Crônica

#Mario30th: Super Mario Galaxy 2 (Wii)

Como Super Mario Galaxy 2 mudou meu conceito do que é um bom jogo — simplesmente por ser o melhor de todos.

Eu não me apaixonei por Super Mario Galaxy 2 à primeira vista. O certo seria dizer que foi uma “paixão à primeira jogada”. Eu já tinha visto o jogo antes, em revistas e sites de videogame, mas ele nunca me chamou a atenção. Só tive a oportunidade de jogá-lo cerca de dois anos depois de seu lançamento, quando meu irmão convenceu nossa mãe a comprar um Nintendo Wii. Quando vi o jogo em ação, com aquele visual, música e jogabilidade maravilhosas, fui fisgado na hora.

Sei que não fui o único a me apaixonar pelo game naquele momento. Meu irmão caçula, que estava comigo, também parecia enamorado com o jogo. Quando chegamos à segunda fase e pegamos o Yoshi pela primeira vez, instintivamente nos olhamos, com um sorriso bobo no rosto, e falamos ao mesmo tempo: “Olha, o Yoshi!”. Provavelmente esta foi a mesma reação que tivemos quando jogamos Super Mario World (SNES) pela primeira vez.

Completamente deslumbrado com a obra, comecei uma maratona do game, jogando até tarde da noite. Rapidamente o zerei. Em dois dias consegui vencer o último chefe. Ao final da semana, já tinha conseguido todas as estrelas. Toda minha experiência até aquele momento tinha sido maravilhosa. Eu tinha certeza que aquele era um dos melhores jogos que eu já tinha jogado em toda minha vida.

Eu estava errado.

Reencontrando meu grande amor

Após zerá-lo pela primeira vez, só fui jogar Super Mario Galaxy 2 novamente cerca de um anos depois. Eu já não estava mais morando com meus pais, vivia sozinho em um pequeno apartamento de Belo Horizonte. O Nintendo Wii havia ficado na casa de meus pais, o que fazia sentido: eu não teria tempo para jogar por causa da faculdade e o videogame havia sido um presente para meu irmão, não para mim.

Quando minhas férias chegaram, fui visitar meus pais. Além de matar a saudade da família (meu principal objetivo), aproveitei a oportunidade para matar a saudade do Wii (bônus). O primeiro jogo que botei nele, sem pensar duas vezes, foi SMG2.

Eu não tinha percebido como sentia falta daquele game. Em poucos minutos de jogo, era como se eu estivesse em transe, deslumbrado com tudo o que via na tela. Qual foi a última vez que me diverti tanto com um game? Eu sabia exatamente a resposta: na última vez que joguei Super Mario Galaxy 2, há pouco mais de um ano.

Enquanto jogava, provavelmente com o mesmo sorriso bobo de um ano atrás em meu rosto, minha mãe entrou na sala e ficou observando o game um pouco. Após alguns minutos, ela perguntou: “Que jogo é esse?”

“Este é o melhor jogo que já joguei na minha vida”, respondi automaticamente.

Minha mãe deu uma pequena risadinha e saiu da sala. Em minha mente, também soltei um pequeno riso. “O” melhor jogo? Será que eu tinha certeza disso? Eu já considerava ele “um” dos melhores games que eu tinha jogado, mas “o”? Um pequeno artigo fazia toda a diferença do mundo.

Eu já tinha jogado muitos games excelentes antes, e me apaixonado por vários deles. Todos eles entravam em minha hipotética lista de “Melhores Jogos que Já Joguei”. Mas essa lista, até o momento, não era um ranking. Não havia um jogo que ocupasse seu topo e eu considerasse melhor que todos. Amava cada um daqueles games a seu próprio modo.

Curiosamente, nenhum Mario estava neste seleto grupo pessoal até eu jogar Super Mario Galaxy 2 — que, naquele momento, ameaçava também tomar o trono de melhor experiência ludoeletrônica que já tive o prazer de jogar. Mas eu não podia ceder este posto tão facilmente.

Decidi que jogaria o game com um olhar mais crítico, como se estivesse jogando para escrever uma análise. Prestaria atenção em todos seus acertos e, principalmente, defeitos. “Provavelmente estragarei este jogo para mim para sempre e nunca mais o jogarei com tanto prazer quanto antes”, pensei.

Pela segunda vez, eu estava errado.

Obra-prima imperfeita

Obviamente, percebi muitas falhas no jogo. A câmera às vezes confusa, o hubworld simplista (um verdadeiro retrocesso se comparado a Super Mario Galaxy ou até mesmo Super Mario 64), os desafios muitas vezes repetitivos das Comet Stars, as desapontadoras batalhas contra o Bowser… Não existe obra-prima perfeita, e Super Mario Galaxy 2 provava isso muito bem.

Apesar disso, mesmo tentando ser o mais crítico possível não fui capaz de encontrar nenhuma grande falha. SMG2 executava o que se propunha a fazer de forma magistral. Sua criatividade, variedade, precisão mecânica, beleza estética, trilha sonora e level design somavam-se para criar aquela que era, indubitavelmente, a magnum opus dos jogos de plataforma.


Eu joguei, rejoguei e re-rejoguei, ficando apenas mais apaixonado pelo jogo a cada ciclo. Meu “olhar crítico” (se é que tenho um) não me fez pensar menos de Super Mario Galaxy 2, apenas apreciar ainda mais tudo o que ele fazia certo e o imensurável cuidado colocado em cada galáxia do jogo.

Não existe obra-prima perfeita, mas Super Mario Galaxy 2 me provava que era possível chegar bem perto disso.

Até hoje, meu grande amor

Joguei muitos games depois daquelas férias mágicas na casa dos meus pais, novos e antigos. Vários foram excelentes, hoje em dia integrando minha mítica lista de “Melhores Jogos que Já Joguei”. Mas, até o presente momento, quando me perguntam sobre Super Mario Galaxy 2, ainda falo a mesma coisa que disse à minha mãe anos atrás: este é o melhor jogo que já joguei na minha vida.

Eu gosto de pensar que a indústria dos games está em constante evolução, então espero que algum outro game conquiste este posto no futuro. Provavelmente, quando este dia chegar, falarei: “Este jogo é melhor do que Super Mario Galaxy 2.”

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Revisão: Vitor Tibério
Capa: Diego Miguéis

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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