customizável) bem infantil ao perdedor, que deverá se atirar ao chão e virar servo do vencedor. Afinal, é um desejo de toda criança que seus amiguinhos hajam como seus escravos e façam todas as suas vontades — ainda tenho esse desejo (!).

Ao vencer uma partida, Sohta receberá um "glim" do perdedor, espécie de objeto brilhante necessário para conseguir as cartas. Quando sete glims de um mesmo tipo são coletados, forma-se uma carta com um monstro estampado. Outra forma de consegui-los é explorando a cidade, pois eles ficam espalhados por todos os cantos — esse é o único incentivo que o jogador possui para andar pela pequena cidade, saindo da rota principal.


Sohta só enfrenta uma criança por vez durante as disputas. Os jogadores colocam cinco cartas em linha, com a face para baixo. Cada uma possui um dos três símbolos do jankenpô: pedra, papel ou tesoura. Como é de conhecimento comum, pedra vence tesoura, mas perde para papel, assim como tesoura vence o papel, mas perde para a pedra. No caso de empate, vence a carta com o maior nível (nível 11 vence uma de nível 9). Se ambas forem também de mesmo nível, então é empate. Posteriormente, cartas especiais com dupla função são adicionadas, por exemplo, "pedra especial" serve de pedra e tesoura, vencendo tanto tesoura quanto papel, mas perde para uma carta de pedra normal.

Há sempre duas dicas, que mostram se, na formação atual, você venceria, perderia ou empataria contra aquelas duas cartas. O jogo também exibe sua situação no geral: número de cartas que estão vencendo, perdendo e empatando.


Após arranjá-las na ordem que bem entender, é obrigatório fazer uma alteração, ou seja, trocar um carta de lugar com outra, mesmo que você esteja satisfeito com a disposição inicial delas. Essa regra aparentemente ditatória é, na verdade, uma boa solução para evitar que o fator sorte acabe com a partida. Caso contrário, se você saísse perdendo as cinco cartas logo de cara, bastaria o adversário não fazer qualquer movimento para vencer a disputa, pois iria mudar a sorte de apenas duas cartas, perdendo nas outra três restantes.

A dificuldade é mínima, vale dizer, mas as partidas são divertidas e não seria nada mal se o jogo tivesse um modo multiplayer local ou online para curtir com os amigos. É uma pena que a Level-5 tenha deixado essa oportunidade passar.
Apesar de curto, linear e com pouca ação, Attack of the Friday Monsters! A Tokyo Tale é um jogo extremamente carismático, carregado de um sentimento de nostalgia e pureza que guardamos da nossa infância. Encarar aventuras ao lado de amigos em uma cidade pacata, sem se preocupar com violência ou problemas reais, ainda que de forma virtual, oferece-nos momentos agradáveis, capazes de esquentar até os corações mais gelados.

Prós

  • Belo ambiente bucólico;
  • Personagens agradáveis;
  • Enredo divertido e nostálgico;
  • Batalhas interessantes através de cartas de jankenpô.

Contras

  • Muito curto: cerca de 2h30 para terminar o enredo principal;
  • Perda de tempo com frases e encantos repetitivos;
  • Linear: há liberdade para ir a qualquer local e falar com quem bem entender, mas de nada adiantará se não for ao ponto marcado no mapa;
  • Falta de multiplayer (online e local) para jogar cartas contra os amigos.
Attack of the Friday Monsters! A Tokyo Tale — Nintendo 3DS — Nota: 8.0

Revisão: Leonardo Nazareth
Capa: Leonardo Correia

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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